O hormônio do crescimento (GH) pode causar alterações no crescimento da maxila e mandíbula, acarretando mudanças no rosto da criança

Muitos pais recebem com esperança a indicação do hormônio do crescimento (GH) para seus filhos. Essa medicação tem sido uma aliada importante no tratamento de crianças com baixa estatura ou com alterações no crescimento.
Estudos recentes, como o publicado na revista Orthodontics and Craniofacial Research, mostram que, de forma geral, o uso do GH é seguro e não compromete a saúde geral das crianças e adolescentes.
Porém, um ponto que merece atenção especial — e que nem sempre é discutido com clareza — são as mudanças nos ossos da face durante esse tipo de tratamento.
Impactos do GH nos ossos
Além de estimular o crescimento em altura, o GH também pode causar alterações no crescimento da maxila (osso superior da face) e da mandíbula (osso inferior). Esses efeitos não são necessariamente ruins, mas precisam ser acompanhados de perto, principalmente por um ortodontista.
O que a ciência tem mostrado é que o GH pode gerar um crescimento além do esperado nessas estruturas. E isso pode ter dois desfechos bem diferentes, dependendo do ponto de partida da criança:
Se a criança apresenta um crescimento facial equilibrado, com boa proporção entre maxila e mandíbula, esse estímulo extra pode gerar um desequilíbrio que antes não existia — como por exemplo, uma mandíbula que passa a crescer mais do que o esperado em relação ao resto da face.
O GH pode trazer resultados positivos
Por outro lado, se já existe um desequilíbrio no crescimento facial, o GH pode ser um importante aliado.
Quando combinado ao uso de aparelhos ortodônticos ou ortopédicos (aqueles que atuam sobre o crescimento dos ossos), o hormônio pode acelerar o processo de correção. Ou seja, aquilo que levaria mais tempo para ser resolvido pode ter uma resposta mais rápida e eficiente.
Essa informação é valiosa para os pais porque mostra que o tratamento com GH não deve acontecer isoladamente — ele precisa envolver uma equipe multidisciplinar, e o ortodontista é peça-chave nesse cuidado.
Afinal, a face da criança está em pleno desenvolvimento, e as decisões tomadas nessa fase têm impacto direto na harmonia facial, na estética e na função mastigatória no futuro.
O GH não é um vilão
O GH não é um vilão, muito pelo contrário — ele pode trazer grandes benefícios quando bem indicado e bem acompanhado.
Mas é essencial entender que seu efeito vai além do “crescer em altura”. E é justamente por isso que, ao iniciar o tratamento com o hormônio do crescimento, os pais devem conversar com um ortodontista de confiança.
Em resumo: o crescimento facial é como uma orquestra. E o GH é um instrumento poderoso — capaz de realçar ou descompensar a melodia. Para garantir que a música siga harmoniosa, a presença do ortodontista é indispensável.
Fonte: Folha Vitória