'Mandei matar Cristina': Justiça encontra mensagens que mostram que namorada de brasileiro planejou atentado

Já loira, Brenda Uliarte é presa pela Polícia Federal da Argentina Reprodução/Redes sociais

A Justiça encontrou mensagens no celular de Brenda Uliarte em que ela admite ter organizado o atentado contra a vice-presidente argentina Cristina Kirchner, no dia 1º de setembro, de acordo com informações do jornal La Nación. O jornal conversou com fontes que têm acesso ao caso e que viram a troca de mensagens entre Uliarte, que dizia querer ser a "libertadora da Argentina", e sua amiga Agustina Díaz, também detida desde segunda-feira.

Há dezenas de trechos em que Uliarte afirma a Díaz que enviou "um cara para matar" — referindo-se ao namorado, o brasileiro Fernando Sabag Montiel — a vice-presidente, a quem ela chama de "cadela velha".

Em uma dessas trocas de mensagens, anteriores ao atentado, Uliarte declara estar preocupada com os seguranças da vice-presidente, embora afirme estar disposta a prosseguir com o plano de assassiná-la. "Estou montando um grupo para ir com tochas, bombas, armas e tudo. Serei a libertadora da Argentina. Eu estava praticando tiro, eu sei como usar uma arma", escreve.

As duas também se comunicaram um dia após o atentado: "O que aconteceu que o tiro falhou? Não praticou antes ou a adrenalina do momento falhou? Onde está você? Não seria conveniente para você ir para casa?", pergunta Díaz. "Você tem que se livrar do celular. E mude o número. Exclua sua conta, tudo", continuou.

Vários trechos dessa conversa não puderam ser recuperados pois as mensagens foram apagadas antes do celular ser apreendido.

Uliarte e Díaz se conheceram enquanto cursavam o ensino médio em uma escola em San Miguel, na capital. Díaz, de 21 anos, foi presa após investigadores acessarem as mensagens no celular de Uliarte. A detida está listada no celular da amiga como "amor da minha vida". Ela teria ainda a ajudado Uliarte a ocultar sua participação no crime.

"Mandei matar Cristina"

Outra conversa divulgada pelo jornal ocorreu no dia 27 de agosto, quando foram relatados incidentes na casa de Cristina Kirchner entre manifestantes pró-governo e a polícia. Segundo a investigação, o casal teria planejado cometer o magnicídio nesse dia, mas o plano teve de ser abortado.

Na ocasião, câmeras de segurança mostram o brasileiro nos arredores do prédio de Cristina, ponto de encontro para os kirchneristas que ficou ainda mais movimentado após o Ministério Público pedir 12 anos de prisão para a vice, em 22 de agosto.

Após a tentativa frustrada, Uliarte, então, escreveu para a amiga, revoltada com os manifestantes na Praça de Maio, em Buenos Aires: "Eles falam e não fazem nada. Eu irei fazer. (...) A filha da puta entrou antes de darem um tiro nela".

Díaz pergunta: "O que aconteceu? O que eu perdi?".

Uliarte responde: "Mandei matar Cristina. Não deu certo porque ela entrou. Eu juro que senti raiva".

Díaz então questiona quanto cobraram para atirar na vice-presidente e Uliarte responde: "Não me cobrou porque também está muito animada com o que está acontecendo. Eu juro que essa eu vou matar. Estou exausta que ela roube e fique impune".

Nesse momento, Díaz alerta para as consequências de um atentado: "Você percebe a confusão em que vai se meter, certo? Eles vão te procurar em todos os lugares se descobrirem que você é cúmplice da morte da vice-presidente".

Em resposta, Uliarte justifica que foi por esse motivo que mandou alguém assassiná-la em seu lugar. "Se acontecer, vou para outro país e até mudo de identidade. Eu tenho isso bem pensado", acrescentou.

Díaz insiste que a amiga será procurada pela polícia, e ela responde: "Tenho algum dinheiro, conhecidos. Vou embora, mas primeiro quero fazer algo pelo país".

Uliarte está detida desde o dia 4 de setembro, suspeita de ter participado do plano para matar a vice-presidente juntamente com Sabag Montiel, seu namorado, que deu dois tiros à queima-roupa contra Cristina — embora a arma tenha falhado.

O brasileiro, que tem mãe argentina e mora no país desde criança, foi preso em flagrante, nos segundos após seus disparos fracassados contra Kirchner. Uliarte foi detida três dias depois e negava até o início da semana passada qualquer envolvimento com o incidente — dizia que apenas acompanhava o namorado e que o ataque era uma "aberração".

As acusações de tentativa de assassinato contra Uliarte e o namorado foram formalmente confirmadas no dia 8, com a Justiça afirmando que o casal teria atuado "de forma planejada e de comum acordo". Desde então, a Justiça tem 10 dias úteis para resolver a situação processual de ambos.

Fonte: O Globo



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