Mulher descobre miomas de mais de 10kg: 'Todo mundo achava que eu estava grávida'

Grazielle antes e depois dos miomas — Foto: Arquivo pessoal

A empreendedora Grazielle Vendramini, 41, de Nilópolis, Rio de Janeiro, pensou que estava apenas ganhando peso durante a pandemia, quando a academia em que dava aula de fitdance e ritbox precisou ser fechada devido ao isolamento social. Mas, mesmo depois de voltar a se exercitar, sua barriga não parava de crescer. Foi então que ela resolveu ir ao médico e descobriu que tinha miomas uterinos que estavam provocando o crescimento, o maior deles chegou a 30 cm.

Foi uma longa jornada até ela conseguir arrecadar todo o dinheiro para realizar a cirurgia de remoção dos miomas em janeiro deste ano, que foi um sucesso. Agora, ela já está se recuperando e se preparando para realizar um sonho de longa data: ser mãe. Em entrevista à CRESCER, Grazielle relembrou sua história e falou sobre seus próximos passos.

Descoberta do diagnóstico

A empreendedora afirma que não teve sintomas dos miomas nem da endometriose, condição em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero. "Eu faço parte dos 10% de mulheres assintomáticas que tem endometriose e miomas. Eu dava aula em cinco academias, mas no período da pandemia, como tudo fechou, as academias pararam de dar aula. Eu ainda tentei manter um ritmo de atividade em casa e uma alimentação saudável. Só que depois de um tempo você vai desanimando. Vendo que não voltava, eu tive que me reinventar nessa época e comecei a empreender em bolos de pote", conta.

Como ela parou de fazer atividade física e precisava experimentar vários bolos por dia, não estranhou quando começou a engordar. No fim de 2021, Grazielle voltou a dar aula e voltar a se exercitar para voltar ao seu físico anterior à pandemia. Antes, ela pesava 73 kg, mas, no período de isolamento social, chegou a ganhar 30 kg, pesando 100 kg. Então, ela resolveu contratar um profissional para ajudá-la com sua rotina de exercícios e com sua alimentação.

No primeiro mês, ela perdeu 6 kg, mas o profissional que estava acompanhando seu progresso achou que algo estava errado. "Ele falava: 'Grazi, vai no médico porque essa sua barriga não está acompanhando o restante do seu corpo. Seu corpo já está ficando definido e essa barriga está demorando para sair'", lembra.

Preocupada, ela resolveu seguir o conselho dele e procurou um gastroenterologista, que também logo percebeu que algo não estava certo. Ele solicitou alguns exames e orientou que ela se consultasse com um cirurgião geral e um ginecologista. Após fazer todas as consultas e realizar todos os exames solicitados, no fim de 2022, Grazielle descobriu um mioma uterino de 24 cm, além de um nódulo no intestino, endometriose e cistos no ovário direito.

"Eu não ia regularmente ao meu ginecologista. Hoje eu vejo a importância de ter acompanhamento com o ginecologista no mínimo a cada seis meses. Eu, infelizmente, era uma pessoa assintomática em tudo. Então eu quase não ia médicos. Eu cuidava muito do meu corpo externo e nunca fui de cuidar do meu corpo interno", afirma. "Eu poderia ter resolvido isso antes, poderia não ter chegado na situação que ele se encontrava. Mas não tem como voltar atrás", lamenta.

Em busca de um tratamento

Grazielle cantando — Foto: Arquivo pessoal

Grazielle ficou chocada com o diagnóstico, mas manteve a calma. "Em nenhum momento eu me desesperei. Isso só foi possível porque Deus estava comigo ali", diz. Mas, seu médico tinha outra má notícia para ela. "Ele colocou a mão no meu braço e disse: 'Eu vou te falar algo maior. Se prepare para o pior. O seu útero vai ter que ser retirado'", lembra.

Isso deixou Grazielle sem chão. Para ela, retirar o útero não era uma opção. "Eu insisti: 'Não, doutor, eu sirvo a Deus que não vai permitir que o meu útero seja retirado, porque eu tenho há muito tempo o sonho de gerar [uma vida]''", recorda. Ela logo decidiu mudar de especialista, em busca de alguém que pudesse salvar seu útero.

"Nessa saga de procurar médicos, eu passei pelo SUS, pelo plano de saúde... Todos eles falaram que teria que ser retirado o meu útero", diz. Até que, em 2024, ela conheceu um médico pelo Instagram que era especialista em preservação de útero. Isso trouxe esperança para ela e o marido. Mas, infelizmente, ele apenas fazia este tipo de cirurgia no particular e era muito cara. Ela se consultou com outros colegas dele, no entanto, nenhum dos valores era condizente com a realidade de Grazielle.

