Por que esquentar o motor do seu carro antes de arrancar é uma roubada


Antigamente era comum deixar o motor esquentando durante alguns minutos antes de sair com o carro, para reduzir o risco de danos e aumentar a durabilidade do propulsor.

Isso era tão comum que automóveis traziam de fábrica o afogador, equipamento que enriquecia a mistura ar-combustível, restringindo o fluxo de ar no carburador - tudo para atingir mais rapidamente a temperatura ideal de funcionamento

Até hoje, tem gente que não movimenta o carro até o respectivo motor esquentar. Mas essa prática realmente traz benefícios em veículos .produzidos e comercializados atualmente?

A reportagem conversou com o engenheiro especializado em motores a combustão Clayton Zabeu para esclarecer a questão. De acordo com ele, salvo exceções, a prática não proporciona benefícios quando se trata de veículos modernos.

"Hoje, todos os motores que equipam automóveis novos são testados, no fim da linha de montagem, ainda frios e com rotação máxima".

Segundo Zabeu, os motores e os respectivos lubrificantes hoje são projetados para lidar sem problemas com a fase fria, na qual as peças metálicas ainda não se expandiram e o lubrificante ainda não aqueceu adequadamente.

"Se for um veículo fabricado 20, 30 anos atrás, esquentar o motor faz sentido. Contudo, nos carros atuais, componentes como cilindros, bielas e pistões trazem folgas muito mais justas e são muito mais duráveis do que há três décadas", destaca.

Além de não trazer o resultado esperado, o hábito traz desvantagens.

"Não vale a pena deixar o motor esquentar, isso só causa desperdício de combustível. Além disso, na fase fria, somente mantendo o motor em marcha lenta, leva muito mais tempo para atingir a temperatura adequada do que rodando normalmente", complementa.

Zabeu destaca também que, quanto mais tempo o motor demorar para esquentar, mais ele vai poluir. Isso acontece também por conta do catalisador, equipamento que serve para converter gases nocivos provenientes da combustão em produtos menos nocivos à atmosfera e à saúde. O catalisador só funciona da forma esperada em altas temperaturas, esclarece.

"É preferível já sair andando, pois assim o catalisador é aquecido muito mais rapidamente"
Não precisa "amaciar"

O engenheiro afirma que os tempos de "amaciar" o propulsor, evitando cargas mais fortes no acelerador nos quilômetros iniciais, também estão no passado para a maioria dos veículos atuais.

Há algumas décadas, as montadoras recomendavam essa prática para "assentar" peças internas pelo desgaste natural e, com isso, prolongar a vida útil do motor. Hoje isso não é mais necessário.

As exceções são os carros mais antigos, especialmente os carburados, bem como motores mais desgastados, já no fim da vida útil e com problemas de lubrificação.

O engenheiro inclui na lista veículos extrapesados, bem como carros de alta performance.

"Há casos nos quais o motor necessita estar na temperatura ideal para que seja lubrificado de forma adequada. Especialmente no caso de esportivos, a própria eletrônica se encarrega de restringir a potência, cortando combustível, até a temperatura recomendada pela fabricante do veículo ser atingida."

Outra orientação: esticar uma marcha ou dar uma acelerada com o motor ainda frio não traz problemas, desde que isso não ocorra com frequência.

Fonte: Uol


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