Top 10 de cientistas tem brasileiro que achou a ômicron

O cientista brasileiro Túlio de Oliveira, especialista em bioinformática, diretor do centro de pesquisas KRISP, da África do Sul Foto: Universidade de Washington/cortesia

A revista científica britânica Nature, a mais influente do mundo ao lado da americana Science, divulgou hoje sua lista anual com os dez cientistas mais influentes de 2021. Entre os nomes escolhidos pelo corpo editorial da revista está o brasileiro Túlio de Oliveira, que atua na África do Sul e teve papel crucial na identificação da variante Ômicron do coronavírus.

Dos dez nomes incluídos na relação este ano, quatro foram escolhidos por sua atuação no combate à Covid-19. Além de Oliveira, foram listados a engenheira ugandesa Winnie Byanyima, que liderou uma campanha para democratização, a americana Janet Woodcock, chefe da FDA, agência de regulação de fármacos nos EUA, e a epidemiologista britânica Meaghan Kall, que ajudou a traduzir a ciência da Covid-19 para o público geral.

Os outros escolhidos foram a climatologista alemã Friederike Otto, o engenheiro espacial chinês Zhang Rongqiao e a enfermeira filipina e ativista de direitos indígenas Victoria Tauli-Corpuz. A lista ainda incluiu três cientistas da computação atuando em diferentes áreas: Guillaume Cabanac (França), Timnit Gebru (Etiópia/EUA) e John Jumper (EUA).

Túlio de Oliveira, biotecnólogo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é diretor da Plataforma de Pesquisa e Inovação em Sequenciamento (Krisp), de KwaZulu-Natal. A instituição já tinha tido papel importante na detecção de outra variante importante do Sars-CoV-2, quando isolou e descreveu em novembro último as primeiras amostras da Ômicron, que já estava se espalhando pela África e pela Ásia.

Segundo a revista, Oliveira foi escolhido não apenas pelo trabalho técnico, mas pela postura ética de articular um anúncio rápido e uma divulgação ampla da descoberta, que permitiram o restante do planeta se preparar para o espalhamento da Ômicron. A decisão, porém, acabou penalizando a África do Sul, que começou a sofre isolamento por parte de outros países ainda que não se tenha provas de que a Ômicron começou a circular ali.

"A maneira de trabalhar do Krisp combina tecnologia molecular de ponta com ligações próximas com médicos e enfermeiros na linha de frente para informar políticas públicas em tempo real", destaca a Nature. Foi a análise genética detalhada que permitiu a Oliveira ver que a variante Ômicron tinha uma vasta gama de mutações que poderiam permitir sua rápida disseminação."

Oliveira disse em entrevista à Nature que a decisão de adotar um grau elevado de transparência faz parte das medidas de precaução a serem tomadas.

"Para deter uma pandemia é preciso agir rápido. Esperar e observar não tem sido uma opção muito boa", afirmou à revista.
Fonte: O Globo


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