Jean Wyllys faz primeira exposição individual de desenhos e pinturas


Embora o espaço seja quase todo ocupado pelos trabalhos de Jean Wyllys, uma parte está reservada aos desenhos dos alunos da oficina que ele ministrou.



O jornalista, escritor e ex-deputado federal, Jean Wyllys (PT), vai mostrar mais uma faceta. Ele irá protagonizar sua primeira exposição individual de desenhos e pinturas. A mostra está sendo realizada nesta sexta-feira (8), na prestigiada Fábrica de Artes Roca Umbert, em Granollers, cidade da região metropolitana de Barcelona, na Espanha.

Intitulada “Voltar a ver, voltar a ler”, a exposição reúne apenas os trabalhos em que Wyllys usa como suporte matérias de jornais descartados.

“Estes trabalhos não foram originalmente pensados para serem expostos em galeria ou algo assim. Quando os fiz e quando os faço sempre penso na exposição virtual, ou seja, em espaço digital. Porém, eu fui convidado para fazer uma oficina para alunos do ensino médio da cidade sobre meu trabalho mais amplo - o jornalismo, o ativismo político, a literatura e as artes visuais - e me concentrei nos desenhos e pinturas sobre jornais descartados, porque eles são uma espécie de metonímia deste trabalho”, explica o autor.

Wyllys prefere não ser chamado de artista, mas, sim, de intelectual público. “As artes visuais, em meu caso, são apenas mais um meio para seguir intervindo politicamente no mundo de outra forma, com cores, formas e texturas. Logo, de uma forma que interpele mais emoção sem deixar de estimular a razão”, acrescenta.

O convite para a realização da oficina na Roca Umbert partiu da filósofa e socioeducadora Angélica Sátiro, consultora do espaço. Ela conta que a obra de Wyllys oferece multiplicidade de leituras de mundo e diferenciadas formas de senti-lo, pensá-lo e expressá-lo.

“Este intelectual público mostra como as liberdades individuais e civis são normalizadas em narrativas que constroem realidades injustas. E o faz a partir da sua condição de exiliado, que cada dia compõe parte de seu diário visual de estrangeiro, que foi obrigado a abandonar seu país de nascimento. O uso dos jornais impressos revela sua capacidade de atravessar as circunstâncias vulneráveis, de resistir politicamente e de fluir criativamente. Haverá melhor influência para educar um público jovem na potência da arte?”, elogia a consultora.

Ela afirma que o trabalho de Wyllys também ajuda a alcançar outros objetivos. “Fazer com que os funcionários do espaço, os que estão nas funções mais técnicas e burocráticas, usufruam daquilo que os artistas residentes ou que passam pela casa fazem. Sensibilizar um público que não tem por hábito ir a exposições é uma das metas de nosso projeto de cidadania criativa. E, por fim e mais importante, ser democratizado e construído em coletivo”, relata Angélica.

Por isso, embora o espaço da exposição seja quase todo ocupado pelos trabalhos de Wyllys, selecionados pela própria Angélica, há uma parte reservada aos desenhos de seus alunos do Instituto Celetí Bellera, nascidos da oficina que ele ministrou.

“Para mim, é uma honra. Os desenhos e pinturas dos alunos selecionados para a extensão da exposição são a prova de que eu consegui me comunicar com eles, deixar claro o que intelectual, estética e politicamente move o meu trabalho e levá-los a dialogar com essa linguagem”, diz Wyllys.

A Fábrica de Artes Roca Umbert é um dos mais importantes equipamentos de cultura da Catalunha, construído sobre as ruínas de uma antiga fábrica de tecido. Ele abriga inúmeras manifestações artísticas, como artes plásticas, música, teatro, literatura, dança, cinema e folclore catalão.

Paralelamente, reúne uma incubadora de indústrias criativas, uma biblioteca pública, uma universidade e espaço para grandes shows.

Fonte: Revista Fórum


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