Rafael Souza Rodrigues foi assaltado e levou um tiro na coluna disparado por um passageiro atendido por meio de um aplicativo de corrida no início de outubro, em Vitória.
Mototaxista fica paraplégico após ser baleado em assalto enquanto trabalhava no ES / Reprodução vídeo g1
A violência pode mudar para sempre a vida de uma pessoa. E foi isso o que aconteceu com Rafael Souza Rodrigues, de 29 anos, mototaxista baleado enquanto trabalhava, no início de outubro, em Vitória, e que ficou paraplégico.
O tiro atingiu a coluna do Rafael, que já trabalhava há um ano como mototaxista. Ele contou que preferia trabalhar em Vitória justamente para fugir da violência.
"Tudo começou com uma solicitação normal, eu fui atendê-la. Chegando no local, que era ali no Bairro da Penha, busquei o passageiro, ele confirmou o nome certo com o aplicativo e aí iniciei a viagem", disse o mototaxista.
Era para ser uma corrida rápida, mas algumas ruas antes do destino final, o passageiro resolveu descer no bairro Joana D'ar, em Vitória, onde anunciou o assalto.
"Desceu da moto e sacou a arma. E falou: 'perdeu, perdeu'. Ele disparou a arma, sentou na moto com meu celular no suporte e se evadiu do local", lembrou Rafael.
Mototaxista ficou caído na rua após ser baleado e foi socorrido por moradores
Os moradores ouviram o tiro e chamaram o socorro. Rafael contou que enquanto estava caído no chão viu tudo o que acontecia.
"O disparo me atingiu e, na mesma hora, eu já perdi o movimento, mas fiquei consciente", contou Rafael.
O suspeito que atirou no mototaxista fugiu levando o telefone e a moto dele, que ainda está sendo paga. No hospital, Rafael recebeu a notícia de que não iria conseguir voltar a andar.
"Não me deram esperança de voltar a andar. É impactante. Em um segundo você está andando e, no outro, você não está mais", disse o mototaxista.
Mudança de casa e mobilização de amigos e familiares
Após o assalto, Rafael teve que se mudar da casa própria, que tinha escada, para uma outra residência, agora alugada. Sem benefício social e sem poder trabalhar, familiares e amigos agora tentam ajudar como podem para arcar com os gastos, principalmente relacionados à saúde.
"Trabalho com médico, fisioterapia. Tenho a prestação da moto que ele levou. Vai ter luz, água pra pagar, até mesmo compra pra fazer. Vai ficar dificil pra minha mãe", disse Rafael.
Moradores da região da Grande São Pedro, em Vitória, fizeram uma campanha na internet para arrecadar fundos para ajudar o mototaxista.
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Amigos e moradores da Grande São Pedro fazem mobilização para ajudar mototatxista baleado em assalto — Foto: Reprodução/Redes sociais
A mãe e a namorada, a vendedora Leidiane Martins, estão sendo fundamentais na recuperação dele.
"O cara trabalhando, sai de casa, se sujeita a te carregar, te pegar em um lugar e te deixar no outro destino. Não foi humano, é uma pessoa que tem que ter justiça. É algo bem difícil. Tudo mudou. A vida dele mudou, mudou a minha vida, a da mãe, de todos os familiares, mas não é o fim. A gente sempre tem esperança. É só uma fase ruim que vai passar", disse Leidiane.
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Leidiane Martins ajuda o namorado Rafael de Souza em sua recuperação — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Mesma sem ajuda do aplicativo e sem notícia do paradeiro da moto roubada, Rafael tem esperança e pretende retomar a vida como era antes.
"Pelo aplicativo, eu tenho o nome de quem solicitou a corrida, mas a polícia não veio saber notícia de nada, nem mesmo o aplicativo. Só pediu o Boletim de Ocorrência, laudo médico, mas ajuda também não tive, nem da polícia e nem do aplicativo. [Espero] ter a cabeça pra conseguir superar tudo isso e recomeçar tudo do zero", disse o mototaxista.
A 99Pop informou que "lamenta o ocorrido com o motociclista parceiro. Assim que o incidente foi registrado, o perfil do passageiro solicitante foi bloqueado da plataforma e uma equipe está em contato com o motociclista parceiro para prestar o acolhimento e orientações sobre suporte psicológico, reembolso de despesas médicas e acionamento de seguro. A empresa está disponível para colaborar com as investigações das autoridades".
Ainda na nota, a empresa disse que "tem a segurança como prioridade e, ciente da dura realidade da violência no país, segue investindo na proteção dos usuários antes, durante e depois das corridas. Para tanto, o aplicativo disponibiliza mais de 50 sistemas de segurança e realiza escuta ativa com a comunidade de motoristas e motociclistas parceiros para investir em iniciativas de segurança que mais fazem diferença para eles".
Investigações
Até a publicação desta reportagem, nenhum suspeito do assalto ao mototaxista tinha sido preso.
A Polícia Civil disse que o caso foi registrado como tentativa de latrocínio e segue sob investigação do Departamento Especializado de Investigações Criminais (DEIC).


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