Os reais motivos que fizeram a Globo não renovar o contrato com Galvão Bueno


Depois de 41 anos, ele vai parar de narrar futebol após a Copa do Catar, como o blog informou em 2018. Os motivos: perda de potência da voz; preservação da imagem de Galvão, 71 anos; e extinção de salários altíssimos

A Copa do Catar será sua última de Galvão na emissora. A decisão de não renovar mais uma vez seu contrato fixo partiu da Globo, por vários motivos.

O primeiro deles está na preservação da história de 41 anos do polêmico narrador, voz oficial do esporte na emissora desde 1981. Para o novo comando não há cabimento expor Galvão, que perdeu potência na voz. Algo humano para quem tem 71 anos.

Vivido, esperto, inteligente, Galvão sabe que não tem mais fôlego e que sua voz sofre enorme distorção nos momentos fundamentais de uma partida de futebol. Como na hora dos gols. O que ele está fazendo desde a Copa de 2014, quando os primeiros sinais de desgaste já apareciam?

Passou a comentar mais do que narrar. A conversa com comentaristas, repórteres e ex-árbitros traz mais informações sobre o jogo. Mas a partida não é narrada de forma integral. Galvão passou a se poupar para os principais lances.

Galvão Bueno tenta se livrar de edema nas cordas vocais - REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Galvão Bueno foi brilhante. Ele já tinha 63 anos quando passou a se poupar. Esticou sua permanência como o principal narrador da emissora carioca por mais oito anos. Não há como negar que se manteve como o principal, o melhor narrador do país por esses 41 anos. Para os novos comandantes da Globo não há motivo para manchar essa história permitindo que ele perca de vez a voz no ar.

2019 foi um ano marcante, que encaminhou a despedida de Galvão. Em novembro daquele ano, ele teve sérias dificuldades em narrar Grêmio e Flamengo, na semifinal da Libertadores, precisando até pedir desculpa aos telespectadores. Posou para as redes sociais com o aparelho de laser que acabaria com o edema em suas cordas vocais.

Só que em dezembro, no mês seguinte, ele teve um infarto, no Peru, para onde havia viajado para narrar a final da Libertadores, entre Flamengo e River Plate. Precisou se submeter a um cateterismo, às pressas, para desobstrução das artérias do coração.

A Globo descobriu que ele não era eterno.

E a chefia de esporte "acordou" para o fato que não havia escolhido um substituto para o seu principal narrador. Primeiro tentou investir em Gustavo Villani. Ele foi contratado da Fox Sports com a bênção de Galvão Bueno.

Além de Galvão narrar, a Globo tentou popularizar sua imagem dando a ele a apresentação do programa "Segue o Jogo", após as rodadas do Brasileiro, em 2019. Não deu certo. Tanto que ele acabou substituído pelo apresentador Lucas Gutierrez.

E a cúpula voltou para a "ordem natural das coisas". Investir em Luiz Roberto, que, apesar de paulista, como Cleber Machado, já se tornou uma voz aceita entre os cariocas e os demais estados brasileiros, de acordo com pesquisas da emissora.

Para completar o quadro, há a enorme crise financeira que a Globo enfrenta. E a obrigou à mais intensa reformulação de sua história.

Dispensou inúmeros jornalistas importantes e "mais velhos". Assim como acabou com contratos fixos de atores históricos, que passaram a receber por obra realizada.

O salário de Galvão Bueno sempre foi tratado como um segredo de Estado. Há quem garanta que ele chegava a receber R$ 5 milhões mensais. Mas a hipótese mais difundida é que ele recebeu R$ 1 milhão até o fim de 2018.

A partir de 2019, quando foi cortada parte substancial das verbas federais, a emissora partiu para os cortes. E Galvão teria passado a ganhar R$ 500 mil, a metade. Só que com a liberdade inédita de começar a fazer publicidade.

Em 2019, sua voz estava nos voos da Gol. Depois, foi criado o quadro "Na Estrada com Galvão", em que ele mostrava lugares com veículos da Volkswagen.

Para compensar a perda salarial, Galvão foi liberado para fazer propagandas / REPRODUÇÃO/SANTANDER

Depois, encampou uma campanha da Serasa, e não parou mais. Postos Petrobras, WhatsApp, Santander, EQI Investimentos, Havaianas e TikTok.

Daí, voltou-se para a fonte de renda imensa que pode ser a internet, para uma "celebridade" como ele se tornou.

Na Olimpíada de 2021, as suas narrações foram filmadas. Não por acaso. Mas para atingir o público da internet. Criar a possibilidade de memes, humanizar Galvão. E lógico que deu resultado. Ele chegou a ir para os estúdios da Globo de chinelos Havaianas, na abertura da Olimpíada.

Ou seja, Galvão Bueno vai parar de narrar na Globo, mas segue com inúmeras fontes de renda.

O fato de ele parar de transmitir os jogos não significa, necessariamente, que não terá mais relação alguma com a emissora carioca.

Há a possibilidade de que ele se torne um apresentador especial de eventos, comente jogos. E siga no comando, por exemplo, do "Bem, Amigos". Aliás, é algo que ele deseja, mas não está certo.

Galvão e Neymar estão rompidos desde 2016. Intermediários tentam reaproximá-los / REPRODUÇÃO/TWITTER

Fonte: R7 Esportes




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