'Pixbaby': advogada usa Pix para chegar a suposto pai de bebê, e exame de DNA confirma

Teste de DNA (imagem meramente ilustrativa) Foto: Freepik

A advogada cível e trabalhista Mylla Christie tinha uma missão bem complicada, em setembro do ano passado, na Bahia: uma mulher havia engravidado, mas, com a notícia, aos dois meses de gestação, o parceiro a tinha bloqueado no WhatsApp, o único meio pelo qual mantinha contato. Dele, a sua cliente, de 34 anos, só tinha o primeiro nome, que se revelou falso.

A cliente, cuja identidade é mantida em sigilo, e o homem só se encontraram algumas vezes, mas só fizeram sexo em uma oportunidade.

"Só que a camisinha estourou", contou Mylla ao PAGE NOT FOUND.

Eles combinaram um reencontro, que nunca aconteceu. A mulher pediu que outras pessoas entrassem em contato com o ex-parceiro, que fazia um trabalho temporário na cidade dela, na construção de uma rodovia, mas todas eram bloqueadas por ele.

Sem identificação, Mylla não tinha como pedir na Justiça um teste de paternidade. Mas a advogada não desistiu e investigou. Com o número do celular, conseguiu achar o Pix do homem e, nos dados da transação, o nome completo e CPF dele. Bingo!

Meses depois, a comprovação. Nesta semana, Mylla, de 30 anos, postou no Twitter o resultado do exame de DNA do "pixbaby", como ficou conhecido o bebê. O homem identificado por ela é mesmo o pai da criança.

"Lembram do rolê da cliente q ficou com o cabra 1x, qdo contou q tava grávida ele bloqueou ela, e aí ela descobriu q o nome q ele deu era falso e só foi localizado por mim pela chave pix (celular)? pois o dna do pixbaby saiu hoje e ele é o pixpai", escreveu a advogada na rede.

"Até onde sei, é um caso inédito na Justiça", disse Mylla ao PAGE NOT FOUND. "Principalmente pelas peculiaridades do caso, em que o agora confirmado pai da criança deu um nome falso. E ela não tinha como indicar o nome para eu entrar com ação de de pensão alimentícia. Ela pedia para amigas entrarem em contato e, ao ser chamado pelo nome que tinha dado à cliente, ele bloqueava, inclusive aconteceu comigo. Passaram alguns meses, com esse caso sem nenhuma solução aparente", completou ela.

Advogada Mylla Christie Foto: Arquivo pessoal

A advogada explicou como surgiu a solução para o caso:

"Até que um dia eu fui comprar um milho em um ambulante aqui na minha rua, e, na hora de pagar, ele falou que não passava mais cartão e que só aceitava pix, e passou a chave de celular. Uma semana depois de comprar o milho, me deu um estalo de tentar fazer uma transferência para o número do telefone do suposto (na época) pai. Simulei e apareceu um nome. Pesquisei no Instagram e no Facebook, printei e mandei pra cliente, que confirmou que era ele. Aí o nome eu pesquisei, e gerou um link do jusbrasil, dos proclamas do casamento dele, com os dados pessoais dele. Passei as informações pra ela, que mandou SMS para ele, já que era o único meio de contato que ela tinha dele. Ela chamou ele pelo nome real dele, informou que sabia dos demais dados, que ele era casado, que ela só queria resolver tudo, e aí ele desbloqueou ela, e combinaram de fazer o DNA quando a criança nascesse."

Mylla finalizou ao blog:

"Ela registrou a criança apenas com o nome dela, agora vão retificar o registro do "pixbaby" e ele vai pagar a pensão. E se ele não tivesse cadastrado o celular para receber pagamentos, essa criança provavelmente nunca teria o nome do pai no registro."

A advogada parece ter herdado o senso investigativo da famosa a que o seu nome faz referência.

"Minha mãe é professora, e gostava de Agatha Christie, mas anos antes nasceu uma parente e deram o nome de Agatha. Aí meu pai queria Mila, por causa de uma margarina famosa nos anos 90. Aí juntou o Mila e o Christie, e a grafia usada foi a da atriz, sucesso na época. Talvez eu tenha herdado o talento para investigação da 'parente' escritora de suspense", explicou ela.

Adotado a partir de novembro de 2020, o Pix, sistema de pagamento instantâneo administrado pelo Banco Central, acabou ampliando o seu uso, para paqueras e até golpes. Agora, para resolver paternidade de bebê.

Fonte: Extra


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