‘Vovó da Folia': idosa de 102 anos que adora cerveja e bloco de carnaval dá a receita da longevidade: 'frequentem os bailes'

 

Lourdes Trovato de Rezende, a dona Lurdinha, ficou afastada da festa de momo durante a pandemia, mas retornou em 2024 e participou do bloco “Concentra, mas não sai” no pré-carnaval de Juiz de Fora.


Muitos e muitos carnavais. E não é trocadilho. Com 102 anos, a juiz-forana Lourdes Trovato de Rezende, carinhosamente conhecida como dona Lurdinha, tem uma longeva história de carnaval.

Além do samba, dona Lurdinha adora uma prosa, cerveja preta e um passeio na rua. Com quatro filhos, oito netos, oito bisnetos e um tataraneto que está por vir, gosta de um bom papo para contar as histórias de família.

Em várias décadas de folia, o amor pela festa de momo atravessou gerações a ponto da avó, que antes levava os netos para os bailes, hoje ir com o neto para o bloco. Uma das atrações que dona Lurdinha e o neto Carlos Alberto Rodrigues, 59 anos, curtiram recentemente foi o ‘Concentra, mas não sai’, no Bairro Jardim Glória, no pré-carnaval da cidade.

“Nos últimos anos, ela sempre ia com a minha mãe, que faleceu no ano passado, aos 82 anos. Sempre foi tradição ela nos levar nos bailes e nos desfiles, inclusive na Rio Branco”, relembra Carlos.


Mesmo após um grave acidente do marido, a foliã não deixou de curtir a festa:

“Há mais ou menos 40 anos, quando todos ainda eram mais novos, meu avô caiu e parou de andar. Ainda assim a gente adaptava o carro e o levava para ver o desfile na Rio Branco. A gente ficava ali perto da Catedral vendo as escolas passarem na avenida. Minha vó sempre foi enraizada em Juiz de Fora e sempre optou passar o carnaval daqui”, conta o neto.

Para William Chopinho, presidente do “Concentra, mas não saí”, ter dona Lurdinha no bloco é motivo de alegria para todos os foliões. “É minha amiga, faz parte do bloco há mais de 20 anos. Ano passado, ainda por causa da pandemia, teve receio e acabou não saindo, mas foi uma alegria recebê-la de volta esse ano”.


A concentração do bloco foi na Praça Armando Toschi, conhecida como Praça do Bar do Léo, no Jardim Glória. Como acontece há 28 anos, os foliões se reúnem para o samba, sem desfilar pelas ruas.


Muita energia e repertório

“Ela adora passear. Quando saí, adora entrar em algum lugar e dizer que tem 102 anos. Ela tem repertório”, brinca o neto. “Outro dia saiu para fazer compras com meio irmão e ficou quase 12 horas na rua”.

O retorno dela às folias de momo, depois da pausa na pandemia, também foi festejada pelo neto, que não avisou a avó sobre o passeio.


“Eu a busquei em casa, e foi uma surpresa. Na correria para sair, só esquecemos de levar a máscara. Mas acabou dando tudo certo. Claro que tomamos outros cuidados, como ter alguém sempre perto dela, alimentação de uma em uma hora e água, para não desidratar”.


“Frequentem os bailes”

A surpresa preparada por Carlos emocionou dona Lurdinha, que não escondeu a felicidade de voltar ao bloco. “Não sabia que viria. Fui almoçar na casa dele, ele me deu a camisa [do bloco] e me trouxe. Fiquei muito feliz em estar no meio de todos”, conta.

Um dos segredos para chegar aos 102 anos lúcida, alegre e brincando o carnaval é justamente curtir os prazeres carnavalescos.

“Meu conselho a todos é que frequente os bailes. Isso foi a minha alegria, assim como entrar para o bloco. Ano que vou tá com a camisa, aqui de novo”.


Postagem Anterior Próxima Postagem