UFSC entrega à polícia carta nazista que prega ódio contra gays, feministas, negros e 'amarelos'

Universidade disse que seguiu orientação de delegado que investiga célula neonazista identificada em Santa Catarina, onde há alunos da instituição.

UFSC é uma das universidades afetadas pelo corte orçamentário — Foto: Tiago Ghizoni/ NSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) informou, nesta quinta-feira (3), que encaminhou à Polícia Civil a carta nazista recebida pelo Centro de Ciências Jurídica (CCJ) da unidade. No texto, o grupo prega ódio contra gays, feministas, negros, gordas e "amarelos" [asiáticos], e diz que a polícia não o intimida.

"Nós iremos destruir todos vocês. A gente está cada vez maior. A gente está ao seu lado, na sua frente", diz parte da carta, assinada com a abreviação SS, que representa o exército nazista na Segunda Guerra Mundial.

Em nota, a universidade disse que seguiu orientação do delegado responsável por investigar a célula neonazista identificada em Santa Catarina, onde há alunos da instituição. Além disso, internamente, a UFSC disse que está mapeando os episódios (leia a nota abaixo).

O reitor da instituição, Irineu Manoel de Souza, também se manifestou. "Nós temos certeza que o amor vencerá, que a paz vencerá, e nós passaremos por esse momento difícil que estamos atravessando", falou.

No Brasil, a Lei nº 7.716, de 1989 prevê como crime "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", tal como outras formas de divulgação do nazismo.

Carta

A carta foi encaminhada na sexta-feira (28) e tem como assinatura a abreviação SS, que representa o exército nazista na Segunda Guerra Mundial. No texto, o grupo escreve ainda que "a polícia não nos intimida".

Procurada pelo g1 SC nesta quinta, a Polícia Civil informou que "está fazendo a verificação de procedência das informações".

Estudantes pertencentes à célula nazista em SC

O caso, revelado pelo Fantástico em 23 de setembro, mostrou que ao menos quatro suspeitos de pertencerem à célula nazista em Santa Catarina estudam na universidade federal. O inquérito policial segue em sigilo.

O que disse a UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) está encaminhando à Polícia Civil todos os casos de nazismo e racismo que ocorrem nas dependências da instituição, uma vez que se tratam de crimes. O procedimento segue orientação do próprio delegado que está investigando o caso da célula neonazista identificada em Santa Catarina, cujo inquérito transcorre em sigilo.

Internamente, a Universidade está registrando e mapeando todos esses episódios e pretende se manifestar no momento em que houver divulgação pela própria Polícia Civil. Ao mesmo tempo, a UFSC está colaborando com as investigações por todos os meios à sua disposição, como imagens de câmeras de circuito interno.

A UFSC ressalta que todos os episódios criminosos são apócrifos e registrados em locais sem acesso ao monitoramento por câmeras por questões de privacidade, como sanitários. No entanto, reforça que se houver identificação de algum estudante ou servidor envolvido, dispõe de mecanismos para a imposição de penalidades.

No caso de estudantes, o Regime Disciplinar do Corpo Discente, contido na Resolução Normativa 17/Cun/97, prevê penalidades que podem chegar ao desligamento do aluno. E no caso de servidor, as punições cabíveis estão na Lei 8.112/90, que institui Regime Jurídico Único dos servidores públicos federais.

Fonte: G1

Postagem Anterior Próxima Postagem