Morre no Rio o lendário ‘Maluco Beleza’

O compositor Cláudio Roberto, eterno parceiro de Raul Seixas, em seu sítio (foto de Gabriela Mousse/Instagram)

Morreu neste sábado no Rio de Janeiro o compositor carioca Cláudio Roberto Andrade de Azeredo, aos 70 anos, parceiro de Raul Seixas num dos maiores clássicos do rock star baiano, Maluco Beleza, entre dezenas de outras canções – como Cowboy Fora da Lei, Coisas do Coração, Tapanacara, Novo Aeon, Que luz é essa?, Sapato 36, Aluga-se, Abre-te Sésamo, Rock das Aranha, Quando Acabar o Maluco Sou eu. A informação da morte de Cláudio foi divulgada esta noite por sua amiga, a professora e locutora Gabriela Mousse, nas redes sociais. O músico tinha feito uma cirurgia no coração para implantar uma válvula, mas teve complicações na recuperação.

Conhecido somente como Cláudio Roberto, o músico se tornou o parceiro mais constante de Raul Seixas após o afastamento deste de Paulo Coelho. Juntos, fizeram todas as 10 canções de O Dia em Que a Terra Parou (WEA, 1977), álbum que carrega a música mais tocada de Raul Seixas até hoje (segundo levantamento do Ecad até 2017), Maluco Beleza.

A primeira experiência de Cláudio, que era professor de Educação Física, cobra de natação, compondo ao lado de Raul foi no disco Novo Aeon (1975). Tornaram-se amigos instantaneamente. O apelido Maluco Beleza era como o próprio Cláudio era chamado pelos habitantes de Miguel Pereira, estância climática no interior do Rio, a 120 km da capital, onde vivia em uma chácara. Raul costumava passar grandes períodos no sítio, compondo com Cláudio num galpão nos fundos.

Maluco Beleza era uma composição pré-existente de Cláudio que o compositor tocava ao violão e Raul adorava. Fizeram para a canção, originalmente, uma letra em inglês – eles só escreveriam a letra definitiva no estúdio, em cima da hora da gravação, quando o maestro Miguel Cidras já finalizava os arranjos. Os versos são conhecidos e reconhecidos cada vez mais ao longo das décadas:

“Enquanto você se esforça pra ser
Um sujeito normal e fazer tudo igual
Eu do meu lado aprendendo a ser louco
Um maluco total, na loucura real”

O compositor era reconhecido como uma alma gêmea de Raul Seixas – não apenas porque se davam bem, mas porque compunham de forma leve e quase sempre no ritmo mesmo da vida fora de regras, entre uma garrafa de uísque ou uma noitada sob as estrelas no campo. Eles se estranharam apenas na fase mais barra-pesada de Raul, que foi quando o baiano se meteu em confusões que acabaram na crônica policial do Rio, e arrumou um parceiro argentino chamado Oscar Rasmussen, com o qual faria o disco Por quem os sinos dobram (WEA, 1979). Escanteado, Cláudio faria as pazes com Raul mais adiante. Os raulseixistas se dividem habitualmente em dois grupos: os que defendem que Paulo Coelho foi o grande parceiro de Raul, e os que não abrem mão da maluquez controlada de Cláudio Roberto.

Quando Ed Motta recentemente gravou um vídeo ofendendo a obra e a pessoa de Raul Seixas, Cláudio Roberto, que vivia recluso, veio a público com outro vídeo para comentar o fato. “A memória fala por si própria”, declarou. Cláudio Roberto deixa quatro filhas e um filho. Seu corpo deverá ser levado para Miguel Pereira, a terra que mais amava.

Raul Seixas e o parceiro compositor Cláudio Roberto

Fonte: Farofafa


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