O que fazer em caso de picadas de cobra, aranha, abelha e escorpião


Após períodos de chuvas, aumentam os riscos de acidentes com animais peçonhentos como cobras, escorpiões e aranhas, pois eles tendem a se deslocar para procurar abrigo em locais secos.

No Espírito Santo, casos de picadas são mais comuns no interior, mas também acontecem na Grande Vitória devido à área verde que cobre a região. No último domingo (9), um homem morreu após ser picado por uma cobra em Domingos Martins. Segundo o biólogo e pesquisador Joelson Simões, os animais peçonhentos mais comuns de serem encontrados no Estado são escorpiões, abelhas, cobras e aranhas.

Simões enfatiza que crianças muito pequenas e pessoas com alguma debilidade, doença crônica ou idosas são mais propensas a desenvolver um quadro mais grave quando sofrem picada de animais peçonhentos. Por isso, é importante procurar o serviço de saúde o mais rápido possível.

O Brasil é referência mundial no tema: o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece de maneira rápida e gratuita tratamento para pacientes que entraram em contato com o veneno desses animais. Portanto, em caso de picadas, a recomendação é procurar o serviço público de saúde mais próximo.

Professor do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Wagner Kirmse foi picado por uma aranha armadeira no município de Santa Teresa, durante uma tarde chuvosa. 

"Resolvi sair de casa para tirar algumas coisas do gramado, que iam estragar com a chuva. Fui despreparado, do jeito que estava. Sendo que nunca saio sem colocar um calçado fechado. Minha casa fica do lado da mata", disse.

"Eu senti a picada, olhei para baixo e vi a aranha armada; e logo em seguida uma dor lacerante. Meu dedo e parte do meu pé inchou e tive 6 horas de dor intensa."

Wagner contou que tirou foto do animal para identificação e se dirigiu imediatamente para o pronto-socorro, onde foi atendido, medicado com anestésico e ficou em observação durante uma hora.

"Fui atendido rapidamente, passei a foto da aranha para o médico que me atendeu e ele entrou em contato com órgão responsável em identificá-lo, e me colocaram na sala de observação. "

Veja abaixo o que fazer em caso de picadas de cobra, aranha, abelha ou escorpião.

O QUE SÃO ANIMAIS PEÇONHENTOS?

São aqueles que produzem veneno e têm condições naturais para injetá-lo em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, cerdas urticantes, entre outros.

COMO PREVENIR ACIDENTES:
  • usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
  • não acumular entulhos e materiais de construção;
  • limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
  • vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
  • utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;
  • manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros;
  • evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada;
  • limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.

COBRAS

As serpentes peçonhentas mais comuns encontradas em nosso Estado são Jararaca, Coral, Cascavel e Surucucu.

O que fazer em casos de picada de cobras?

O mais importante depois de uma picada de cobra é manter o membro que foi picado o mais parado possível, porque quanto mais se movimentar mais o veneno poderá se espalhar pelo corpo e chegar em órgãos vitais.

É indispensável entrar em contato com uma equipe de emergência para receber atendimento médico e, caso necessário, a aplicação de soro contra o veneno.

Qual é o tratamento?

O tratamento é feito com soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.

ESCORPIÕES

A principal ocorrência de acidentes envolvendo escorpiões em território capixaba é do escorpião marrom.

O que fazer em caso de picada de escorpião?

Dependendo do escorpião, a picada pode matar. Por isso, é importante agir rapidamente após a ocorrência. O primeiro passo é lavar o local da picada com água e sabão neutro, não espremer nem aplicar produtos na região.

Em seguida, é fundamental entrar em contato com uma equipe de emergência para receber atendimento médico e, caso necessário, aplicação de soro contra o veneno do escorpião.

Qual é o tratamento?

A grande maioria dos acidentes é leve e causa uma infecção local com início rápido e duração limitada. É importante passar por avaliação médica para receber o tratamento adequado.

