Capitão Guimarães é preso em operação da Polícia Federal e do MP

Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, chega à sede da Polícia Federal no Centro do Rio Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam, em uma operação na manhã desta quarta-feira, o contraventor Aílton Guimarães Jorge, conhecido como Capitão Guimarães. A ação, em cidade da Região Metropolitana do Rio, faz parte da investigação de um homicídio em julho de 2020, num posto de gasolina, em São Gonçalo, que indicou ser um crime com características de execução sumária. Também foi preso nesta manhã Deveraldo Lima Barreira, que integra a quadrilha do contraventor e é suspeito de ser o executor do crime. Há mais um mandado de prisão, este ainda em aberto.

Os agentes que participam da operação Sicário — termo que significa matador de aluguel ou quem é contratado para matar alguém — estão nas ruas também para cumprir 17 mandados de busca e apreensão, em endereços nas cidades do Rio, Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

O contraventor seria o mandante de um assassinato que aconteceu em julho de 2020 em um posto de combustíveis no município de São Gonçalo, na Região Metropolitana. Nesta manhã, os agentes estiveram na casa de Capitão Guimarães, em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói. No local, foi encontrado um fuzil em posse do contraventor e um kit que transforma pistola em arma longa, além de munições e carregadores. Com isso, foi feita a prisão em flagrante por posse ilegal de arma. Também foram apreendidos dois carros de luxo.

O Capitão Guimarães chegou à sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio, antes das 11h.

Na casa do bicheiro localizada em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos, um caseiro trocou tiros com os agentes da operação, segundo o site g1. De acordo com o MPRJ, Cristiano Cordeiro Dias foi preso em flagrante neste endereço. A Polícia Federal ainda não informou se alguém ficou ferido no confronto.

Em 1º de julho de 2020, dois homens numa moto abordaram Fábio de Aguiar Sardinha em um posto de gasolina no bairro Colubandê, em São Gonçalo, quando ele parou para abastecer o carro. A dupla, segundo testemunhas, teria atirado na vítima, que não resistiu e morreu no local. Durante as investigações, a Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) descartou a versão de tentativa de assalto e trabalhou com a hipótese de execução.

A vítima possuía anotação criminal por estelionato, o que também levou a polícia a investigar a possibilidade de ligação a outros casos. A suspeita é que Fábio tenha desviado dinheiro da quadrilha do Capitão Guimarães, segundo o site g1. No momento do crime, ele estava acompanhado pelo pai, que estava no carro, sentado no banco do carona, no momento dos disparos. Ele não foi atingido.

Kit apreendido na casa do Capitão Guimarães transforma pistola em arma longa e estava acompanhado de munições e carregadores Foto: Divulgação/Polícia Federal

Os investigados são suspeitos de atuarem na organização criminosa, que monopoliza a exploração de atividades ilegais, como jogo do bicho, máquinas caça-níqueis e outras apostas.

Mais de 120 policiais federais, do Rio de Janeiro e de Brasília, e agentes do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) participam da operação. A investigação também contou com diligências cumpridas pela Polícia Civil.

Capitão Guimarães

O bicheiro é ex-militar do Exército e, na trajetória como capitão, atuou Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) durante a Ditadura Militar.

Kit de armamento com carregadores e munições encontrado durante a Operação Sicário Foto: Divulgação/Polícia Federal

Na contravenção, Capitão Guimarães começou a trabalhar como gerente com o bicheiro Ângelo Maria Longa, o Tio Patinhas. Em poucos anos, passou a fazer parte do conselho. A cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, é uma das áreas em que controla.

Figura presente no carnaval carioca, o bicheiro foi presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) em dois períodos: de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007. No último ano de mandato, foi preso na Operação Furacão da Polícia Federal. Na ocasião, outros bicheiros e dirigentes da entidade também foram presos, entre eles, os contraventores Anísio Abraão David, o Anísio, e Antônio Petrus Kalil, o Turcão.

Desde agosto de 2021, a quadra da Vila Isabel passou a ter o nome de Capitão Guimarães, que foi presidente entre 1983 e 1987. Aos 24 anos, Luiz Guimarães, filho do contraventor, assumiu o posto este ano, se tornando o dirigente mais novo a assumir uma escola de samba.

Dinheiro apreendido em um dos endereços de alvos da Operação Sicário Foto: Divulgação/Polícia Federal

Condenações anuladas

Em outubro deste ano, a juíza federal Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio, anulou as condenações dos réus da Operação Furacão, como noticiou o colunista Ancelmo Gois. A medida é consequência da decisão do ministro João Otávio de Noronha, do STJ, proferida em habeas corpus de Ana Cláudia Espirito Santo. Em abril de 2022, o magistrado anulou a sentença de primeiro grau, entendendo ter havido "cerceamento de defesa" porque parte dos ofícios comunicando o cumprimento de decisões de interceptação telefônica não foi juntada aos autos da ação penal.

A juíza , entendeu que, em razão da ordem do ministro, ocorreu a prescrição dos crimes. A sentença condenatória de primeiro grau foi dada em abril de 2012. Com isso, fica mantida apenas a condenação de José Granado Ferreira, pelo crime de corrupção de magistrados.

A operação revelou um esquema de pagamento de propinas pelos bicheiros a magistrados e policiais. Em 2017, os três contraventores e outros 21 réus forma condenados pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e contrabando.

Fonte: Extra


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