Ataque em Aracruz: Menino de 11 anos pode caminhar e mulher deve passar por cirurgia nos próximos dias

Informações são do boletim atualizado divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde na manhã desta quarta-feira (30). Outras três vítimas seguem internadas em estado grave.

Ambulâncias em escola estadual invadida por atirador na última sexta-feira (25) em Aracruz, ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Um menino de 11 anos, que está entre as vítimas baleadas no ataque a duas escolas em Aracruz apresentou melhora no quadro clínico e já pode fazer leves caminhadas no setor do hospital Infantil de Vitória, onde está internado.

As informações são do último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), divulgado na manhã desta quarta-feira (30).

Além do estudante, outras quatro vítimas permanecem internadas em hospitais estaduais, três professoras com idades entre 37 e 58 anos e uma adolescente de 14 anos.

Outra vítima do ataque, a professora de 58 anos, internada no Hospital Estadual Doutor Jayme Santos Neves, apresentou melhora nas feridas em membro inferior e deve passar por uma nova cirurgia nos próximos dias.

Três vítimas continuam em estado grave: a professora Degina Rodolfo de Oliveira Fernandes de 37 anos, que saiu do coma e permanece intubada e uma professora de 51 anos. As duas também estão internadas no Hospital Estadual Doutor Jayme Santos Neves.

A outra vítima em estado grave é uma estudante de 14 anos baleada na cabeça. De acordo com a Sesa, ele segue em UTI entubada no Hospital Estadual Nossa Senhora da Glória em Vitória.

O atentado deixou quatro mortos e 12 feridos. Até a última atualização desta reportagem, cinco vítimas ainda estavam internadas em hospitais do Espírito Santo.

Investigações

Armas usadas por adolescente em ataque a escolas em Aracruz, ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Durante coletiva de imprensa para detalhar o andamento das investigações sobre o ataque as escolas de Aracruz, no Espírito Santo na última sexta-feira (25), a Polícia Civil informou que o assassino de 16 anos guardou as armas, almoçou e seguiu para a casa de praia com os pais depois de invadir as duas escolas. Segundo o superintendente de polícia e delegado João Francisco Filho, o criminoso agiu naturalmente do ataque até a prisão.

"Ele volta pra casa em Coqueiral, pega todos os objetos que usou na ação e guarda para que os pais não desconfiassem que ele tinha usado. Coloca tudo onde estava e fica no interior da casa como se nada tivesse acontecido. Os pais chegam, e ele reage naturalmente", contou o delegado.

O ataque teve início por volta de 9h30, e o adolescente foi apreendido por volta de 14h10. Segundo o superintendente de polícia e delegado João Francisco Filho, o criminoso agiu naturalmente do ataque até a prisão.

Atirador diz que não escolheu vítimas

Selena Sagrillo, Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amos, vítimas do ataque a escolas em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com a polícia, as investigações preliminares mostram que o atirador não teria escolhido as vítimas, mas feito disparos aleatórios.

"Ele disse que escolheu aleatoriamente as vítimas. Como a primeira sala era a dos professores, foi a sala que ele teve acessos mais fácil", conta o delegado.

De acordo com o delegado André Jareta, na sala dos professores, ele descarregou as munições que tinha em uma das armas duas vezes. "Ele já entra na sala dos professores atirando, esgota as munições que tinha, sai da sala, troca de carregador, volta para a sala dos professores e descarrega a arma novamente", diz.

Apesar da fala do atirador de que não teria escolhido as vítimas, a polícia informou que vai aprofundar as investigações para entender se houve alguma motivação.

Pai PM vai ser investigado pela corporação

Após ter confessado o crime, a polícia disse que o assassino foi à casa da família com os agentes e apontou onde estavam as armas e a roupa que usava.

O armamento era do pai, um policial militar. Segundo a polícia, uma delas, de registro pessoal, estava em uma caixa trancada com cadeado no quarto, e a segunda escondida em uma gaveta. A polícia apura como o adolescente teve acesso a elas.

Desde o crime, a polícia traz questionamentos sobre o acesso e habilidade de manuseio do armamento pelo adolescente. Nesta segunda-feira (28), a PM informou que vai abrir processo disciplinar para investigar a conduta do pai do atirador.

"Está sendo instaurado hoje [nesta segunda-feira] um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias na qual o autor teve acesso às duas armas dele, uma da corporação e uma de registro pessoal, além das balas", informou o ️comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus.

O delegado João Francisco Filho reforçou, no entanto, que as armas não estavam em local de fácil acesso.

Simpatizante do nazismo

No dia do crime, o criminoso usava uma roupa com estampa militar e símbolos nazistas. De acordo com a polícia, em seu depoimento, ele confessou ter proximidade com ideias nazistas.

Apesar de ter negado que teve ajuda de terceiros na ação, a polícia disse que investiga se há envolvimento ou participação em grupos extremistas que possam ter ajudado ou incentivado ao ataque.

O celular do assassino foi apreendido e tem ordem judicial para passar por perícia, o que deve acontecer nos próximos dias.

O ataque

O ataque a duas escolas deixou quatro mortos e outros 12 feridos em Aracruz. A investigação apontou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai, um policial militar. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual atacado, segundo o governador do estado, Renato Casagrande (PSB).

Os disparos aconteceram por volta das 9h30 na Escola Estadual Primo Bitti e em uma escola particular que fica na mesma via, em Praia de Coqueiral, a 22 km do centro do município. Aracruz, onde o ataque aconteceu, fica a 85 km ao norte da capital.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o assassino invadiu a escola estadual com uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento de ensino. Depois, foi até a sala dos professores e fez novos disparos. Na unidade, duas professoras foram mortas.

Na sequência, o atirador deixou o local em um carro e seguiu para a escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica na região. Na unidade, uma aluna foi morta. Após o segundo ataque, o assassino fugiu em um carro. Ele foi apreendido ainda na tarde de sexta.

Neste sábado, a Polícia Civil informou que o criminoso vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas.

Fonte: G1

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