Os adultos apresentam dor imediata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção (pelos em pé) e suor localizado, cujo tratamento é sintomático e consiste no alivio da dor com aplicação de anestésico.

Em crianças pequenas, o maior risco é de alterações sistêmicas que podem levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo adequado. A soroterapia consiste na administração do soro Antiescorpiônico (SAEsc) ou do Soro Antiaracnídico (SAA), quando não é possível diferenciar sintomas ou identificar o animal causador do acidente.

ARANHAS

As aranhas peçonhentas mais comuns encontradas no Espírito Santo são as aranhas armadeira e marrom.

O que fazer em caso de picada de aranha?

Em caso de picada de aranha, a recomendação é lavar o local imediatamente com água e sabão, usar uma compressa morna para aliviar a dor, manter o local da picada elevado, procurar um serviço médico e, se possível, levar a aranha junto ou tirar uma foto dela para facilitar o processo de identificação.

Qual é o tratamento?

Aranha marrom: o tratamento deve ser feito no hospital com a injeção do soro para o veneno da aranha marrom. Além disso, a casquinha provocada pela picada da aranha deve ser removida através de uma cirurgia para facilitar a cicatrização, e os tratamentos no local da picada devem ser feitos no hospital.

Aranha armadeira: o tratamento deve ser feito no hospital com a injeção de anestésicos no local da picada para ajudar a reduzir a dor - que acaba por desaparecer até 3 horas após o acidente. Somente nos casos de sintomas mais graves, como diminuição dos batimentos cardíacos ou falta de ar, é necessário fazer o tratamento com soro para o veneno desta aranha.

ABELHAS

Uma picada de abelha provavelmente não mata uma pessoa saudável, a não ser que essa pessoa seja extremamente alérgica ao veneno — e nesse casos ela deve ser levada o quanto antes para o hospital.

Os sintomas de uma reação alérgica generalizada são: formigamento, mal-estar, coceira generalizada, inchaço nos lábios ou na língua, dificuldade de respirar e perda de consciência.

Não havendo sinal de uma reação alérgica generalizada, é aconselhável seguir três passos ao ser picado por uma abelha:
  • retirar o ferrão de uma forma suave usando um objeto com superfície com borda rompa, como uma faca de pão ou cartão de crédito;
  • aplicar uma compressa fria para aliviar a dor
  • aplicar um anti-histamínico oral em creme no local para aliviar a coceira e inchaço
Dependendo do local da picada, é aconselhável elevá-lo, para ajudar na redução do inchaço.

Mas o risco é maior quando o ataque é feito por um enxame. Existem mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo. Elas atacam quando acham que suas colmeias estão ameaçadas. Durante esse ataque, a abelha perde o ferrão e morre.

Como prevenir acidentes com abelhas?

Não mexa com colmeias, mesmo que elas apareçam dentro de casa. Chame os bombeiros ou a defesa civil. Barulho, perfume forte, desodorantes, suor e cores escuras deixam as abelhas irritadas.

Qual é o tratamento?

A pessoa que for atacada por um enxame de abelhas deve ser levada imediatamente para o hospital, se possível com uma das abelhas responsáveis pelo ataque, para identificação do melhor tratamento. Não se deve retirar os ferrões porque isso libera ainda mais veneno. No hospital, os ferrões serão removidos por raspagem.

NÚMEROS DE ACIDENTES

De acordo com a plataforma DATASUS, do Ministério da Saúde, foram 238,433 acidentes envolvendo animais peçonhentos no Brasil no ano de 2020. Em 2019, antes da pandemia, esse número foi ainda maior, 279.198. Em nosso Estado os números podem ser visto na tabela abaixo:

Acidentes com animais peçonhentos no ES. Crédito: Secretaria de Estado da Saúde /Divulgação
 
No Brasil, os profissionais de saúde têm de notificar o Ministério de Saúde assim que atenderem vítimas de animais peçonhentos. A obrigatoriedade visa identificar áreas mais propensas a ataques e traçar estratégias para que eles não ocorram.

Fonte: A Gazeta


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