Marcelo Santos: Assembleia deu. “Na próxima, serei candidato a federal”

Marcelo Santos: entre Casagrande e Erick Musso. Foto: Ellen Campanharo

Eleito para o 6º mandato sucessivo na Assembleia Legislativa – um ciclo sem interrupções desde 2003 –, Marcelo Santos (Podemos) agora avisa: o próximo mandato será o seu último como deputado estadual. Na próxima eleição, como antecipa à coluna, ele será candidato a deputado, mas na Câmara Federal.

“Não sou mais candidato a deputado estadual. Acho que minha contribuição vai se encerrar no próximo mandato. E eu posso afirmar para todos os cidadãos do Espírito Santo que vou fazer esse mandato como se fosse o primeiro, com a energia do primeiro mandato, para que eu possa fazer as entregas que me comprometi a fazer com a população do Espírito Santo. E tenho um planejamento traçado: [em 2026] vou alçar outro voo, que é o de deputado federal. Já não me cabe ter outro mandato na Assembleia, até porque temos que abrir espaços para novas lideranças.”

Mas, antes das próximas eleições gerais, em outubro de 2026, há duas paradas importantes: fevereiro de 2023 (logo ali) e janeiro de 2024.

Com o término da Era Erick Musso (Republicanos), a vaga de presidente da Assembleia estará em aberto (e já está em disputa). A eleição ocorrerá no dia 1º de fevereiro. Marcelo é um dos mais fortes cotados para a sucessão.

Em 2018, Marcelo conseguiu se reeleger, mas em viés de baixa. Dois anos antes, enfileirara a sua terceira derrota seguida para a Prefeitura de Cariacica, contra o então prefeito Juninho, de virada e com direito ao mal explicado episódio do suposto tiro em seu carro.

Mas, na última quadra eleitoral, o calejado deputado recuperou fôlego político e cresceu, inclusive em número de votos. De 2018 para 2022, ele mais que dobrou seu desempenho nas urnas, passando de 19.595 para 41.627 votos. Desta vez ficou no top five: foi o 5º candidato a deputado estadual mais prestigiado pelos eleitores do Espírito Santo.

Escudando Erick Musso, Marcelo é o 1º vice-presidente da Casa há três biênios. Além disso, tem bom trânsito com os outros 13 deputados reeleitos, os quais, com ele, formarão quase a maioria dos 30 parlamentares na próxima legislatura.

Erick não estará na disputa, mas, segundo informações de bastidores, tem preferência por Marcelo e já estaria articulando a favor do aliado.

E há, é claro, o fator mais importante: o decano da Assembleia é aliado do governador Renato Casagrande (PSB), que, reeleito, dessa vez conseguirá seguramente eleger para a presidência da Mesa quem ele quiser.

Pela soma desses fatores, após ele ter passado perto na última eleição interna (em janeiro de 2021), não seria enfim chegada a vez de Marcelo Santos? Ele nega interesse na presidência (ok, negar faz parte do jogo), mas deixa escapar uma pista: diz que, na manhã desta quarta-feira (9), declarou para o governador que está à disposição dele para ajudá-lo onde for necessário, na posição que ele preferir, na configuração do próximo plenário.

“Disse a ele que estou à disposição para ajudá-lo a construir a nova Assembleia. São 30 deputados: 16 ‘novatos’ e 14 deputados que renovaram seu mandato. E temos desafios enormes pela frente, que não foram superados no governo anterior: a desburocratização, dezenas de obras paralisadas, dezenas de milhares de pessoas passando fome, então temos que trabalhar pela igualdade de oportunidades. Temos que reabilitar as nossas rodovias e temos recursos para isso. Então é importante ter uma Assembleia parceira, que, mesmo com uma opinião contrária em várias ações do governo, não trabalha contra o governo, mas em prol do Espírito Santo.”

A segunda parada

Já em janeiro de 2024, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES) Sérgio Borges se aposentará compulsoriamente por idade, ao completar 75 anos. Sempre que surge uma vaga no tribunal, Marcelo tem o nome lembrado como alguém que nutriria imorredouro interesse em chegar à Corte. Ele inclusive chegou a se movimentar e a recolher assinaturas dos pares, com a ajuda do então deputado e parceiro Gilsinho Lopes, para ocupar o assento que acabou preenchido por outro então deputado, Rodrigo Coelho, durante o último governo Paulo Hartung (2015-2018).

Marcelo rechaça, porém, que a vaga de Borges esteja em seu horizonte:

“Não, não está no meu radar, não. Já esteve. Não está nos meus planos discutir conselheiro. E não está hoje aqui em meus planos ser presidente da Assembleia. Está nos meus planos ser colaborador de uma nova Assembleia. E aí pode ser que, lá na frente, eu seja um nome de consenso que possa ser presidente. Mas não está nos meus planos hoje ser presidente da Assembleia. Está nos meus planos contribuir para a Assembleia.”

Traduzindo: está nos seus planos, sim – se ele conseguir construir consenso em torno de sua candidatura e ter o nome avalizado por Casagrande, em meados de janeiro. O discurso de Marcelo, sem tirar nem pôr, é o de alguém que está cansado de saber como esse jogo deve ser jogado, sem o atropelamento de etapas. Quem queima a largada dificilmente chega inteiro à linha de chegada. E é um discurso prenhe de sinais para seu eleitorado, sobretudo para o maior eleitor neste processo.

As declarações de Marcelo são para o colunista, para os leitores, mas, principalmente, para os outros deputados eleitos e, acima de todos, para Casagrande.

Fonte: ES 360 


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