Pesquisas ainda não conseguem esclarecer os motivos que estão por trás deste curioso fato

Uma nova pesquisa observacional sugere que motoristas de táxi e ambulância têm taxas significativamente mais baixas de mortes relacionadas à doença de Alzheimer (AD) do que pessoas em centenas de outras profissões, destaca a Harvard Health Review.
O estudo analisou dados de quase nove milhões de certidões de óbito nos Estados Unidos e encontrou indícios de que a natureza altamente espacial e dinâmica dessas ocupações pode proteger o cérebro — especialmente o hipocampo, região fortemente afetada pelo Alzheimer.
Os pesquisadores, das universidades da Flórida e Stanford, descobriram que apenas 0,91% das mortes de taxistas e 1,03% das de motoristas de ambulância estavam relacionadas à AD, contra 1,82% entre executivos, taxa próxima à média da população.
A diferença chega a representar uma redução de mais de 40% nas mortes por Alzheimer entre esses motoristas.
A hipótese dos cientistas é que o uso intensivo de habilidades de navegação em tempo real estimula mudanças estruturais no hipocampo, fortalecendo a região e ajudando a protegê-la contra a degeneração típica do Alzheimer.
Isso explicaria também estudos anteriores que mostraram que taxistas londrinos têm o hipocampo aumentado.
Curiosamente, o mesmo efeito protetor não foi observado em profissionais que também dependem da navegação, como pilotos de avião ou capitães de navio. Segundo os autores, esses cargos geralmente seguem rotas fixas e exigem menos decisões espaciais em tempo real.
Ainda assim, os autores alertam que o estudo é observacional e não comprova uma relação de causa e efeito. Vários fatores podem influenciar os resultados, como erros nos registros de ocupação, autoseleção (pessoas com melhor memória espacial podem escolher naturalmente essas profissões) ou fatores externos como tabagismo.
Apesar das limitações, o estudo levanta uma questão interessante: será que atividades que exigem navegação e memória espacial — como jogos como Tetris, cubo mágico e xadrez — também poderiam ajudar a prevenir o Alzheimer?
Enquanto pesquisas futuras tentam responder essa pergunta, especialistas continuam recomendando estratégias já comprovadas para reduzir o risco da doença, como manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e dormir bem.