Túnel que pode levar ao túmulo de Cleópatra é "milagre geométrico"

Koantao/CC-BY-3.0

O túnel secreto encontrado sob as ruínas da cidade de Taposiris Magna, em 2022, e que pode levar ao túmulo de Cleópatra e Marco Antônio, continua a trazer descobertas impressionantes à arqueologia. Desta vez, estudos constataram o que está sendo chamado de “milagre geométrico” na estrutura do corredor, um feito arquitetônico com poucos paralelos na história do mundo.

O achado milenar é obra de Kathleen Martinez, pesquisadora da Universidade de Santo Domingo, e colegas arqueólogos. O túnel — feito de arenito — fica a 13 metros abaixo do solo, possuindo 2 metros de altura e se estendendo por 1.305 metros. Por conta de sua localização, ele vem sendo chamado de Túnel de Taposiris Magna.

O que torna o túnel especial?

Em novembro de 2022, os pesquisadores já notaram semelhanças do Túnel Taposiris Magna com outra estrutura — o Túnel de Eupalinos, na ilha de Samos, Grécia, construído no século VI a.C. Ele foi, na verdade, construído para servir de aqueduto, tendo 1.036 metros de comprimento e edificado de uma maneira bastante inovadora.

O Túnel de Eupalinos foi construído pelo arquiteto antigo de mesmo nome, conectando norte e sul da ilha, cruzando a colina Spiliani, e funcionou por mais de 1.000 anos. Sua construção começou simultaneamente a partir dos dois extremos, encontrando-se perfeitamente no centro graças a cálculos precisos. É o primeiro túnel cuja realização dependeu de cálculos matemáticos.

Construído depois da estrutura de Samos, a de Taposiris Magna tem um projeto muito similar, e mesmo que não tenha sido a primeira obra a obter esse feito, sua construção não teve outros paralelos até hoje, tornando a engenharia necessária para tal ainda bastante impressionante. Parte dele está submersa em água, e, embora se pareça com o aqueduto de Eupalinos, o propósito do túnel para a época ainda é desconhecido.


Templo de Osíris em Taposiris Magna, a oeste de Alexandria, cuja face aponta para o mar (Imagem: Koantao/CC-BY-3.0)

Cleópatra e Taposiris Magna

Para os pesquisadores responsáveis pela exploração do túnel, a esperança é de que a estrutura contenha pistas que levem à tumba de Cleópatra VII, a última da dinastia Ptolemaica. Taposiris Magna, em si, teve sua construção ordenada por Ptolemeu II, filho do general de mesmo nome de Alexandre, o Grande, que obteve o controle do Egito e era um dos ascendentes da famosa faraó. Cleópatra reinou de 51 a.C. até 40 a.C., quando se suicidou.

O templo que abriga o túnel em seu subsolo seria, segundo cientistas, dedicado aos deuses Osíris e Ísis, sua esposa, que era associada fortemente à figura de Cleópatra VII e cultuada durante seu reinado. No túnel, foram encontradas moedas com os rostos da faraó e de Alexandre, o Grande, além de diversas imagens esculpidas de Ísis.

Câmaras mortuárias com enterros greco-romanos também foram encontradas no templo, o que indica a possível presença de estruturas similares contendo os restos mortais de Cleópatra e Marco Antônio, seu marido. Na próxima etapa da pesquisa, o Mar Mediterrâneo próximo deverá ser estudado.

Encontrar o túmulo de Cleópatra revolucionará a arqueologia, mas mesmo que nunca encontremos seus restos mortais, o Túnel de Taposiris Magna já nos trouxe descobertas incríveis (Imagem: Heinrich Faust/Domínio Público)

Entre 320 e 1.303 d.C., uma série de terremotos atingiu a costa, causando o desabamento de parte do templo, que foi tomado pelas ondas. Escavações anteriores também mostraram uma série de túneis indo do Lago Mareotis até o Mar Mediterrâneo.

Mesmo que as tumbas não sejam encontradas, os pesquisadores já consideram as escavações nas ruínas — incluindo a descoberta do túnel — grandes achados arqueológicos, que deram à ciência diversos artefatos cerâmicos antigos e um bloco de calcário retangular que nos revela um pouco mais das práticas arquitetônicas da época.

Fonte: Canal Tech / Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito


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