Titãs: Biografia conta como as drogas quase acabaram com a banda

ANOS 80 - Rebeldia juvenil: no início da carreira vestidos de Bichos Escrotos – Acervo Titãs/Divulgação

Em 4 de maio de 2016, Branco Mello, Sérgio Britto, Tony Bellotto e Paulo Miklos estavam em um restaurante japonês em Miami quando Miklos jogou a bomba: o melhor cantor da banda, voz responsável por sucessos como Bichos Escrotos, iria deixar os Titãs. Àquela altura, o grupo parecia que não resistiria a mais um desfalque — no auge durante os anos 80 e 90, a banda paulistana chegou a ter oito integrantes: além dos quatro citados, contou com Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin e Marcelo Fromer. Na época da saída de Miklos, o quarteto havia finalmente reconquistado a crítica com o álbum Nheengatu (2014). Mas ele estava cansado. Nos últimos anos, tinha perdido a mãe, a esposa e o pai, que morreram entre 2012 e 2014. Além disso, parecia mais empolgado com a carreira de ator. Britto não deixou a peteca cair: “Me reservo ao direito de continuar porque gosto muito de fazer parte dos Titãs”, disse ele, que seguiu em frente ao lado de Bellotto e Mello, com o reforço de músicos convidados.

O esforço de sobrevivência nas últimas duas décadas de um dos grupos mais importantes do rock nacional é retratado na biografia A Vida até Parece uma Festa: a História Completa dos Titãs, de Hérica Marmo e Luiz André Alzer (Globo Livros; 456 páginas; 69,90 reais e 44,90 reais em e-book). Lançado há vinte anos, o livro ganhou neste mês uma extensa atualização com os acontecimentos mais recentes. Nesta nova versão, os autores abordam, por exemplo, a saída de Charles Gavin, em 2010, o tumor maligno na faringe de Mello e finalizam com o lançamento do disco mais recente, Olho Furta-Cor, em setembro de 2022. “Nossa história tem todos os elementos de uma tragédia. Tem comédia, tem morte, tem traição. É quase uma peça de Shakeaspere”, diz Bellotto.

Apesar da colaboração dos integrantes, os autores do livro não são condescendentes. Um exemplo é o minucioso relato feito da condenação de Arnaldo Antunes, por tráfico de drogas em 1985. Segundo a biografia, aliás, não foi a saída dos ex-integrantes que mais prejudicou os Titãs e, sim, o vício em drogas. Depois do episódio com Arnaldo, Miklos mergulhou fundo no álcool e na cocaína.

Ficou de fora do livro, no entanto, o inesperado anúncio que a banda fez na quarta 16: pela primeira vez, em trinta anos, o grupo sairá na turnê comemorativa Titãs Encontro com os sete integrantes clássicos (exceto Fromer, que morreu em 2001). O tour terá, ao todo, dez shows pelo Brasil entre abril e junho de 2023 e contará com a participação especial da cantora Alice Fromer, que homenageará o pai. Como diz a letra de um dos hits dos Titãs, quatro décadas depois, a banda, ao que parece, não está pronta para dizer adeus.

Fonte: Veja


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