Médico do ES abraça paciente em surto e vídeo viraliza nas redes sociais

Lauro Marques acalmou paciente em surto com um abraço em hospital de Pinheiros

Uma paciente com distúrbios psiquiátricos, que estava em surto, foi acalmada com um abraço por um médico do Hospital de Pinheiros, no Norte do Estado. O gesto de carinho e zelo protagonizado por Lauro Marques, que atua na unidade desde 2012, aconteceu no dia 24 de junho, mas veio à tona durante essa semana, depois de imagens da cena viralizarem nas redes sociais.

Lauro contou que trabalha como plantonista e não tem especialidade em psiquiatria. Ele estava indo fazer um exame de ultrassom em uma gestante quando ouviu o barulho das batidas na porta, que é a recepção da parte dos fundos do hospital - que, por ser feriado no dia, estava fechada.

"Ela tem distúrbios psiquiátricos e já é uma paciente conhecida minha. Parece que ela tentou ser atendida, mas não sabia que teria que se deslocar para a recepção principal, foi aí que ficou transtornada e começou a chutar a porta. Uma colega pediu para chamar a polícia. Eu pedi para ver quem era, e quando vi, já percebi que estava com surto", contou.

Assim que reconheceu a paciente, Lauro disse que se aproximou dela para tentar acalmá-la. A estratégia foi estender os braços para a mulher, que retribuiu se aproximando de Lauro. Os dois se abraçaram e a mulher se acalmou imediatamente.

"Fui me aproximando dela devagar e estendendo a mão dizendo que não deixaria acontecer nada com ela. Aí ela começou a chorar, foi quando abracei ela", afirmou Lauro.


AMOR PELA PSIQUIATRIA VEIO COM DIAGNÓSTICO DE AUTISMO DO FILHO

Lauro disse que cursa pós-graduação em psiquiatria. A curiosidade e a vontade de desbravar uma nova área da Medicina vieram depois de um grave acidente de carro que ele sofreu em 2019 e, principalmente, depois do diagnóstico de autismo do filho, Lauro Filho, de apenas três anos.

"Quando saiu do período de suspeita para o diagnóstico foi um baque muito forte, porque a gente acha que só vai ver isso na família dos outros, dos pacientes. Foi um choque muito grande para mim. Depois, fui estudando mais a respeito e entendendo que tudo é normal, ter um filho autista é muito normal", contou.

Laurinho, filho do médico, foi diagnosticado com autismo. Crédito: Arquivo Pessoal
 
O médico contou que o diagnóstico de Laurinho também foi uma forma de aprendizado. Ele relatou que o menino tem crises e que, entender que é preciso ter paciência para entender o que o filho quer e precisa naquele momento, foi uma lição para a paternidade e também para a profissão.

"As crianças autistas têm as crises. O autista não sabe se comunicar, aí ele tem a crise, fica bastante agitado e choroso e, se você não descobrir o porquê de ele estar naquela crise, nunca vai tirar ele da crise. Meu filho, por exemplo, quando quer passear de carro, chora e fica agitado. O fato de Laurinho ser autista me ajudou nesse sentido.

Lauro também teve de ter paciência para lidar com o processo de evolução e aprendizado do filho. Ele contou que Laurinho tinha dificuldade em aceitar gestos de carinho e até de reconhecer o pai, o que mudou ao longo dos anos de convívio, ensinamentos e aprendizado.

"Sem falar na evolução dele. Até o ano passado, ele não me reconhecia como pai. Tenho um filho que ficou mais de dois anos sem me dar um abraço, sem me reconhecer, sem olhar no meu olho. Hoje ele já olha no meu olho, me reconhece, já dorme do meu lado", finalizou Lauro.
Fonte: A Gazeta


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