Câncer uterino: ES estima 240 novos casos entre capixabas somente este ano


O câncer de colo de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente entre mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama e o colorretal. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que ele é a quarta causa de morte da população feminina por câncer no Brasil.

Ele é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV). chamados de tipos oncogênicos.

Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), no Espírito Santo, estima-se o registro de 240 novos casos da doença somente este ano entre as capixabas. A faixa etária mais afetada é de 40 a 44 anos, seguida de 35 a 39 anos de idade. Em 2021, foram registradas 187 mortes por neoplasias malignas do útero no Estado.

Segundo especialistas, apesar de ser um câncer frequente, quando as lesões iniciais são rapidamente detectadas, por meio do teste de Papanicolau (exame preventivo), e tratadas, o surgimento da doença pode ser evitado.

Conheça os sintomas do câncer uterino e os fatores de risco

O câncer de colo de útero é uma doença que se desenvolve lentamente. De acordo com o Inca, pode cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento e secreção vaginal anormal. Dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais também são relatadas nos casos mais avançados.

Entre os fatores que aumentam o risco da doença estão: início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.

Saiba como prevenir a doença

A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV). Como a transmissão da infecção acontece por via sexual, o uso de preservativos durante a relação com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV.

A imunização contra o HPV é um aliado fundamental quando o assunto é prevenção. Em 2014, o Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, a vacina tetravalente contra o vírus para meninas de 9 a 13 anos. Em 2017, o MS estendeu a vacina até 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. A realização do exame preventivo (Papanicolau) vem complementar as ações de prevenção desse tipo de câncer.

De acordo com a Sesa, em 2021, 118.789 meninas de 9 a 14 anos foram vacinadas com a 1ª dose (66,14%) e 90.989 com a 2ª dose (50,66%). A população estimada desse grupo prioritário é de 179.612.

Entre os meninos, de 9 a 14 anos, 68.854 receberam a 1ª dose (54,58%) e 45.848 a 2ª dose (36,34%). A população estimada é de 161.570 meninos nessa faixa etária.

Guia Prático orienta profissionais da saúde sobre a doença

Para marcar o Dia Mundial de Prevenção do Câncer do Colo do Útero, comemorado no próximo dia 26, a Fundação do Câncer lançou no último dia (24) o Guia Prático. A publicação reúne orientações sobre a doença para capacitação de médicos e profissionais que trabalham na Atenção Básica de Saúde - enfermeiros, técnicos e agentes comunitários.

O Guia Prático Prevenção do Câncer de Colo do Útero - Orientações para Profissionais de Saúde tem o objetivo de aumentar a adesão às recomendações para a vacinação contra o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) e o rastreamento da doença. Acesse aqui o guia em formato digital.

A iniciativa faz parte do estudo Conhecimento e Práticas da População sobre Prevenção do Câncer de Colo do Útero, que teve a primeira parte divulgada em fevereiro deste ano. Nesta segunda etapa do levantamento foram considerados relatos de 2.727 profissionais de saúde, informou a médica Flávia Miranda Corrêa, doutora em saúde coletiva, pesquisadora da Fundação do Câncer e responsável pela pesquisa.

“Nós damos as orientações sobre o público-alvo da vacinação, quantas doses são necessárias e os intervalos entre elas; damos informações gerais sobre efetividade e segurança do imunizante, dúvidas que encontramos no levantamento. Há algumas orientações práticas para checar se, quando as crianças e adolescentes vão a consultas por outro motivo, elas estão vacinadas contra o HPV. Se não estiverem, os profissionais recomendem a imunização, para ajudar a aumentar a cobertura vacinal, que é pequena”, disse Flávia.

Mortalidade no Brasil

Esse tipo de câncer atinge cerca de 16.710 mulheres por ano no Brasil e gera, pelo menos, 6.500 mortes. O cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, disse que a ideia da entidade é informar à população que a doença tem cura e é possível prevenir a partir de uma vacina disponível no sistema público de saúde. Por isso, o tema foi definido como útero e uma redução da mortalidade”, afirmou Maltoni.

A fundação quer também, com o guia, reforçar o papel dos profissionais de saúde que trabalham no recrutamento e na mobilização da sociedade para a imunização contra o HPV de crianças e adolescentes.

“Por isso, temos trabalhado e vamos trabalhar este ano até atingir os objetivos de redução do número de casos novos, da mortalidade desse tipo de câncer. É fundamental o papel da informação correta para esclarecer a população sobre o controle da doença”, disse ele.

Maltoni acredita que será possível contribuir para o Brasil diminuir as diferenças regionais em termos de mortalidade por câncer de colo do útero. Dados do Instituto Nacional do câncer (Inca) revelam que, em 2019, a taxa padronizada de mortalidade pela população mundial na Região Norte foi de 12,58 mortes por 100 mil mulheres, representando a primeira causa de óbito por câncer feminino nessa região.

No Nordeste, a taxa de mortalidade de 6,66/100 mil foi a segunda causa e na Região Centro-Oeste, com taxa de 6,32/100 mil, a terceira causa. As regiões Sul e Sudeste tiveram as menores taxas (4,99/100 mil e 3,71/100 mil, respectivamente) representando quinta e sexta posições, respectivamente, entre os óbitos por câncer em mulheres.

Fonte: Agência Brasil


Postagem Anterior Próxima Postagem