Homem fica oito dias preso por crime por crime cujo suspeito morreu há 22 anos



Um homem de 50 anos foi preso em Minas Gerais, em fevereiro, suspeito de ter praticado um roubo no Espírito Santo há 22 anos. Só que o crime teria sido cometido por uma pessoa que apresentou documentos do mineiro e, depois, morreu na prisão, sendo reconhecido pelo pai.

Ademar recebeu voz de prisão, estava sujo de gesso, porque tinha acabado de chegar do trabalho.

"Assim, sujo como estava, de camiseta e chinelo, o levaram para a delegacia, sem nem ter o direito de saber o real motivo de sua prisão ou ter contato com sua família. Tivemos que contratar um advogado para entender o que ocorreu", disse Aryella Valentim, esposa de Ademar, em post nas redes sociais.

Por meio do advogado, a família descobriu que Ademar havia sido preso por um crime cometido em Serra (ES), em junho de 2001. 

Naquele ano, Ademar, que sempre morou em Minas, perdeu os documentos e fez o registro da ocorrência na delegacia da cidade.

Na mesma época, no Espírito Santo, um homem foi preso usando o nome de Ademar. Dias depois, foi encontrado morto na cela. 

Acabou sendo reconhecido como Adriano Justino Barbosa, pelo pai dele.

Mas, na Justiça, o nome de Ademar não foi trocado pelo de Adriano.

"O Ministério Público do Espírito Santo e a Justiça Capixaba, em vez de arquivar a denúncia, ou buscar a confirmação da real identidade da pessoa presa em flagrante e falecida na prisão, seguiram com o processo. Mesmo com o autor dos fatos tendo falecido no sistema prisional, Ademar foi detido 22 anos depois do crime" Aryella Valentim, esposa de Ademar .

Ministério Público pede soltura de mineiro 

Apesar da morte do suspeito na prisão há 22 anos, o Ministério Público do Espírito Santo havia pedido o prosseguimento da ação penal contra o mineiro.

Segundo o órgão, não era possível comprovar que Adriano se passou por Ademar, pois o Departamento Médico Legal não localizou o laudo do cadáver encontrado na cela da cadeia. No processo, no entanto, consta uma certidão de óbito de Adriano. 

A mulher de Ademar levou o caso para as redes sociais, para chamar a atenção das autoridades e conseguir ajuda para soltar o marido.

Em nota ao UOL , o Ministério Público do Espírito Santo informou que detectou nos autos do processo uma possível inconsistência nos documentos apresentados pelo autor do roubo de 2001, cujo mandado de prisão seguia em aberto.

"Diante disso, o Ministério Público do Espírito Santo já requereu à Justiça que o homem preso em fevereiro deste ano, no Estado de Minas Gerais, como suposto autor desse crime, seja colocado em liberdade, a fim de que sejam adotadas todas as providências para a identificação do real autor dos fatos", afirma a Nota do Ministério Público do Espírito Santo.

A Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora aceitou o pedido e determinou a soltura de Ademar. 

Na noite de ontem (24), Ademar foi solto e voltou para casa, após oito dias de detenção. Sua mulher agradeceu nas redes sociais.

"A vitória é nossa com Deus na frente. Acabei de buscar ele [Ademar]. Meu agradecimento a todos que torceram por nós e nos ajudaram, inclusive nas burocracias, quase que ia mais um dia de sofrimento, agora alegria. Obrigado meu Deus e meus amigos e jornais" 


Fonte: UOL


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