Família-celebridade que domesticava onças é multada por maus-tratos e rebate Ibama

Instituto Onça-Pintada é multado pelo Ibama por morte de ao menos 72 animais Divulgação IOP

Em sua página oficial do Instagram, a apresentação do Instituto Onça-Pintada (IOP) manifesta a "causa nobre" da OSCIP: "dedicada a promover a conservação da onça-pintada, símbolo da biodiversidade". Nas imagens postadas pela família à frente do instituto - o casal de biólogos Anah Tereza Jácomo e Leandro Silveira e o filho Tiago Jácomo Silveira -, imagens carinhosas de interação com animais selvagens no dia a dia. Mais de 500 mil seguidores da página do IOP, mais de 1 milhão da do jovem Tiago, que, agora com 18 anos, foi criado entre animais. De um dia para o outro, a imagem da bela família família cuidadora de animais e do meio ambiente veio por terra. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) multou o Instituto Onça-Pintada em R$ 452 mil: ao menos 72 animais teriam morrido por negligência e maus-tratos.

Após o anúncio da multa, Leandro Silveira e Anah Jácomo postaram um vídeo nas redes sociais, explicando os fatos e dizendo que estão “indignados” com as autuações.

— Quem conhece a gente sabe que isso é extremamente injusto, e pode imaginar o tanto que a gente está indignado. Nós fomos multados por um agente do Ibama que jamais pisou no Instituto Onça-Pintada, que não conhece nossa realidade de trabalho. Quem conhece a gente sabe a dedicação que a gente tem. Trabalhamos diuturnamente para manter esses animais que, inclusive, são encaminhados pelo próprio Ibama e pela Secretaria do Meio Ambiente - diz Silveira.

Mais mortes que nascimentos

Segundo o jornal Metrópoles, o Ibama registrou mortes de macacos, onças-pintadas, tamanduás, lobos, cervos e pássaros nos últimos seis anos, que eram criados na sede da instituição em Mineiros, no sudoeste de Goiás. A família fundadora da ONG é conhecida por "domesticar" os animais e colocá-los para conviver com cachorros.

O documento de multas e embargos aplicados pelo Ibama, em junho deste ano, aponta que os óbitos superaram em três vezes a quantidade de nascimentos. Segundo o órgão ambiental, o IOP tem atualmente 109 animais sob guarda. Desde 2016, período em que a análise começou a ser feita, o criadouro perdeu cerca de 70% de seu plantel que foi reposto com recebimento de animais.

Entre as mortes registradas em 2016, o relatório, divulgado com exclusividade pelo portal Metrópoles, aponta que sete animais foram vitimados. Entre eles, um lobo guará e um veado-catingueiro foram mortos após picada de serpente, e duas araras-azul predadas por jaguatirica. Em 2017, 19 animais morreram. Entre 2018 e 2019 foram sete óbitos. O ano de 2020 foi o que mais registrou mortes, contabilizando 35 animais no total. No ano passado foram quatro mortes por suposta negligência.

De todos os casos, 52 mortes foram de espécies ameaçadas de extinção e 20 de espécies não ameaçadas. O Ibama não registrou mortes em 2022.

O Ibama ressaltou ainda que o instituto está proibido de receber animais silvestres e expor indevidamente a vida dos animais na internet. Somente no Instagram, a ONG tem mais de 500 mil seguidores, que interagem com as publicações dos tutores mantendo contato direto com animais.

Por estar enquadrada na categoria de criadouro conservacionista, o IOP não pode expor os animais. No entanto, o Ibama alega que o instituto utiliza a internet como via de exposição, onde demonstram animais silvestres sendo tratados como animais de estimação, juntam espécies diferentes (presas com predadores) e, também, espécies silvestres com espécies domésticas.

Fonte: O Globo


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