VÍDEO | Falas supostamente racistas de jovens serão investigadas pela PCES


No vídeo, as jovens dizem frases como "Pelo menos eu não fui feita de palhaça por um preto". Um inquérito foi instaurado pela Delegacia Especializada de Infrações Penais de Linhares, no Norte do Espírito Santo.

A Polícia Civil vai investigar três jovens que teriam feitos comentários racistas em um vídeo que circula nas redes sociais (assista abaixo). Nas imagens, que foram postadas e excluídas pouco tempo depois, as meninas utilizam a palavra "preto" de forma pejorativa durante uma trend (brincadeira tendência na internet). Um inquérito foi instaurado pela Delegacia Especializada de Infrações Penais e Outras (DIPO) de Linhares, no Norte do Espírito Santo.

Na ocasião, as meninas participam de uma brincadeira parecida com o "eu nunca?", mas com ataques umas às outras com histórias pessoais, que envolvem relacionamentos, amizades, entre outros temas. Quando era "atacada", a pessoa precisaria se defender.

Foi com esta brincadeira que as supostas ofensas surgiram. Os rostos das jovens foram borrados e as vozes distorcidas porque a polícia ainda vai iniciar a investigação para averiguar se houve ou não crime de racismo.

Polícia vai investigar vídeo com falas supostamente racistas de jovens do ES — Foto: Reprodução

Entre os comentários, as jovens disseram:

'"Pelo menos eu não fui feita de palhaça por um preto".

"Pelo menos eu não sou 'best' [termo para melhor amiga em inglês] de um desquerido que ainda é preto, e que na primeira oportunidade não me deu carona, para dar para uma feia".

"Pelo menos eu não tenho que dar satisfação para um menino preto".

"Essa amizade com preto não vale nada, não".

Polícia vai investigar vídeo com falas supostamente racistas de jovens do ES — Foto: Reprodução

Questionada sobre o assunto, a Polícia Civil informou que mais detalhes sobre o caso não seriam repassados "para que a apuração seja preservada".

Já o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou que aguarda a conclusão e o recebimento do inquérito policial referente ao caso, "para a posterior análise dos fatos e adoção das medidas cabíveis".


O que dizem as defesas

A reportagem entrou em contato com familiares de uma das jovens nesta segunda-feira (8), que disseram que só irão se pronunciar após uma reunião com o advogado.

Os demais advogados das outras duas garotas do vídeo não foram localizados.


Punição

Advogado criminalista, Rivelino Amaral explicou que as pessoas têm o direito, por força da Constituição, de se manifestarem e expressarem as suas opiniões acerca de tudo. No entanto, isso não pode ultrapassar o limite do respeito às outras pessoas, o que aconteceu no vídeo.

"Elas ultrapassam o limite estabelecido pela lei, que é o respeito às pessoas, não obstante a cor, a raça, a religião, a etnia, o sexo, a opção sexual, enfim, isso que a lei visa proteger. Então, elas cometem crimes sim", explicou.

De acordo com o advogado, as jovens podem ser punidas no final do inquérito.

"Se elas forem menores, elas são alcançadas também pela lei, porque não existe uma lei para menor. No código penal, a lei de racismo é uma só, tanto para maior quanto para menor. Só que a lei estabelece para o menor uma pena máxima de 3 anos. Já o maior de idade pode sofrer uma sanção de até 30 anos, que é a maior pena que tem no código penal", explicou o advogado.

O advogado destacou ainda que pessoas com menos de 12 anos de idade, segundo a Constituição brasileira, não sofrem sanção de nenhuma espécie do Estado.


Fonte: g1 ES


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