Após resgate, 'escravizados do vinho' chegam à Bahia e recebem atendimento

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou nesta segunda que convocou uma reunião extraordinária para apurar o caso

Trabalhadores eram mantidos em um alojamento em péssimas condições — Foto: MPT-RS/Divulgação

196 resgatados de trabalho análogo à escravidão no Rio Grande do Sul chegaram nesta segunda-feira (27) à Bahia e foram acolhidos por um esforço do governo estadual, em parceria com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e Defensoria Pública.

A prioridade agora é realizar atendimentos de saúde física e mental e retornar os acolhidos para suas famílias. Para isso, eles passaram por uma triagem e cada situação de moradia está sendo analisada.

O esforço para apoiar os trabalhadores também prevê recolocação no mercado, mas em condições dignas.

"Vamos entender a situação de vulnerabilidade. Seja em ações de saúde, seja nas questões de documentação, que eles podem estar com dificuldade ou terem perdido nessa situação, ter sido extraviada, ou na articulação junto com os órgãos do estado e dos municípios", afirmou a defensora pública do estado, Cristina Uim.

54 dos trabalhadores foram de ônibus para Salvador, enquanto outros três transportes levaram os demais para Serrinha (52), Feira de Santana (12) e Lauro de Freitas (5). 73 acolhidos são de cidades da região do sisal.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou nesta segunda que convocou uma reunião extraordinária da Conatrae (Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo) para apurar o caso das 207 pessoas que trabalhavam em situação análoga à escravidão no Rio Grande do Sul.

Almeida disse que instaurou um procedimento administrativo e que a pasta irá apoiar os trabalhadores resgatados.

Entenda o caso

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) resgatou 207 pessoas em situação análoga a escravidão em Caxias do Sul (RS) na última quinta-feira (23).

Eles eram mantidos em um alojamento em péssimas condições, sofriam violências físicas e eram obrigados a comer alimentos estragados.

Os trabalhadores colhiam uvas nas vinícolas Aurora, Salton e na cooperativa Garibaldi.

As empresas dizem desconhecer o crime, e que terceirizavam as contratações para outra companhia, a Oliveira e Santana.
A maioria dos trabalhadores vinha da Bahia e já voltou para casa. Segundo depoimentos, eles eram atraídos pela promessa de alimentação, hospedagem e transporte custeados pela empresa, mas isso não acontecia.

Um homem de 45 anos, apontado como responsável pela Oliveira e Santana, foi preso.

Agora, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego vão analisar individualmente os direitos trabalhistas de cada uma das vítimas.

Fonte: O Tempo

Postagem Anterior Próxima Postagem