Até que uma amiga a recomendou para o médico Isaac Tortelote, especialista no tratamento de tumores ginecológicos e cirurgias pélvicas complexas. "Ele faz toda a leitura da pessoa que está ali, ele se coloca no lugar da pessoa, entende o sonho dela. Ele disse: 'Até que se prove o contrário, todo o útero é preservável'", lembra. Isso fez com que Grazielle confiasse muito nele. Quando ele ofereceu a cirurgia por um valor muito reduzido, ela sabia que havia encontrado a pessoa certa para o seu tratamento.

'Todo mundo se alegrava e achava que eu estava grávida'

Embora o preço da cirurgia fosse reduzido, ainda era um valor significativo e Grazielle precisou realizar uma vaquinha para arrecadar o dinheiro. Enquanto não chegava na quantia necessária, ela continuou vivendo com seus miomas, que cresciam a cada dia. "Eu não me sentia feliz, porque imagine uma professora que dava aula, que se importava tanto com o corpo, que se importava tanto com a aparência, de uma hora para outra, em pouco tempo, ver a barriga de um tamanho absurdo. As roupas não cabiam mais, eu tinha que me virar para me vestir", conta.

Grazielle com miomas uterinos — Foto: Arquivo pessoal

Sem contar o desconforto do peso dos miomas. "Os médicos descobriram que os miomas pesavam cerca de 12 kg. Então, eu estava carregando esse 12 kg há uns 2 anos mais ou menos", afirma.

Grazielle ainda precisava lidar com os comentários alheios. "Incomodava quando as pessoas falavam: 'Nossa, Grazi, você está grávida!' E todo mundo se alegrava, porque todo mundo queria o meu bem e achavam que eu estava grávida. Quando dizia que não era, as pessoas ficavam sem graça, eu ficava mais sem graça ainda por elas", lamenta. Mas, ela fazia de tudo para se manter positiva. "Eu tentava não dar importância para o que as pessoas pensavam. Tentava seguir a minha vida normal dentro do possível", afirma.

Grazielle realizou a cirurgia de remoção dos miomas — Foto: Arquivo pessoal

Em janeiro, Grazielle finalmente conseguiu dinheiro suficiente para realizar a sua cirurgia, que foi feita em 19 de janeiro. "Quando eles abriram, acharam mais pequenos miomas, eram 12 miomas no total, sendo um de 30 cm", explica. Felizmente, a operação foi um sucesso, ela não precisou retirar o útero, e ela já teve alta! "Agora tem todos os cuidados. Eu tenho que ficar pelo menos seis meses sem correr o risco de ter gravidez, porque o meu útero está costurado e ele precisa ser totalmente curado", afirma.

O maior dos miomas tinha 30 cm — Foto: Arquivo pessoal

Mas, ela e o marido estão planejando se tornar pais no ano que vem - já decidiram até o nome do filho: Noah. Grazielle está avaliando com seu médico a possibilidade de congelar óvulos. "Eu só vou poder engravidar com 42 anos. Noah provavelmente só deve vir aos 43 anos e é um risco da idade. Então, para preservar e não ter nenhum tipo de problema, a gente vai ver essa questão da fertilidade, vamos começar a ver alguns tratamentos voltados para isso", destaca. A empreendedora também já está tomando algumas medidas e relação à alimentação e aos treinos para estar o mais saudável possível para a sua gestação em 2026.

"Com toda certeza, ter um filho é a primeira coisa na lista de sonhos a serem realizados. A gente vai seguir, tanto eu quanto o meu esposo, todas as orientações médicas para que esse sonho se torne realidade", finaliza.

Sobre miomas uterinos

Os miomas uterinos são os tumores mais frequentes do sistema reprodutor feminino, especialmente entre os 30 e 50 anos. Embora a causa exata de seu surgimento ainda não seja totalmente compreendida, pesquisas sugerem que fatores como envelhecimento, obesidade, deficiência de vitamina D, hipertensão e histórico familiar de miomas podem aumentar o risco de desenvolvimento da condição.

A maioria das mulheres não apresenta sintomas, mas cerca de um terço delas pode experimentar desconfortos, como fluxo menstrual intenso, sangramentos fora do período — que podem levar à anemia —, cólicas, sensação de peso na região pélvica, dor durante a relação sexual e aumento do volume abdominal. Apesar disso, os miomas raramente são um impedimento para a gravidez, sendo responsáveis isoladamente por apenas 4% a 5% dos casos de infertilidade.

Entretanto, os miomas podem estar associados à endometriose, outra condição influenciada por hormônios. Estima-se que três em cada dez mulheres com miomas também apresentem focos de endometriose, o que pode reduzir as chances de concepção. Quando há outros fatores envolvidos, o índice de infertilidade pode chegar a 15%.

Fonte: Crescer


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