Família e amigos de jovem morta a facadas dentro de apartamento fazem protesto por justiça e contra feminicídios


Matheus Stein Pinheiro, de 24 anos, namorado de Ana Carolina Rocha Kurt, foi preso na última sexta-feira (19) e é apontado pela polícia como principal suspeito do crime.

Amigos e familiares de Ana Carolina Rocha Kurt, de 24 anos, morta a facadas dentro do apartamento em Vitória onde morava com o namorado, fizeram uma manifestação por justiça e contra os feminícidios no país na manhã deste domingo (21), na orla de Camburi, também em Vitória. Matheus Stein Pinheiro, namorado de Ana Carolina foi preso e é apontado como principal suspeito do crime.

Antes do protesto, o grupo participou da missa de sétimo dia em uma igreja no bairro Mata da Praia. Em seguida, todos saíram em caminhada até a praia. Muito abalados, os pais da jovem ficaram a frente do protesto segurando uma das faixas e também falaram pela primeira vez após a morte da filha.

Amigos e familiares de jovem assassinada fizeram manifestação na orla de Camburi, em Vitória. — Foto: Ricardo Medeiros/Rede Gazeta

Márcia Leonila Rocha Kurt, mãe de Ana Carolina, disse em entrevista à TV Gazeta que seu último contato com a filha foi no Dia das Mães.

"Eu peço justiça. Enganou minha filha. Ela falou 'mamãe, ele é bonzinho. Pode deixar mamãe, mês que vem a gente está lá pra se divertir. Te amo mãezinha'. Prometeu cuidar dela. Ele [o namorado] falou ' pode deixar que eu vou tomar conta da sua filha', mas era tudo mentira. Eu quero que ele fique preso para não fazer isso com outros inocentes", disse a mãe de Ana Carolina.

Márcia Leonila Rocha Kurt, mãe de Ana Carolina Rocha Kurt, morta a facadas em apartamento pediu justiça pela morte da filha caçula. — Foto: Ricardo Medeiros/Rede Gazeta

Lorrainy Rocha, uma das melhoras amigas de Ana Carolina, trabalhou com ela e lamentou o fato de ninguém ter conseguido tirar a jovem da situação de violência que ela estava vivendo.

"Foi totalmente silencioso, ele tirou ela da família, afastou dos amigos. No início ele se apresentou como um príncipe. Silenciosa, se afastou e não queria compartilhar mais nada. A gente não conseguiu tirar ela dessa situação. Nos últimos tempos ela passou a chegar chorando. Eu perguntava o que tava acontecendo e ela só disse que não era nada. Quando perguntei porque ela estava saindo da loja que era um trabalho que ela amava ela só disse que precisava sair", disse a amiga da jovem assassinada.

O grupo seguiu em caminhada pela orla de Camburi. Muitos seguravam balões brancos que simbolizavam um pedido de paz e usavam camisas com uma foto em homenagem a Ana Carolina. Também foram feitos cartazes com frases pedindo o fim da violência contra as mulheres.

Família de jovem morta a facadas dentro de apartamento em Vitória fez protesto por justiça. — Foto: Ricardo Medeiros/Rede Gazeta

A médica veterinária Letícia Rocha Kurth disse que a manifestação também teve o objetivo de homenagear a irmã mais nova.

"Eu vou continuar por ela. Pela minha irmã e por todas as Anas. Uma homenagem pra minha irmã que tinha um coração meigo, doce. Balões brancos pra pedir paz. Que a gente tenha um mundo de mais paz, principalmente para as mulheres. Infelizmente isso acontece o tempo todo e a gente tem que lutar", disse Letícia.

Em entrevista ao g1, a médica contou que soube do assassinato da irmã pela mãe de Matheus Stein Pinheiro e nunca desconfiou do cunhado.

"Ele tinha sempre muito carinho com ela, abraçava ela o tempo todo e estava sempre ao lado. Eu abracei aquele infeliz. Nunca imaginei. Ele foi o primeiro namorado dela, isso infelizmente atrapalhou muito. A gente não percebeu e sofre muito por não ter feito nada. Ela era a caçula da família e a gente está sempre cuidando um do outro. A gente lutaria até o fim para tirar ela das mãos de um assassino. Eu morreria pela minha irmã", disse Letícia.

'Levou a vida minha menina', diz pai de jovem assassinada

Pais de Ana Carolina Rocha Kurt, morta a facadas dentro de apartamento, participaram de protesto em Vitória neste domingo (21). — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Alguns participantes saíram de Santa Maria de Jetibá, cidade da região Serrana do estado onde moram os pais e vários familiares de Ana Carolina.

Arnaldo Kurth, pai de Ana Carolina estava abalado assim como a esposa e disse que quando conheceu o genro sentiu um mau pressentimento em relação a ele, mas quis respeitar a vontade da filha e nunca imaginou que Matheus pudesse tirar a vida de Ana Carolina.

"Meu coração tá muito triste. Não imaginava que o cara ia fazer alguma coisa com minha filha. Eu logo não fui com a cara dele. Não entrou no meu coração. Senti uma coisa muito pesada no meu coração. Pensei 'o que minha filha arrumou agora. Deus será que ele vai conseguir cuidar da minha filha?'. Ele não largava do pé dela. Tinha um pressentimento ruim", disse o pai de Ana Carolina.

"Minha filha muito amada, muito doce. Ela queria fugir dele já. Perguntou 'pai posso fazer minha casa aqui na roça?' Ele não deixa ela falar. Ficava muito em cima. Já tinha a perseguição. Levou a vida minha menina", falou o pai de Ana Carolina.

Irmãs vieram do interior para estudar e ingressaram juntas na faculdade

Médica veterinária Letícia Rocha Kurth, de 27 anos e a irmã dela, Ana Carolina Rocha Kurth, de 24 anos morta a facadas dentro de um apartamento no Centro de Vitória. — Foto: Arquivo pessoal

Letícia disse que ela e Ana Carolina tem uma irmã mais velha de 39 anos. As duas irmãs mais novas vieram do interior, de Santa Maria de Jetibá, ainda crianças para estudar em Vitória e foram criadas pela tia Tânia Madalena Rocha, que fez um relato emocionado sobre a jovem durante o enterro.

As irmãs começaram a faculdade de Medicina Veterinária juntas e, como são muito parecidas, chegavam a ser confundidas pelos colegas. Apenas Letícia terminou a faculdade porque Ana Carolina trancou os estudos.

"A gente era da mesma sala. Chamavam a gente de gêmeas. A gente sempre ficou muito juntinha. Com o tempo, ela resolveu fazer as coisinhas dela e trancou a faculdade provisoriamente. Ela falou pra mim que estava pensando em fazer Fisioterapia. Gostava muito de ajudar as pessoas, acredito que seja por isso", disse Letícia.


Família contratou advogado para acompanhar o caso

Letícia contou que a família contratou um advogado para acompanhar o caso de perto, mas como não tem condições financeiras de arcar com os honorários do profissional, amigos e familiares estão ajudando como podem. Muitas pessoas que se sensibilizaram com o caso também estão ajudando por meio de contato pela internet e redes sociais.

"A gente contratou um advogado. Vamos lutar por justiça, lutar por ela, por tantas meninas, moças, mulheres que podem vir a sofrer. Agradeço imensamente as mensagens de carinho. As pessoas estão ajudando muito. Minha família realmente precisa pedir ajuda para custear tudo da melhor forma. A gente quer justiça", finalizou Letícia.


Fonte: G1 ES


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