Fazenda autônoma permite que cliente 'colha' a própria alface em supermercado de SP


Máquina foi criada pela agtech 100% Livre, que trabalha com fazendas verticais na capital paulista

Mini Fazenda Vertical desenvolvida pela empresa 100% Livre — Foto: Divulgação

Uma máquina de autoatendimento que permite ao cliente “colher” uma hortaliça livre de agrotóxicos na hora, como se estivesse em uma fazenda. Essa é a proposta da máquina Mini Fazenda Vertical, desenvolvida pela empresa 100% Livre, que está em funcionamento em uma loja do Pão de Açúcar, em São Paulo.

Diego Gomes, 37 anos, CEO da agtech, conta que a ideia surgiu no ano passado. O objetivo era levar um pouco da experiência de uma fazenda para mais perto do consumidor. Ele calcula que o investimento para o desenvolvimento tenha ficado na casa dos R$ 10 mil. “Passamos de quatro a cinco meses desenhando a máquina e buscando fornecedores para concretizar”, diz.

O equipamento foi instalado há cerca de 15 dias, a princípio com três tipos de hortaliça: alface lisa, mimosa e frisée. “É possível colher na hora e ir direto para o caixa. O cliente consegue ver, em tempo real, a iluminação, a troca de ar, a temperatura ideal, ter uma experiência próxima ao que fazemos nas fazendas”, explica. Até o momento, a reposição tem sido feita a cada dois dias, em média. “A gente já leva no ponto da colheita, em um tamanho entre 120 e 140 gramas, que seria uma boa quantidade para duas pessoas consumirem em até três dias”, diz.

O consumidor seleciona suas hortaliças e realiza o procedimento de compra e colheita sem precisar tocar nos vegetais – como em uma vending machine. Gomes conta que, nos primeiros dias, os clientes achavam que a máquina era só para ser observada, como um totem. Foram necessários alguns ajustes na comunicação visual para encorajá-los a interagir com o equipamento.

O empreendedor adianta que já está conversando com redes de restaurantes e escolas para instalar máquinas nos locais. Outros supermercados também podem receber a novidade que, segundo ele, sai mais barata para o consumidor, inclusive em comparação com outros produtos de hortifruti da marca. “O outro [produto] já é embalado, fechado, com um controle maior de temperatura, além de ser higienizado. O produto da máquina precisa ser lavado, pois tem mais contato humano”, diz.

Diego Gomes, CEO da 100% Livre — Foto: Divulgação

A 100% Livre surgiu a partir de uma preocupação do próprio empreendedor e de sua esposa com a alimentação do primeiro filho, que nasceu em 2014. “Começamos a ir a feiras de orgânicos, mas não era fácil de encontrar como hoje em dia”, diz.

Ele lembra de ter visto uma reportagem em 2018 sobre o conceito de produção de hortaliças em ambiente controlado, e foi buscar mais informações. Gomes encontrou um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que tinha algumas análises sobre o tema, que foram o pontapé inicial para ele começar suas pesquisas. “Junto com isso começamos a equipe da 100% Livre”, conta.

A empresa desenvolveu um sistema de produção mais curto, com várias safras ao ano, para diferentes espécies de hortaliças, como alface, agrião, manjericão, coentro, tomate e morango. Recentemente, iniciou a produção de trigo indoor. As vendas para pessoas físicas são feitas pelas plataformas digitais da empresa e por meio da distribuição para redes de supermercados, hortifrutis, restaurantes e até hospitais da capital paulista. Nesses casos, os produtos são vendidos embalado.

Gomes conta que a empresa começou em um contêiner. Com o tempo, instalou uma torre de produção vertical, chegando depois a um total de seis. No ano passado, a 100% Livre recebeu um aporte de R$ 10 milhões da BMPI Venture, braço de Venture Capital da BMPI Infra, para acelerar sua expansão, e agora chegou a 33 torres. Para este ano, a previsão de faturamento da 100% Livre é de R$ 3 milhões.

As duas fazendas verticais da 100% Livre, localizadas no Ipiranga, zona sul de São Paulo, têm capacidade de produzir até 40 toneladas de alimentos por mês. “Já começamos também a construção da segunda fazenda, que será em Osasco.” A expectativa é que, com isso, a empresa consiga quintuplicar a capacidade de produção.


Fonte: PEGN


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