Chuvas destruíram 500 hectares de vinhedos no RS; veja antes e depois



Impactos dos deslizamentos e erosões só devem ser sentidos na próxima safra de uva; vinícolas calculam perdas

Chuvas destruíram 500 hectares de vinhedos no RS; veja antes e depois

As chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul trouxeram impactos para os produtores de vinho. Nos cálculos da Emater/RS-ASCAR, órgão de promoção do desenvolvimento rural, cerca de 500 hectares de plantações de uva foram afetados pelos deslizamentos, desmoronamentos, cheias dos rios e erosões. Os maiores impactos se concentram no interior do estado, na Serra Gaúcha.

O estrago poderia ser pior. É que a safra começou em janeiro deste ano mas terminou em abril – e já estava totalmente direcionada. Os resultados já tinham ficado abaixo do esperado, com uma perda de 30% a 40% na produção, mas por outros fatores.

“Em função de uma série de eventos que aconteceram e começaram desde o inverno – principalmente chuvas de setembro e depois chuvas em janeiro, entre outras – além de coisas mais localizadas, com granizo, a safra projetada é de 545 mil toneladas de uva”, afirma Luis Bohn, gerente adjunto da gerência técnica da Emater/RS Ascar.

“Essa safra ainda é um pouco até superior da safra anterior, porque nós fomos muito mais prejudicados pela estiagem no ano passado do que essa situação que a gente enfrentou nessa safra aqui”, completa. Bohn afirma que os impactos devem ser sentidos na próxima safra.

Algumas vinícolas tiveram impacto maior que outras, a depender da região. “Está desesperadora a situação”, desabafou à CNN a sócia da vinícola Valparaíso, Naiana Argenta. “Nossa cantina subiu um metro de água dentro. Estamos há quase duas semanas trabalhando intensamente para voltar às atividades, mas a chuva não para”, completou.

As ‘cantinas’ são na verdade os locais de produção dos vinhos, uma herança da tradição italiana, que tem nos porões das casas os locais de produção do produto. Ou seja, na prática, são as vinícolas.

Naiana é filha do engenheiro agrônomo Arnaldo Antonio Argenta, que comprou em 2006 a propriedade que, na década de 1970, foi considerada a maior plantação de uva em extensão do Brasil, a chamada ‘Granja Valparaiso’. Ela cuida das áreas de Comercial e Marketing do negócio da família.

Imagens registradas por Antonio e pelos funcionários da empresa mostram a lama espalhada pelo local e um grande esforço para conseguir limpar o espaço e salvar equipamentos e garrafas. A cozinha foi tomada, destruindo caixas de papelão. Na cantina, a lama atingiu garrafões e até a porta da câmara fria. Growler ficaram boiando e acabou a luz no lugar.

A Valparaíso fica na cidade de Barão, na Serra Gaúcha. “Quando aconteceu mesmo [a inundação], ninguém tinha como acessar. As estradas estavam bloqueadas. Meu pai foi lá na terça e teve que quebrar o cadeado dos fundos porque não abria o portão da frente, aí viu a água entrando sem parar e não tinha o que fazer, apenas rezar”, conta Naiana.

“Daí ele tentou voltar pra casa, em Caxias do Sul, porque estava muito perigoso nas estradas, mas não conseguiu porque a estraada estava bloqueada dos dois lados. Só de noite moradores conseguiram ajudar ele a sair por um dos lados. Ele só foi voltar pra lám na sexta, quando a água tinha baixado e aí veio a destruição, a lama tomava conta de tudo”, diz ela.

O prejuízo financeiro ainda não foi calculado, mas Naiana conta que videiras se deitaram, postes de sustentação do Sistema de Produção Protegido caíram e lonas que protegiam a plantação acabaram rasgando. “Essas lonas têm custo super elevado porque são importadas”, aponta ela.

“Nós vamos sair disso aqui. Temos muito mais a agradecer do que a reclamar”. Foi essa a reação de Antonio ao ver a destruição no espaço que construiu com a família. A vinícola tem contado com a ajuda até de outras empresas e concorrentes para conseguir enfrentar o momento mais difícil que já passou em toda sua história.
 



Fonte: CNN Brasil




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