Menino de 2 anos que aprendeu a ler e escrever sozinho impressiona a web

Garotinho de São Paulo já sabe escrever palavras complexas e até nomes de músicas do seu cantor favorito, Thiaguinho - e tudo sem ajuda! "Foi natural. Ele gostava de escrever e cantar, aí quando tocava a música, aparecia o nome na tela e ele copiava", diz o pai, Matheus.


O pequeno Fernando Oliveira Almeida, de São Paulo, impressionou a web ao mostrar que, com apenas 2 anos de idade, já sabe ler e escrever. Nos vídeos publicados no TikTok do pai, Matheus de Almeida, 28, motorista de aplicativo, o menino escreve rápido e lê várias palavras complexas, como "desencana" e "abandonado" - sem ajuda! Em um dos clipes, que alcançou mais de 7 milhões de visualizações, ele escreveu "Tá vendo aquela lua" e "Fugidinha", músicas do Thiaguinho, seu cantor favorito. O pai descobriu, na última terça-feira (19), que o filho tem um quociente de inteligência (QI) 139 — a maioria das pessoas tem um QI entre 91 e 109 — o que explica a facilidade dele com escrita e leitura.

Matheus conta que Fernando frequenta a creche por meio período e que ele aprendeu a ler e escrever sozinho. Desde que o menino era pequeno, o pai percebeu que o filho era cativado por letras e palavras. "Ele sempre teve livros para brincar, mas quando ele tinha 1 ano e 4 meses, fomos a uma livraria que tinha uma mesinha com letras de plástico que encaixavam. A gente ficou quase duas horas lá e ele ficou brincando e encaixando as letrinhas. Foi aí que eu percebi que ele realmente tinha interesse nas letras", diz.

Como Fernando gostou muito da mesa com as letras, Matheus decidiu comprar uma para o filho. O pai percebeu que o garotinho conseguia reconhecer algumas das letras, por isso, começou a fazer brincadeiras com ele usando a mesinha. Matheus falava uma letra, o menino pegava a peça de plástico correspondente e entregava para ele.

"Talvez estes tenham sido os primeiros estímulos para ele ler e escrever. Mas não fazia isso para alfabetizá-lo, não sabia se poderia ser prejudicial ou não, eu só fazia porque achava bonitinho que ele sabia identificar as letras. Daí para frente ele foi só aprimorando", lembra. Isso tudo aconteceu antes do menino aprender a falar, o que ocorreu com 1 ano e 8 meses.

Influência da música

Segundo Matheus, o filho aprendeu a escrever pouco depois que compraram a tal mesinha, e o principal estímulo foram as músicas do cantor de pagode Thiaguinho, seu cantor favorito. "Ele é alucinado. Se a gente está na rua, no mercado, em qualquer lugar e ele ouve uma música do Thiaguinho, ela identifica na hora, ele conhece a maioria das canções dele. O Fernandinho, inclusive, gosta de performar igual ao cantor aqui na sala de casa, eu tenho vários vídeos em que ele espelha tudo que o Thiaguinho faz, é bem engraçado", conta.

O pai acredita que o filho puxou o gosto musical dele. "Eu sempre gostei de samba e de pagode em geral, eu sempre ouço em casa. Também acho que o show do Thiaguinho, que tem várias luzes, pode ter atraído [a atenção dele] e ele não largou mais, virou fã", afirma. A partir desse interesse pela música, Fernando começou a escrever as suas primeiras palavras. "Foi natural esse início. Ele gostava de escrever e cantar, aí quando tocava a música, aparecia o nome na tela e ele copiava. Mas eu acho que ele não sabia ainda que estava formando uma palavra, ele só copiava como se fosse um desenho. Temos um caderno cheio de letras do Thiaguinho escritas com giz de cera", diz.

Matheus percebeu que o menino conseguia, de fato, ler com 2 anos e 4 meses. "Fernandinho estava do meu lado e eu estava digitando no YouTube uma música do Thiaguinho, chamada 'Ainda Bem', mas apareceu 'Ainda Há Tempo', do Criolo, na sugestão de busca e ele leu 'Ainda Há Tempo' enquanto eu digitava", recorda. O pai ficou chocado quando o filho leu a frase toda e, depois disso, o menino não parou mais. "Agora virou o hobby dele ficar parando e lendo placas na rua", afirma.

Com o tempo, o pequeno foi aprimorando a escrita. Ele pegou mais segurança, trocou o giz de cera por canetas e escreveu cada vez mais rápido. "Hoje, ele não sabe interpretar frases. Mas palavras soltas ele já identifica. Ele também sabe usar acentos e cedilha. Ele é muito perfeccionista, coloca acento em todas as palavrinhas, usa parênteses, ponto de interrogação e exclamação... Ele já sabe tudo", destaca o pai.


