Gêmeas impressionam ao nascer com cores de pele diferentes: ‘Raro’, diz médico


Maryelle e Maylla — Foto: Arquivo pessoal

Laianny Santos, do Maranhão, ficou muito surpresa quando viu que suas filhas, Maryelle e Maylla, de três meses, tinham aparências tão distintas. "Elas chamam atenção por onde passam. Cada uma tem a sua beleza", diz em entrevista à CRESCER. Saiba mais!

A assistente administrativo Laianny Santos, 25, de São Luís, Maranhão, chocou a web ao compartilhar fotos das filhas gêmeas Maryelle e Maylla, de três meses, que nasceram com cores de pele diferentes. Enquanto Maryelle tem a pele negra, Maylla é bem branquinha. "Eu poderia ter feito só o café", escreveu ela, mostrando imagens de Maryelle. "Eu poderia ter feito só o leite", disse, revelando fotos de Maylla. "Mas eu preferi fazer o café com leite", finalizou com imagens das duas juntas.

Publicado no início de abril, a gravação viralizou, alcançando mais de 500 mil visualizações. Os internautas ficaram surpresos ao verem que as gêmeas são tão diferentes. "Nunca tinha visto um caso desse. Deus é perfeito em cada detalhe", elogiou um usuário. "Que fofura", diz outro. "Eu também tenho um café com leite em casa, as pessoas juram que são de pais diferentes", conta um terceiro.

Laianny não esperava que seu vídeo faria tanto sucesso. "Eu nunca imaginei que ia começar a gravar vídeo, ainda mais sobre a minha rotina com as meninas. Sempre foi um desejo meu, mas eu pensava: 'Não dá para mim'", disse, em entrevista exclusiva à CRESCER. Mas depois que as meninas nasceram, a mãe pensou que outras mulheres deviam passar por situações semelhantes e resolveu postar gravações sobre o seu dia a dia. Ela viralizou ao mostrar a aparência diferente das filhas, com um vídeo chegando a 1,4 milhões de visualizações. "Teve muita gente que gostou, para muita gente é novidade", destaca.


Descoberta da gravidez

Laianny descobriu que estava grávida em junho do ano passado após começar a sentir dor no estômago e perceber que sua menstruação estava atrasada. "Fiz o teste de farmácia, deu positivo. Não acreditei. Fiz o teste de sangue, positivo mais uma vez", lembra. Na mesma semana, fez um ultrassom, que revelou que ela estava com 6 semanas. "No primeiro ultrassom já apareceu que eram gêmeos. Nossa, eu fiquei em choque! Eu não acreditei que era gêmeos. Eu só acreditei mesmo quando elas nasceram", conta.

Ela passou a fazer o acompanhamento da gestação em um hospital de referência para gemelaridade e tudo correu bem. No entanto, na reta final, começou a sentir dores fortes de contração. "Eu aguentei firme no dia primeiro, mas não estava me sentindo bem e decidi no médico. Quando eu cheguei lá, o médico já me examinou, viu que minha pressão estava alta e disse que iria internar só para observação", explica.

No dia seguinte, quando completou 36 semanas de gestação, o médico disse que precisaria realizar uma cesárea. Em 2 de janeiro deste ano, Laianny deu às boas-vindas a Maryelle e Maylla. A mãe ficou muito emocionada ao ver as pequenas pela primeira vez. "Eu não acreditava que aquelas duas meninas tinham saído de mim. É uma felicidade enorme, é um amor que transforma tudo", comemora.

Maylla e Maryelle recém-nascidas — Foto: Arquivo pessoal


'Cada uma tem a sua beleza'

Segundo Laianny, as meninas já nasceram com um tom de pele diferente. "Uma já era mesmo bem branca mesmo e a outra era meio que amarelinha, ela não era branca que nem a outra", explica. Devido à pressão alta que a mãe teve e a prematuridade das meninas, elas ficaram internadas no hospital.

Nesse tempo, os médicos realizaram exames para entender se tinha alguma causa para a diferença da cor da pele das meninas. "Não descobriram a causa, mas elas são dizigóticas [de embriões diferentes] e tem DNAs diferentes", afirma. As duas são saudáveis e, mesmo prematuras, estavam cada dia mais fortes. Em 12 dias, todas tiveram alta.

Quanto mais tempo passava, mais diferente as meninas ficavam. "Eu já imaginava que elas não seriam iguais, só que eu não imaginava que teriam tons de pele diferentes", diz Laianny. Ela costuma receber muitos comentários sobre a aparência das filhas. "Eu já fiquei até acostumada para falar a verdade. Sempre quando eu ando com elas duas juntas, perguntam: 'São gêmeas?' ou 'São do mesmo pai?' Elas chamam atenção por onde passam. Todo mundo fica admirando", destaca.

Laianny se sente muito realizada com suas duas filhas. "Eu tenho muita gratidão a Deus por ser escolhida para ser mãe de gêmeas. Sempre foi meu sonho. Mas era um sonho de infância que eu nunca imaginava que iria acontecer. Então, eu me sinto muito honrada. Elas são uma benção na minha vida. Dão um trabalhozinho, como toda criança, é bem cansativo, mas eu me sinto bem agradecida, ainda mais por elas serem diferentes. Cada uma tem a sua beleza, elas foram feitas para mim", finaliza.

Laianny com as filhas e o marido — Foto: Arquivo pessoal


Como gêmeos podem ter cores de pele diferentes?

Segundo o geneticista Mauricio Paiva, da Maternidade São Luiz Star, da Rede D'Or, São Paulo, o caso de Maryelle e Maylla é um achado raro. "Gestações gemelares já são exceções, e haver crianças de colorações diferentes é mais raro ainda, pois a coloração de pele tende a ser similar entre irmãos", afirma.

Mas, existe uma explicação científica para isso. "Cada bebê advém de um embrião formado pela junção entre o espermatozoide e óvulo, os quais são denominados gametas. Cada gameta carrega metade do DNA do genitor, e esse material é unido durante a fecundação. Logo, cada criança é metade pai e metade mãe. O DNA é como se fosse um manual de instruções e funcionamento, então, cada genitor passa metade das informações de como a criança vai ser formada, inclusive informações para coloração da pele", afirma.

O médico explica que o DNA humano é composto por cerca de 20 mil genes, e dentre eles cerca de 150 estão associados à coloração da pele. "Todo gene pode ter várias formas, chamados polimorfismos, e cada gameta carrega formas diferentes desses genes. São esses polimorfismos que geram toda a diversidade dos seres humanos", diz.

"A maneira pela qual essas formas dos genes se encontram e se encaixam em cada indivíduo durante a fecundação é única, sendo o DNA de cada ser humano diferente um do outro", acrescenta. A única exceção é o caso dos gêmeos monozigóticos, gerados pelo mesmo embrião que se dividiu em dois.

"A cor da pele poderá ser diferente se os bebês advirem de embriões diferentes (dizigóticos), pois cada um origina-se de gametas diferentes, que carregaram formas do DNA diferentes e, portanto, gerarão indivíduos diferentes. Se cada genitor tiver polimorfismos diferentes para cor de pele, os gemelares podem ter coloração de pele diferentes", esclarece.

Fonte: Revista Crescer




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