'Feliz Dia das Mães mais dolorido do mundo, Mãezinha', escreve filho de Rita Lee em rede social


 Homenagens foram feitas pelos filhos da cantora neste domingo (14).

Filho de Rita Lee mostra último autógrafo dado pela mãe; Antônio Lee fez homenagem à artista no Dia das Mães — Foto: Reprodução/Redes sociais

Os filhos da cantora Rita Lee publicaram textos nas redes sociais em homenagem à cantora neste domingo (14), data em que é celebrado o Dia das Mães.

Antônio Lee, o filho caçula de Rita, contou a história do último autógrafo dado por Rita, feito para um fã muito especial: o neto Arthur, e finaliza com a mensagem:

"Feliz Dia das Mães mais dolorido do mundo, Mãezinha".

João Lee, também prestou uma homenagem à mãe e contou sobre a decisão de voltar a morar com os pais depois que a cantora descobriu um tumor no pulmão.

"Perdi a conta de quantas vezes falei que a amava nesses últimos anos. Continuei falando até seu último suspiro. Queria poder falar mais um monte de vezes hoje. Te amo mãe, onde quer que você esteja, para sempre! Feliz dia das mães".

João Lee publica texto em homenagem à Rita Lee. — Foto: Reprodução/ Instagram

Beto Lee também publicou uma foto com a mensagem "across the universe, in the infinity of space and time, I will see you again" ("através do universo, no infinito do espaço e do tempo, eu te verei novamente, em tradução para o português).

Rita Lee morreu aos 75 anos, na noite de segunda-feira (8), mas sua história fica para sempre: na música e na sociedade brasileira. 

Veja abaixo:

Homenagem de Antônio Lee.

"Esse foi o último autógrafo da minha mãe.

Quando eu era pequeno, não entendia muito bem esse ritual. Pessoas surgiam do nada com papel e caneta, mãos meio trêmulas. Ficavam hipnotizadas enquanto minha mãe fazia uns rabiscos. Depois, pegavam o papel de volta e saíam chorando, emocionadas. Por que um papel com um nome assinado causava tanta comoção?

Com o tempo, o autógrafo foi cedendo espaço para as selfies no celular e vídeos mandando recado. Mas, hoje, mais do que nunca, eu entendo o barato do autógrafo. O autógrafo é analógico. É uma relíquia, um pedaço daquele momento, uma prova viva com reconhecimento de firma que o encontro realmente aconteceu.

Nunca vi minha mãe negar um autógrafo. O pior que podia acontecer a um fã era chegar sem papel nem caneta e ela soltar o famoso “pô, bichô!?”.

Um dia, enquanto visitava ela no hospital com meu filho Arthur, de 5 anos, o assunto veio à tona. Eu comentei que a vovó Rita tinha um autógrafo muito legal, com desenho de disco voador e tudo! Ele ficou animado: "Eu quero um autógrafo da vovó Rita!" E ela, claro, não negou. Coloquei no colo dela um papel e uma caneta. As mãos estavam fracas, o punho já não tinha a mesma flexibilidade de antes. Mas ela se lançou no desafio

Primeiro, fez a dedicatória e a assinatura. Depois, o disco voador, provavelmente seu assunto preferido. Ela sempre se dedicava mais nessa parte. Enquanto terminava o desenho, reclamou que a mão não obedecia como queria. Não satisfeita com o disco, tentou desenhar outro mais para a direita, só para provar a si mesma que conseguia fazer um melhor. Até que desabafou: "a mão não tá indo, saco!".

São mais de 50 anos dessa troca entre ídolo e fã. Foram milhares de vezes repetindo esse mesmo gesto. Milhares de folhas de papel espalhadas por aí que marcam um momento em que ela esteve presente. E sem saber que aquela seria a última vez, foi lá e assinou seu nome tão lindo. Dedicado a um grande fã que vai sentir muitas saudades da vovó.

Feliz dia das Mães mais dolorido do mundo, Mãezinha"

Homenagem de João Lee:

"Faz pouco mais de dois anos que tomei uma das decisões mais importantes da minha vida. Quando minha mãe descobriu um tumor no pulmão, eu decidi voltar a morar com meus pais. Não pensei duas vezes. Queria colaborar e fazer tudo que fosse possível e necessário para ajudar minha mãe em sua recuperação. Durante esses dois anos, não desgrudei deles. Acompanhei-os em todas as consultas médicas, todos os dias de radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e nos dias em que ela ficou internada, era dos primeiros a chegar e só ia embora depois que ela dormia. Foram rotinas novas e situações difíceis, que nenhum filho sonha viver com sua mãe. Mas também vivi muitos momentos especiais. Um dos momentos que guardarei no meu coração para sempre foi quando, toda noite, colocava minha mãe para dormir. A dinâmica era sempre a mesma: todos íamos juntos para o quarto dela, esperávamos enquanto ela colocava pijama, escovava os dentes, tomava seus remédios e deitava na cama. Meus pais então faziam uma oração e no final eu ficava sozinha com ela no quarto, deitados na cama e olhando para o teto todo cheio de estrelinhas que brilham no escuro. Conversávamos até que ela pegasse no sono.

Só então eu me levantava, dava a volta na cama, dava um beijinho na sua testa e falava bem baixinho no seu ouvido:

"boa noite, te amo mãe*. Perdi a conta de quantas vezes falei que a amava nesses últimos anos. Continuei falando até seu último suspiro. Queria poder falar mais um monte de vezes hoje. Te amo mãe, onde quer que você esteja, para sempre! Feliz dia das mães"

Rita Lee: a revolução em forma de mulher

Para além de sua autobiografia e de inúmeras entrevistas que concedeu ao longo da carreira, Rita Lee deixou marcas da sua personalidade também nas redes sociais.

O Instagram da cantora era atualizado com alguma frequência, com fotos de animais, alguns "tbts" em família e uns poucos registros atuais — como quando, em 4 de março, publicou uma foto sua feita por seu marido, o músico Roberto de Carvalho, com a legenda "home".
Mas é o Twitter que carrega o maior legado virtual da cantora. Rita Lee contribuiu — e muito — com o acervo de tuítes, digamos, atemporais, que frequentemente servem memes e brincadeiras na internet.

"E eu sou lá mulher d fazer back up? Perdi tudo, foda-se eu", escreveu certa vez na rede social onde, segundo a própria, "só fofoqueiro tem lá".

Fonte: G1




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