Irmãs responsáveis por abrigo clandestino de onde idosa fugiu para pedir socorro estavam com cartões dos moradores, diz MP


Local foi interditado no domingo (14), em Ponta Grossa. As duas foram denunciadas pelo crime de tortura. g1 aguarda retorno da defesa das acusadas.


Cartões de contas bancárias e de benefícios de idosos que eram mantidos em um abrigo clandestino foram encontrados com as duas irmãs responsáveis pelo espaço, segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Segundo o órgão, as irmãs recebiam valores entre um salário mínimo e R$ 1,9 mil de familiares de cada um dos idosos abrigados. Conforme o Estatuto do Idoso, abandono de idosos é crime.

No último domingo (14) o espaço, que ficava em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do estado, foi interditado. Segundo a Vigilância Sanitária, o local funcionava sem a documentação e, portanto, de forma irregular.

A situação chegou ao conhecimento das autoridades policiais quando uma idosa, de 68 anos, fugiu do local e saiu pela rua buscando ajuda e pedindo socorro. Câmeras de segurança registraram a fuga.

O MP-PR denunciou nessa sexta-feira (19) as duas mulheres, identificadas como Márcia Jaqueline Ramos e Simone de Elisandra Ramas, pelo crime de tortura. O g1 aguarda retorno das advogadas das suspeitas.

Além do crime de tortura, elas foram denunciadas por diversos crimes praticados contra idosos e que estão previstos em legislação. Elas continuam presas preventivamente.


'Precariedade emocional'

Segundo o MP-PR, as duas irmãs, de 52 e 46 anos, mantinham nove pessoas em situação de absoluta precariedade e sob grave violência física e emocional. Elas e responderão ao processo em privação de liberdade.

As investigações indicaram que além das ameaças, os internos eram agredidos constantemente, com puxões de cabelo, socos e arranhões, praticados a pretexto de castigo pessoal e como forma de fazê-los obedecer às ordens dadas pelas denunciadas.

Além da condenação, o Ministério Público solicita na denúncia que seja fixado pelo Judiciário a obrigação de pagamento de quantia referente aos danos morais causados às vítimas.

As vítimas têm entre 51 e 82 anos de idade e foram encaminhadas para acolhimento pela rede de proteção e assistência social do município. Alguns deles alegavam ser de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, por isso, foram encaminhados à cidade.


Piso escorregadio, falta de comida e remédios desorganizados


De acordo com a denúncia, o local onde o abrigo funcionava tinha uma série de descumprimentos à legislação e oferecia diversos riscos aos abrigados.

Conforme o MP-PR, o piso era escorregadio, não contava com estrutura antiderrapante ou barras de apoio, possuía escadas e muitos desníveis.

Os idosos também eram privados de acesso adequado à alimentação e condições de repouso, uma vez que o espaço não tinha camas e eles dormiam em colchões espalhados pelo chão.


As investigações apuraram ainda que os remédios dos abrigados eram mantidos em cima de uma geladeira, desorganizados e sem qualquer tipo identificação. Dessa forma, segundo o MP-PR, os idosos ficavam expostos ao risco de os acessarem sem qualquer orientação ou prescrição.

Além disso, conforme o órgão, os internos não recebiam acompanhamentos médicos.

Na denúncia, a Promotoria de Justiça aponta que todos os idosos foram encontrados em situação de "extrema vulnerabilidade, sendo que três deles necessitaram de atendimento médico em razão de desidratação, pressão arterial alta e devido ao estado físico debilitado e também emocional muito abalado".


Da Redação/Com informações do G1 Campos Gerais e Sul 




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