Entenda ponto a ponto a tragédia que matou mãe e dois filhos eletrocutados em piscina

Vítimas morreram depois que fiação elétrica caiu dentro da água, em chácara de Rio Branco do Sul, Região Metropolitana de Curitiba.

Mãe e dois filhos morrem após fiação elétrica romper e cair dento de piscina, em Rio Branco do Sul — Foto: Arquivo pessoal

Roseli da Silva Santos, de 41 anos, Emily Raiane de Lara, de 23 anos, que estava grávida, e Agner Cauã Coutinho dos Santos, de 17 anos, morreram após a piscina em que estavam ser atingida por um fio de energia elétrica.

O caso aconteceu no domingo (4). Além das mortes, 10 pessoas ficaram feridas.

Como e onde aconteceu?

Quiosque na chácara em Rio Branco do Sul — Foto: Reprodução/RPC

Segundo testemunhas, cerca de 40 pessoas alugaram a chácara para passar o domingo (4). No local, havia piscinas e quiosques.

O acidente aconteceu, conforme a investigação, quando um cabo da rede elétrica foi atingido por um galho, rompeu e caiu na água onde estava o grupo.

Segundo testemunhas, não chovia na hora do acidente, mas ventava forte.

Como foi o salvamento?

O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas teve dificuldades de encontrar a localização exata devido à falta de sinal de operadora de celular. Houve tentativa de fazer resgate aéreo, mas devido a instabilidade do tempo, só foi possível o salvamento por terra.

As vítimas foram encaminhadas por outras pessoas presentes no local e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Branco do Sul.

Depois, as vítimas que estavam em estado grave foram transferidas para o hospital com a ajuda dos bombeiros.

Quem são os mortos?

Roseli da Silva Santos, de 41 anos,
Emily Raiane de Lara, de 23 anos, que estava grávida
Agner Cauã Coutinho dos Santos, de 17 anos

Roseli era mãe de Emily e de Agner. Eles foram sepultados na terça-feira (6), em Itaperuçu.

Antes do sepultamento, amigos e familiares se despediram dos três em um cortejo que foi acompanhado por diversos veículos e pessoas a pé, com balões brancos.

Parentes e amigos se despedem, em cortejo, de família que morreu eletrocutada em piscina

Quem são as vítimas?

Além de Roseli, Emily e Agner, que faleceram, 10 pessoas ficaram feridas e precisaram de atendimento médico.

Inicialmente o Corpo de Bombeiros informou nove feridos no boletim divulgado no dia do acidente, mas o número foi corrigido pela prefeitura.

As vítimas foram:
  • Um menino de 7 anos;
  • Um adolescente de 12 anos;
  • Uma adolescente de 12 anos;
  • Um adolescente de 14 anos;
  • Uma adolescente de 17 anos;
  • Um homem de 27 anos;
  • Um homem de 25 anos;
  • Uma adolescente de 17 anos;
  • Um homem de 32 anos;
  • Uma mulher de 34 anos.
Nesta esta terça-feira (6), o homem de 27 anos, que era namorado de Roseli, continuava hospitalizado no Hospital do Trabalhador.

A chácara estava regular?

Segundo a polícia, a chácara era registrada como "microempreendedor individual" (MEI), por isso, não precisava de alvará de funcionamento.

No registro, entretanto, a empresa está cadastrada na atividade de "limpeza", ainda conforme a polícia.

Segundo o delegado responsável pelo caso, o local funcionava há cerca de cinco anos. O MEI do negócio, porém, foi formalizado em outubro de 2023.

O que disse o dono da chácara?

Em entrevista à RPC, no dia do acidente, o proprietário do local, Elmo Agostinho, disse que o cabo de energia já havia arrebentado uma vez e que a Companhia Paranaense de Energia (Copel) "emendou o fio". A empresa é a responsável pela geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no estado.

Apontou, ainda, que outro cabo que passa pela propriedade também estava emendado.

Ele afirmou, ainda, que pediu à Copel a mudança da rede para outro local, para não passar por cima da propriedade.

O que diz a Copel?

Por meio de nota, a Copel lamentou o acontecimento, confirmou que o rompimento da rede foi causado pela queda do galho e ressaltou que a chácara é privada e não tem gestão da companhia.

A Copel afirmou, ainda, que a rede de energia em questão passa por manutenção frequente e continuada.

Imagens de satélite enviadas pela empresa mostram que a rede elétrica passava pela propriedade em 2013 e, na época, não havia nenhuma piscina no local. A Copel não informou, entretanto, se após a instalação da piscina, seria necessária a alteração da rede no local.

Segundo Copel, piscina foi construída depois da fiação elétrica — Foto: COPEL

Veja a nota da Copel na íntegra:

"A Copel, a propósito do rompimento da rede de energia por galho de pinheiro, provocada por chuva com vento de mais de 60 km/h, no domingo 4 de fevereiro, em Rio Branco do Sul, informa que a chácara onde se deu o ocorrido, alugada pelo proprietário para terceiros com fins comerciais, é uma propriedade privada sobre a qual a companhia não possui gestão. A Copel seguirá acompanhando o caso e vai colaborar com as autoridades na investigação.

A rede de energia em questão passa por manutenção frequente e continuada, como é o padrão da Copel. A Copel lamenta o ocorrido, se solidariza com as famílias e orienta a todos que obras, inclusive aquelas utilizadas para fins comerciais, como é o caso da referida chácara, são de responsabilidade dos proprietários, mas precisam ser acompanhadas por profissionais de engenharia a fim de garantir que as edificações fiquem afastadas dos fios da rede elétrica.

A imagem acima é a justaposição de duas fotos de satélite que registram o mesmo ângulo em épocas diferentes. A justaposição feita pela área de obras da Copel Distribuição registra a existência da rede antes de a piscina ser construída."

O que diz a Prefeitura de Rio Branco do Sul?

Em nota, a prefeitura de Rio Branco do Sul lamentou o ocorrido e informou que o estabelecimento tem como data de abertura na Receita Federal o dia 16 de outubro de 2023, onde declarou ser MEI.

Por esta razão, de acordo com a prefeitura, ficou dispensada de possuir alvará e licença de funcionamento.

Por fim, a administração municipal disse que está à disposição para colaborar com as investigações.

O que pode acontecer com os proprietários da chácara?

Conforme a Polícia Civil (PC-PR), caso as investigações concluam que havia irregularidades no local, os responsáveis podem responder por lesão corporal e homicídio com dolo eventual – quando a pessoa não tem a intenção direta de causar a morte da vítima, mas assume o risco ao realizar uma conduta perigosa.


Fonte: G1



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