Alto QI

Em novembro de 2023, os pais decidiram buscar ajuda profissional. Apesar das habilidades com escrita e leitura de Fernando serem muito impressionantes, não são comuns para a idade dele — a alfabetização geralmente ocorre por volta dos 5 ou 6 anos. Além disso, eles repararam outras características no filho. "O Fernandinho tem uma dificuldade de interação social, ele não gosta de ambientes muito cheios e barulhentos e ele estranha pessoas desconhecidas. Por isso, resolvemos fazer uma avaliação com uma neuropsicóloga", explica.

O menino fez quatro sessões com a profissional junto com os pais e seis sozinho. Na última terça-feira (19), eles receberam o laudo e descobriram que o pequeno tem um QI alto, de 139. Para se ter uma ideia, a maioria das pessoas tem um QI de 91 a 109.

"A neuropsicóloga disse que ele está uns dois anos à frente da idade cronológica dele, por isso, ele é mais intolerante e impaciente com a escolinha e com as outras crianças da idade dele, porque ele está querendo descobrir coisas novas e mais avançadas", explica o pai.

Para ajudar o pequeno atingir todo o seu potencial, a profissional orientou que Fernandinho continuasse o acompanhamento na terapia ocupacional. "Ela também indicou que ele participasse de algum esporte, que ele se consultasse com uma fonoaudióloga e uma nutricionista e disse para buscarmos uma escola com um suporte adequado para ele", continua Matheus.

O alto QI geralmente está relacionado a quadros como superdotação e altas habilidades. Mas Matheus diz que ainda não é possível dizer se o filho se encaixa neles. "Como ele é uma criança muito pequena, que ainda está em desenvolvimento, a neuropsicóloga não pôde afirmar que ele tem altas habilidades ou superdotação apenas por causa do QI, teria que fazer uma outra avaliação especificamente para isso, mas agora não queremos fazer mais testes. A prioridade no momento é dar andamento às terapias que foram indicadas e vamos correr atrás de uma escola para o segundo semestre", afirma.

Embora esteja aliviado em saber o diagnóstico do Fernando, o pai também ficou assustado. "A gente já esperava alguma coisa, porque vínhamos notando que tinha algo diferente nele, tanto que fomos buscar ajuda. Agora a gente já tem as diretrizes de como devemos proceder, mas estamos preocupados de como vai surgir tanto recurso para as terapias, para a escola... Mas estamos com fé de que tudo vai dar certo", finaliza.


O que é QI?

"O quociente de inteligência (QI) é uma forma de quantificar a capacidade cognitiva de um indivíduo em relação a habilidades como raciocínio lógico, resolução de problemas, capacidade verbal, habilidades matemáticas e outras aptidões intelectuais", explica Nathalia Malagone, neuropsicóloga infantil e psicopedagoga, de São Paulo. Os testes para medir o QI podem ser feitos em crianças, desde que sejam realizados por profissionais. Vale destacar que o QI não é imutável, é uma medida das habilidades cognitivas em determinado momento da vida.


O que está por trás do alto QI?

De acordo com Nathalia Malagone, a pontuação do QI é considerada alta a partir de 120, sendo que o QI da maioria da população fica entre 91 a 109. Mas, então, por que algumas pessoas apresentam uma nota tão elevada?

As pesquisas ainda são inconclusivas sobre o assunto, mas existem algumas características que podem estar associadas ao alto QI. "Podem ter componentes genéticos envolvidos, pode ter a ver também com estímulos externos, além de estar relacionado a altas habilidades e superdotação", esclarece Luciana Brites, psicopedagoga e CEO do Instituto NeuroSaber, de Londrina, do Paraná.


Desafios e cuidados

Pais de crianças com alto QI precisam tomar alguns cuidados com os filhos para que eles se desenvolvam adequadamente. "Nosso cérebro é moldado a partir das nossas experiências, se uma criança que possui uma parte intelectual mais desenvolta, a parte de socialização tende a ficar mais defasada. As habilidades sociais são necessárias para o cotidiano e lidar com situações do dia a dia, mas acabam sendo uma dificuldade para a maioria das crianças com QI elevado", afirma Nathalia Malagone.

De acordo com Luciana Brites, é fundamental manter o foco no desenvolvimento das competências sociais e emocionais especialmente enquanto as crianças ainda são pequenas. O apoio dos pais é muito importante, mas o acompanhamento com uma psicóloga infantil entra como um grande aliado para isso.

Também é necessário ficar atento à relação do filho com a escola. "A criança pode perder o interesse na escola por estar aprendendo um conteúdo menos interessante para ela. Em alguns casos, pode acabar até apresentando possíveis problemas de comportamento devido a isso. A família precisa ter uma parceria com a escola, que precisará fazer adaptações para manter a criança cativada", acrescenta a neuropsicóloga.

Fonte: Revista Crescer 



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