Ascensão e queda | 'Meca do luxo', corrupção e dívida de R$ 1 bi: Como ruiu a marca Daslu


Dona da daslu — Foto: globonews

A Daslu, marca tida como a “meca do luxo” em São Paulo no início dos anos 2000 e vendida nesta terça-feira (07) por R$ 10 milhões, surgiu, na verdade, em 1958. Foi fundada por Lucia de Albuquerque e sua sócia, Lourdes Aranha. Anos depois, passou a ser comandada por Eliana Tranchesi, filha de Lúcia.

Conhecida pela venda de produtos importados de marcas como Chanel, Gucci e Prada, a Daslu começou como uma loja multimarcas na Vila Nova Conceição, Zona Sul de São Paulo. Chegou a ocupar um imóvel de mais de 60 mil metros quadrados e se tornou um dos principais símbolos do mercado de luxo na capital paulista.

Mas a butique deixou de ser referência apenas no mundo da moda e passou a aparecer no noticiário policial. Em 2005, a Operação Narciso, da Polícia Federal, apontou que a empresa havia cometido os crimes de descaminho, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Somando impostos, multas e juros, a Justiça diz que a Daslu deve aos cofres públicos R$ 1 bilhão. Os representantes da empresa contestam esse valor. Em março de 2009, Eliana Tranchesi foi condenada a 94 anos e meio de prisão.

Relembre, a seguir, as principais polêmicas da Daslu:

Formação de quadrilha

Loja da Daslu logo após a inauguração em 2005, famosa por seu estilo neoclássico — Foto: Arquivo: 30-05-2005/ Sérgio Castro/Estadão Conteúdo/

Os investigadores apontaram que Eliana Tranchesi, proprietária da Daslu, havia cometido os crimes de formação de quadrilha, descaminho e falsidade ideológica. A suspeita foi confirmada com a condenação a 94 anos e meio de prisão. O processo, no entanto, foi extinto após a morte da socialite por câncer no pulmão, em 2012.

Outras pessoas foram condenadas além de Eliana, entre elas o seu irmão Antonio Carlos Piva Albuquerque. Ele também recebeu uma pena de 94,5 anos.

Oração em presídio

Eliana Tranchesi ficou presa por menos de 24 horas. Ela foi levada para a penitenciária no dia 26 de março de 2009 e foi solta após um habeas corpus, no dia seguinte. Antes de deixar o presídio feminino em São Paulo, ela almoçou arroz, feijão e frango e rezou com as presas.

Durante sua passagem, a milionária esteve em uma cela, de 9 m², com cama, chuveiro elétrico, vaso sanitário, pia e uma prateleira. Eliana vestiu o uniforme obrigatório: camiseta branca e calça amarela.

Notas fiscais falsas

O esquema criminoso realizado pela Daslu foi detalhado pelos investigadores. Os produtos importados chegavam ao Brasil e tinham as notas fiscais verdadeiras substituídas por outras falsas, com valores muito menores.

Em seguida, os impostos eram pagos sobre o preço adulterado, bem abaixo do original. A Daslu, então, comprava as peças por um valor muito baixo.

Prejuízo de R$ 1 bilhão

A juíza federal Maria Isabel do Prado foi a responsável pela sentença e decidiu condenar três pessoas: Eliana Maria Piva de Albuquerque Tranchesi, dona da Daslu; Antonio Carlos Piva Albuquerque, irmão de Eliana e seu sócio na butique; e Celso de Lima, ex-contador da Daslu e dono da importadora Multimport.

Na época, a juíza escreveu que “os acusados praticaram crimes de forma habitual, como verdadeiro modo de vida, ou seja, são literalmente profissionais do crime”.

Somando impostos, multas e juros, a Justiça diz que a Daslu deve aos cofres públicos R$ 1 bilhão.

Irmão preso

Antonio Carlos Piva Albuquerque, irmão de Eliana Tranchesi, foi condenado e preso pela Polícia Militar aos 68 anos. A sentença é de 7 anos e 8 meses de prisão, em regime fechado, por crimes contra a ordem tributária.

Antonio Carlos era procurado e foi condenado pela 3ª Vara Criminal central de São Paulo em 17 de julho de 2013. A acusação era de sonegação de impostos.

Fonte G1


Postagem Anterior Próxima Postagem