Quem é Thor, o gato que atacou a tutora e fez a família refém


Família de São Vicente (SP) passou a viver 'escondida' do animal no imóvel após ataques em sequência.

Tutora teve braços e pernas 'rasgados' durante 'ataque' do gato em casa — Foto: Arquivo Pessoal

Braço dilacerado, ataques surpresa e família 'escondida' nos quartos de casa. Tudo isso por conta do comportamento agressivo de Thor, um gato de estimação. A história do animal e da tutora de São Vicente (SP), Luciana Nascimento, de 49 anos, ganhou repercussão nacional. 

Luciana vive com as duas filhas, de 22 e 16 anos, em São Vicente. A família tem dois gatos de estimação: o Thor, de sete, e Nina, de quatro anos. O animal apresenta comportamento agressivo com os moradores e visitantes da casa desde o primeiro ano, tendo sido adotado com apenas 10 dias.

A tutora do animal contou que está em pânico e, ao mesmo tempo, preocupada com o futuro dele, uma vez que já tentou acalmá-lo de diferentes maneiras, desde consultas com especialistas até sessões de Reiki [modalidade terapêutica].


Quem é o Thor? 🐱
  • Idade: 7 anos
  • Adotado: com 10 dias
  • Comportamento agressivo: a partir de 1 ano
Thor atacou a tutora, que ficou com os braços e pernas 'rasgados', em São Vicente (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Thor foi adotado pela família em 2017. A filha mais nova da tutora do animal queria muito um gato. À época, Luciana tinha uma amiga que era protetora de animais e conhecia uma pessoa que tinha uma gata que tinha dado à luz.

O primeiro ataque ocorreu na Copa do Mundo de 2018. A família acredita que o barulho e a quantidade de pessoas dentro da casa, na ocasião, tenham assustado o animal, que não apresentou nenhum comportamento agressivo antes disso.

Outros três ataques ocorreram com faxineiras e a própria Luciana no momento em que usavam cloro para limpar a casa. A tutora parou de usar o produto, mas os ataques seguintes passaram a ser repentinos e sem motivos.

Não há precisão de quantos ataques Thor já tenha praticado, pois em muitas vezes mordia ou agarrava a perna das pessoas e saia correndo logo em seguida. O último ataque a Luciana foi o pior, mas não o único. Ele já havia sido agressivo de forma semelhante ao menos outras 10 vezes.

A tutora e as filhas tentaram diversas opções de tratamento para acalmar Thor, inclusive adotaram uma fêmea, por recomendação de um dos especialistas, porém ele passou a machucar Nina e foi necessário separá-los para preservar o bem-estar de ambos.


Nova tentativa de ataque

Após o último ataque, Thor passou a ficar no maior quarto da casa, que tem banheiro e sacada, sem acesso aos demais cômodos. No entanto, a família ficou com dó e resolveu soltá-lo, e ele tentou um novo ataque. Mãe e filhas conseguiram fugir e se esconder.

Agora, o gato está na área de serviço da casa. Ele foi sozinho para o cômodo após avançar nas tutoras. No local, elas colocaram caixas de areia e têm dado comida e água por meio uma janela, enquanto pensam como resolver a situação.

O maior medo da família é que alguém o maltrate. "Apesar de todos os ataques, nunca encostamos um dedo nele que não seja para carinho. Nunca nem o ameaçamos com qualquer tipo de objeto. Não seríamos capazes de agredi-lo, mesmo com tudo isso", contou Luciana.


Esperança de mudança

A tutora garantiu que sente amor por Thor, apesar dos ataques. Ela afirmou, inclusive, ter esperança de encontrar um tratamento que ajude na mudança de comportamento do gato, algo não seja a eutanásia [tirar a vida dele].

"Todos falam que só ajudariam se ele estivesse na rua, o que é um absurdo porque, assim como a gente, ele também está sofrendo", disse Luciana, se referindo a instituições e órgãos voltadas aos cuidados a animais.

"Queremos ajudá-lo e não temos apoio de ninguém. Até os veterinários não entendem a situação", finalizou a tutora.


Entenda o caso

Gato 'atacou' tutora que servia comida para ele em São Vicente (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Luciana recordou o momento do ataque. "A casa [ficou] ensanguentada, e eu praticamente desmaiando por conta da dor", lembrou ela, que mantém as filhas em cômodos separados do gato. "Preservação da minha vida e da minha família", disse.

Apesar da situação, ela busca um desfecho positivo para o animal. "Amo o Thor. Nosso convívio é de sete anos. Estou totalmente abalada física e emocionalmente", desabafou ela.

"Mesmo sendo 'perigoso', por ele ter me atacado e machucado algumas vezes, fico de mãos atadas", explicou ela. "Não quero me desfazer dele e nem tenho como fazer isso porque ninguém ficaria [com o animal], uma vez que soubesse da agressividade".


Psiquiatra felino

O médico veterinário especialista em psiquiatria felina, Guilherme Dornellas, explicou que, para evitar situações do tipo, o tutor deve 'estimular' o animal desde cedo, criando espaços para ele brincar, dormir e até se esconder, com o objetivo de "ter a sensação de segurança e diminuir os níveis de estresse".

Dornellas acrescentou que o comportamento dos felinos pode ser estimulados por meio de brincadeiras, "priorizando o uso de objetos, como varinhas, bolinhas de papel e até laser para pessoas com menor mobilidade".

O profissional ressaltou a importância dos 'arranhadores' para esses pets. "Ao invés de brigar com o gato que está afiando a unha no sofá, proporcione [os itens] que protejam os móveis [...]. Esse é um comportamento natural e que ajuda a aliviar o estresse".

Por fim, ele afirmou que, antes da eutanásia, o tutor deve procurar um veterinário especialista em felinos. "Não que os outros sejam ruins, mas assim como a medicina humana, a veterinária também tem muitas especialidades e profissionais qualificados para todo tipo de caso".



Fonte: G1 SP



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