Grávida perde bebê com 39 semanas após erro em exames


Kimberley Browne está tomando medidas legais contra o hospital após seu filho nascer sem vida. Ela só descobriu que teve pré-eclâmpsia onze dias depois que seu filho nasceu sem vida. A mãe alega que recebeu os exames errados, o que a impediu de ser diagnosticada corretamente

Uma mãe enlutada disse que recebeu os resultados errados de seus exames em um hospital, o que, segundo ela, levou seu bebê à morte. Kimberley Browne teve pressão alta e proteína na urina com 39 semanas de gravidez, mas ela só descobriu que tinha pré-eclâmpsia onze dias depois. Por causa disso, ela conta que seu filho, Chase Keepence, nasceu sem vida.

Na época, as parteiras do Hospital Universitário de North Middlesex não conseguiram encontrar localizar os batimentos cardíacos do bebê, então revelaram a verdade devastadora. No entanto, a bolsa estourou pouco depois e ela foi forçada a passar por trabalho de parto natural por quase três horas antes de Chase nascer sem vida.

Kimberley Browne teve pressão alta e proteína na urina com 39 semanas de gravidez, mas ela só descobriu que tinha pré-eclâmpsia onze dias depois — Foto: Reprodução/Mirror

O North Middlesex University Hospital NHS Trust, que fica em Enfield, norte de Londres, admite que Chase "provavelmente teria sobrevivido" se tivesse nascido dentro de 48 horas após a internação, quando Kimberley foi ao hospital pela primeira vez para exames. No entanto, nega ter causado sua morte, que foi registrada após autópsia como falta de oxigênio e sangramento no cordão umbilical, e diz que Kimberley também deve provar que, se tivesse sido informada de que tinha pré-eclâmpsia, teria concordado com uma indução ou cesariana.

Em entrevista ao Mirror, Kimberley, 45, disse: "Definitivamente sinto que eles estão tentando transferir a culpa para mim. Não sei o que poderia ter feito de diferente. Eu os responsabilizo e isso nos afetou enormemente como família. A saúde dos seus filhos é sempre primordial. Não havia chances de eu colocar Chase em risco. Estou completamente desamparada no momento", lamentou.

Documentos vistos pelo Mirror mostram que o NHS Trust admitiu que os médicos estavam errados ao dizer a Kimberley que os resultados de seus testes estavam bons e, entre 19 e 26 de julho de 2021, tiveram "oportunidades perdidas" de perceber e corrigir seu erro. Durante esse tempo, Chase estava morrendo lentamente, mas o Trust diz que isso não causou a morte do bebê.

Agora, a mãe de seis filhos está tomando medidas legais contra o sistema de saúde, principalmente depois que eles supostamente pediram que ela provasse que, se tivessem dado a ela os resultados corretos, ela teria seguido seus conselhos. Ela pede indenização financeira. "Sugerir que eu teria ignorado os conselhos dos profissionais é imperdoável. Por que eu teria feito exames se iria ignorá-los? Eu queria um parto domiciliar, como foi com alguns dos meus outros filhos, mas isso não significa que eu não teria ido ao hospital se necessário. Minha filha mais nova nasceu por cesariana de emergência porque foi o que os médicos nos disseram que era melhor", disse ela.

A mãe guardou a impressão da mãe do filho — Foto: Reprodução/Mirror

"Enquanto aguardava o resultado do exame, eu fui para casa pegar minhas coisas e ver meus outros filhos, mas tinha toda a intenção de voltar. A partir do momento em que me disseram que não havia batimentos cardíacos, eu só queria tirar Chase para poder ter certeza", lamentou. Até então, Kimberley, que também é mãe de Corey, 27, Colby, 22, Casey, 19, Lily-Ella, 17, e Lyra-May, 9, disse que não havia sinais de que algo estivesse errado. "Foi muito surreal. Eu tinha tido o que eu achava que era uma gravidez normal e eu simplesmente não conseguia entender o que estava acontecendo. Eu o sentia se movimentando e achava que ele estava saudável, mas ele estava sofrendo e lutando. Quando nasceu, era perfeito. É de partir o coração e estou tão zangada que me tiraram essa informação. Falharam comigo e falharam com o meu filho", declarou.

Apenas duas semanas após o nascimento de Chase, Kimberley teve que retornar ao trabalho. "Tem sido muito difícil. Estou constantemente arrasada. Eu estava no meio da criação do meu próprio escritório de contabilidade, mas eu simplesmente não tenho mais confiança para fazer isso. Eu sento no trabalho e a foto dele está na minha mesa. Há lembranças dele por toda parte. Tínhamos tudo pronto para ele voltar do hospital e agora não sei o que fazer com tudo isso. Sempre haverá esse buraco enorme em nossa família, e sinto que ninguém foi responsabilizado", disse.

O advogado Jodi Newton, especialista em negligência clínica da Osbornes Law, que representa a família, acrescenta: "A recusa do Trust em aceitar a responsabilidade total e continuar a negar a Kimberley e sua família o desfecho de que eles tanto precisam é desnecessária e imperdoável. Instamo-los a resolver este assunto com urgência e a evitar mais dor e sofrimento." Um porta-voz do North Middlesex University Hospital NHS Trust disse ao Mirror: "Este caso ainda está em andamento e, portanto, neste momento, não podemos fornecer comentários".


Pré-eclâmpsia

A hipertensão, em qualquer momento da vida, é um problema cardiovascular que oferece riscos importantes à saúde. Quando acontece na gestação, em geral, depois da 20ª semana, recebe o nome de pré-eclâmpsia. As causas do problema ainda não são totalmente conhecidas, mas, de acordo com os especialistas, pode estar relacionada à implantação da placenta no útero.

Em alguns casos, a placenta não consegue se implantar adequadamente na parede do útero, para o fornecimento de sangue, oxigênio e nutrientes, de acordo com o ginecologista e obstetra Wagner Hernandez, especialista em gestações de alto risco, em São Paulo (SP). “Algumas mulheres têm uma pré-disposição a desenvolver a pré-eclâmpsia, por essa placentação não adequada, mas, provavelmente, há alguns fatores imunológicos envolvidos, que a ciência ainda desconhece”, explica.

O que acontece, então, é que as alterações no vaso sanguíneo alteram a circulação e elevam a pressão arterial. Junto disso, a mulher começa a perder proteínas pela urina. A pré-eclâmpsia é uma das maiores causas de mortalidade materna e, se não for identificado e bem conduzido, pode levar a sérias complicações, tanto para a mãe, quanto para o bebê.

“Nos casos em que a pré-eclâmpsia não é controlada com medicamentos ou até mesmo com o parto, uma das consequências mais sérias é a eclâmpsia, que é quando a mãe passa a sofrer convulsões, causadas pelos picos hipertensivos”, aponta Hernandez. A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia podem causar danos a órgãos como rins, fígado e cérebro, afirma a ginecologista e obstetra Ana Paula Beck, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). “Isso acontece com outra complicação grave da pré-eclâmpsia, a chamada síndrome de HELLP”, afirma. Já para o bebê, o risco maior é a prematuridade, porque o tratamento da doença é justamente antecipar o parto.


Fonte: Revista Crescer


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