Fisiculturista fingia até sotaque para se passar por médico estrangeiro e vender anabolizantes ilegais

Homem é preso suspeito de fingir ser médico estrangeiro para vender remédios ilegais no Brasil — Foto: Reprodução / redes sociais

Espanhol, médico endocrinologista, fisioterapeuta e educador físico. Essa era a apresentação de um homem, de 46 anos, preso em Belo Horizonte por suspeita de tráfico de medicamentos e anabolizantes não autorizados no Brasil.

O fisiculturista Valério Marques foi detido em flagrante nesta quarta-feira (11) no bairro Araguaia, na Região do Barreiro, onde morava e tinha uma academia irregular.

Apesar de todas as credencias enumeradas em seu perfil nas redes sociais, o fisiculturista, segundo as investigações, não tinha qualquer formação na área da saúde. E nasceu bem longe da Europa:

"Ele é nascido em Minas e nem sequer tem curso superior", disse o delegado Rafael Alexandre de Faria.

Áudios divulgados pela polícia mostram as estratégias usadas para enganar as vítimas. Além de dizer que trabalhava em hospital, o suspeito falava em "portunhol".

"Ele usava sempre esse sotaque, inclusive no atendimento às pessoas. Ele marcava horário, falava o horário que estava disponível para fazer o atendimento, marcava preço. Inclusive para enganar as pessoas, ele falava que ele atendia mais caro, que custaria R$ 800, que ele teria que fornecer a receita para pessoa comprar o medicamento e que, se ele atendesse na academia dele, seria R$ 200 porque não precisaria de pagar o hospital em tese, quando a gente sabe que ele não atendia em nenhum hospital. Ele não era médico", descreve o delegado.

As investigações começaram no início do ano e, depois de conseguir autorização da Justiça, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e na academia do suspeito. Nos locais, foram encontrados quase R$ 20 mil, cadernos com anotações, computadores, celulares, além de anabolizantes, esteroides e medicamentos. De acordo com o delegado, vários produtos tinham origem em países como Paraguai e Suíça (veja no vídeo abaixo).

Consumo próprio e sotaque de amigos

Ainda de acordo com Faria, o fisiculturista alegou que os medicamentos eram comprados pela internet e para consumo próprio. Em depoimento, o suspeito negou ter formação na área da saúde e disse que adquiriu o sotaque por causa da convivência com amigos.

"Falou que realmente não é formado em nada disso, que não tem habilitação profissional, que é apenas fisiculturista. E disse que, no curso de fisiculturismo que ele fez, havia disciplinas de nutrição, endocrinologia e que, nessas disciplinas aprendeu e, por isso, acaba se autointitulando conhecedor dessas disciplinas", afirmou o delegado.

Faria ainda afirma que as investigações prosseguem para investigar a eventual prática de outros crimes, como exercício ilegal da medicina e estelionato. A polícia também vai apurar se há envolvimento da mulher do fisiculturista no caso.

Vítimas devem procurar a polícia

O número de vitimas ainda é contabilizado pela polícia.

"A vítima do crime que nós investigamos é a saúde pública, que é a introdução ilegal de medicamentos, que revelam risco pela simples existência desse medicamento em território brasileiro. Então, a primeira vítima é a saúde pública, que é a mais afetada. E à outras vítimas que foram enganadas, sugerimos que procurem a Polícia Civil", disse o delegado.

A reportagem tentou contato com Valério, mas as ligações caíram na caixa postal.

A empresa Landerlan, citada em um dos áudios, disse que desconhece o suspeito.

Fonte: g1


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