Caso aconteceu em unidade prisional em Vila Velha, na Grande Vitória. Visitante portava cerca de 14 buchas similares à maconha e dez buchas similares a fumo.
Pelas mãos de internas do Centro Prisional Feminino de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, são produzidas milhares de peças de lingerie, cuecas e moda praia, mensalmente, graças a um projeto de capacitação profissional implementado há cerca de cinco meses. As peças produzidas pelas mãos das presas são distribuídas para todo o sistema prisional capixaba.
A iniciativa tem como objetivo oferecer um novo ofício às participantes e, ao mesmo tempo, proporcionar uma ocupação produtiva que beneficia o sistema prisional e o mercado de trabalho, já que as detentas saem podendo exercer uma nova atividade profisisonal.
O curso tem duração de 160 horas e é realizado em uma fábrica instalada dentro da unidade prisional. Oitenta internas já foram capacitadas e, atualmente, 20 estão se especializando em aulas que acontecem de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.
Nas aulas, as internas aprendem desde técnicas de modelagem a empreendedorismo. Cerca de 15 mil peças íntimas são produzidas mensalmente, como cuecas, calcinhas e tops femininos.
Uma das participantes é Thais Mendes da Silva, que já planejou como a atividade vai ajudar quando sair do presídio.
"Eu vou sair daqui com certificado. Com isso, eu posso trabalhar e juntar o meu próprio dinheiro, sem depender da minha família, e eu mesmo conseguir pagar minha faculdade. Quero ser esteticista", contou.
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Detentas produzem roupas íntimas e de moda praia em curso de confecção em Colatina, no Espírito Santo. — Foto: Sejus/ES |
Há também as que descobrem um amor por uma nova atividade, como é o caso da Thaísa Blank.
"Eu amo costurar, tanto a confecção de roupas, de peças íntimas, como bonecas. Tudo que é relacionado a costura eu amo. Eu pretendo, sim, trabalhar com isso lá fora. Meu sonho fora daqui é recomeçar tudo de novo e ser feliz", disse a interna.
Ressocialização e remição de pena
Além de ser uma oportunidade de aprendizado, o curso oferece um benefício adicional: a remição da pena. A cada três dias de trabalho ou participação no curso, as internas podem reduzir um dia de sua pena, o que funciona como um incentivo adicional para o engajamento das participantes.
“A cada três dias de trabalho ou de curso, elas conseguem remir um dia de pena. Então, também é um incentivo, além de sair da cela, tirar o ócio, conviver com as outras internas, produzir, se sentir útil, aprende uma profissão também tem a remissão da pena”, avaliou a diretora do presídio, Dayany Rodrigues de Queiroz.
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Detentas produzem roupas íntimas e de moda praia em curso de confecção em Colatina, no Espírito Santo. — Foto: Sejus/ES |
A encarregada da fábrica e interna do presídio, Ana Ormi Lunz, já tinha conhecimento de técnicas de costura e hoje é ela quem passa para as outras internas o que sabe. Para Ana, a iniciativa colabora, inclusive, com a saúde mental de todas.
"Além de elas aprenderem uma profissão após elas saírem da fábrica, quando ganharem o semiaberto, são encaminhadas direto pro emprego na rua. Então é muito importante essa oportunidade que nós estamos tendo aqui. [...] também, essa ocupação é boa para nós internas, é saúde mental, a gente ter uma ocupação, ter o que fazer", disse.
A população carcerária do Espírito Santo é de cerca de 22 mil pessoas, sendo que menos de 5% são mulheres.
Educação profissional e tecnológica
A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti) e o programa Mulheres Mil, do governo federal.
O Mulheres Mil tem como objetivo assegurar o acesso das mulheres em situação de vulnerabilidade social à educação profissional e tecnológica.
Destinado a mulheres a partir de 16 anos em condições de pobreza e com baixo nível de escolarização, o programa busca não apenas oferecer formação técnica, mas também promover o empoderamento feminino e a superação de violências.
O curso Curso Confeccionador de Lingerie e Moda Praia vai ao encontro do potencial da cidade de Colatina e pode abrir portas para as internas no futuro. A cidade é considerada o Polo de Confecções no Espírito Santo, pela lei 9.786.
O polo de confecção de Colatina é um dos maiores do Brasil e o maior do estado, produzindo mais de 2 milhões de peças/mês.
Fonte: G1 ES