No estudo, pesquisadores usaram mais de 40 anos de dados coletados por satélites para rastrear mudanças minúsculas na região da plasmosfera
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Lua exerce força de maré em "oceano de plasma" ao redor da Terra, diz novo estudoFoto: Pixabay |
Um novo estudo da Lua publicado na revista Nature mostrou que o nosso maior satélite exerce uma força anteriormente desconhecida no "oceano de plasma" que rodeia a atmosfera superior da Terra. O fenômeno é conhecido como plasmasfera, criando flutuações semelhantes às marés. Balazs Heilig, do Institute of Earth Physics and Space Science na Hungria, liderou a pesquisa.
No estudo, os pesquisadores usaram mais de 40 anos de dados coletados por satélites para rastrear mudanças minúsculas nessa região interna da magnetosfera da Terra, que é responsável por proteger nosso planeta de tempestades solares e partículas de alta energia.
A plasmasfera, basicamente, é uma bolha de plasma frio em formato de rosca que fica no topo das linhas do campo magnético da Terra. Nessa região, o plasma, que é gás ionizado, é mais denso que o de regiões mais externas da magnetosfera. Pela densidade, esse material fica afundado, e a fronteira dele com o resto da camada magnética é chamada de plasmapausa.
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Lua exerce influência sobre vários fenômenos da TerraFoto: Unsplash |
De acordo com os cientistas, a plasmasfera pode ser considerada um "oceano de plasma" e a plasmapausa representa "a superfície deste oceano". Assim, descobriu-se que a atração gravitacional da Lua pode distorcê-lo, fazendo a superfície descer ou subir como nas marés.
Antes dessa descoberta, já se sabia que a Lua exerce uma influência nas marés da Terra e também na crosta, no campo geomagnético próximo ao solo e no gás dentro da atmosfera interior. Porém, não se sabia ainda se ela também exercia forças na plasmasfera.
Base de dados e descobertas
Para investigar isso, portanto, os pesquisadores analisaram dados de mais de 50 mil dados da plasmasfera coletados por satélites em dez missões científicas, inclusive a Time History of Events and Macroscale Interactions during Substorms (THEMIS), da Nasa. Com muitos detalhes, a equipe pôde calcular o limite exato até onde ia a plasmasfera. As mudanças minúsculas foram detectadas com a ajuda de sensores de satélites.
Com as informações, que datam entre 1977 e 2015, foi possível perceber que flutuações na pausa plasmática seguiam padrões diários e mensais semelhantes às marés do oceano, com a Lua como o elemento determinante mais provável.
Ainda não se sabe exatamente como a Lua influencia nesse fenômeno, mas os pesquisadores acreditam que a gravidade do satélite causa perturbações no campo magnético da Terra.
Fonte: Terra