Golpista tentou aliciar gerente do Banco do Brasil a entrar no esquema: 'R$ 500 mil no teu bolso'


Polícia diz que quadrilha de fraudadores deu prejuízo de R$ 40 milhões.


Um dos investigados pelas fraudes milionárias contra o Banco do Brasil tentou convencer uma gerente da instituição a fazer parte do esquema criminoso ou vender a senha dela por altos valores, como mostram imagens que fazem parte da investigação da Polícia Civil. Ele chegou a dizer que conseguiria pagar R$ 500 mil se a mulher aceitasse fazer parte do sistema de golpes.

No início da conversa, o homem cumprimenta a bancária e pergunta qual é o cargo dela.

"Qual é a sua função? Gostaria de uma ajuda", diz o aliciador. A mulher responde: "Quem é? Quem te deu meu telefone?".

O homem responde, então, que tem uma proposta de trabalho para ela e que paga R$ 100 mil antes e a mesma quantia depois do serviço.

"Pago R$ 200 mil na sua senha, tenho uma forma de trabalhar que não te prejudica em nada", diz o criminoso.

"Ou podemos trabalhar em sociedade. Se quiser, a gente alinha uma chamada no meet para explicar o trabalho. Tenho um meio que não daria nada que prejudicasse você. A gente alinhando conseguiria pôr uns R$ 500 mil no seu bolso", propõe. A mulher negou.

Desde julho, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) vêm cumprindo mandados judiciais contra um bando que, de diferentes maneiras, acessa sistemas internos do Banco do Brasil para obter dados sigilosos de clientes — e assim desviar dinheiro.

Segundo a força-tarefa, quanto maior o nível de acesso do gerente, mais os aliciadores pagavam. O prejuízo com os golpes foi de R$ 40 milhões.

Nessa quinta-feira (21), agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) cumpriram 16 mandados de busca e apreensão contra 11 investigados. Um casal dormia quando a equipe chegou. Entre os alvos estão funcionários e terceirizados.

Os ataques foram identificados em dezembro de 2023 em agências no Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca, Vila Isabel e Centro, no Rio de Janeiro, além de unidades em Niterói, Tanguá, Nilópolis e Duque de Caxias.

O grupo atuava de forma organizada, com divisão de tarefas específicas entre aliciadores, aliciados, instaladores, operadores financeiros e chefes.


Quem era quem na quadrilha
  • Aliciadores recrutavam colaboradores do banco e terceirizados para obter senhas funcionais;
  • Aliciados forneciam suas credenciais mediante pagamento;
  • Instaladores conectavam dispositivos aos sistemas do banco;
  • Operadores financeiros movimentavam valores desviados;
  • Chefes organizavam e coordenavam todas as etapas do esquema, incluindo aquisição de dispositivos, aliciamento e execução das fraudes.

Outras fases da operação

Segundo o Banco do Brasil, a ação desta quinta é a 4ª fase de uma operação que começou em julho. Na época, a delegacia prendeu 3 pessoas de um bando que “hackeava” agências bancárias. Os criminosos instalavam dispositivos no cabeamento de dados dos bancos e assim fazia transferências, furtando de correntistas aleatórios.

No mês passado, a DRF voltou a combater a fraude. Na ocasião, apurou-se que a quadrilha contava com a colaboração de um gerente de Mato Grosso, um funcionário de TI e terceirizados do banco.

“O Banco do Brasil informa que esse é apenas um desdobramento da operação que se iniciou em julho deste ano, que está em sua quarta fase. As investigações iniciaram a partir de apuração interna, que detectou irregularidades, as quais foram comunicadas às autoridades policiais”, disse o banco.

“O BB possui processos estabelecidos para monitoramento e apuração de fraudes contra a instituição, adotou todas as providências no seu âmbito de atuação e colabora com as investigações do caso.”

Fonte: G1 RJ




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