Segundo o Ministério Público, homicídio tinha o objetivo de ocultar supostos desvios de verbas públicas, além de fraudes em contratos firmados entre prefeitura e empresas

De um lado, a prisão de Ronaldo de Oliveira, conhecido como "Cupim"; de outro o local do crime e no destaque a vítima Crédito: Polícia Civil / Leitor / Montagem A Gazeta
Em denúncia acolhida pela Justiça do Espírito Santo na sexta-feira (25), o Ministério Público Estadual (MPES) aponta que o assassinato do vereador Leomar Cazotti Mandato (PV), de 43 anos, ocorrido em 2024, em Governador Lindenberg, no Noroeste capixaba, foi motivado por sua atuação política. Segundo o órgão ministerial, o político havia feito uma série de denúncias sobre supostas irregularidades em contratos firmados entre a prefeitura da cidade com empresas.
O crime aconteceu no dia 30 agosto do ano passado, durante um evento político na cidade. Leomar, então candidato à reeleição pelo PV, foi assassinado a tiros enquanto fazia campanha. Com o recebimento da denúncia pela Justiça, 12 pessoas viraram rés na ação penal que investiga o caso.
O MPES sustenta que o assassinato foi cometido para ocultar supostos desvios de verbas públicas que vinham sendo divulgados pelo vereador durante seu mandato. Uma dessas denúncias feitas por Leomar chegou a ser enviada ao próprio Ministério Público e tratava sobre contratos de prestação de serviços de solda.
Após operações policiais em maio e julho deste ano, cinco pessoas já estavam presas. Dessas, quatro tiveram agora as prisões temporárias convertidas em preventivas pela juíza da 1ª Vara Criminal de Colatina, no Noroeste do Estado, Roberta Holanda de Almeida, em decisão proferida na sexta-feira (25).
Os réus com prisão preventiva decretada são: Warley Casagrande Nascimento, Maycon Oliveira Trarbach, Leandro Ferreira de Melo e José Augusto Ferreira de Melo.
Os outros 8 réus vão responder ao processo em liberdade, mas a magistrada determinou que eles devem cumprir medidas cautelares. São eles: Reinaldo de Oliveira, Gleydstone Oliveira Rodrigues do Amaral, Sérgio Soares Rodrigues, Leonardo Lima Trarbach, Flávio Trarbach, Leopoldo do Rosário Hammer, Wagner Oliveira Goes e Guilherme Koehler Endlich.
As medidas cautelares impostas a esse grupo de réus incluem a proibição de comparecer em comícios e eventos políticos e de ter contato interpessoal com testemunhas e outros acusados não familiares e a obrigação de se apresentar em juízo mensalmente. Os réus também não podem deixar a cidade sem autorização judicial.
Contratos com empresa de acusado
Consta da denúncia do MPES que os contratos para serviço de solda, denunciados pelo vereador assassinado ao MP, eram assinados entre a administração municipal e uma empresa registrada em nome réu Warley Casagrande Nascimento. Na prática, no entanto, segundo o órgão, quem operava esses contratos era outro acusado, Maycon, com a ajuda do tio dele, Reinaldo.
O Ministério Público aponta Maycom como coordenador logístico do crime, Warley e Reinaldo como seus parceiros no planejamento da empreitada criminosa e Leandro e José Augusto como executores do crime. O envolvimento dos outros réus não está detalhado na decisão da juíza, em que acolhe a denúncia do órgão ministerial.
Organização criminosa, diz MP
O órgão ministerial ainda afirma que o assassinato ocorreu no contexto de uma possível organização criminosa, indicando que a morte do vereador "era uma medida extrema para proteger os interesses desse grupo".
" (...) Homicídio triplamente qualificado, cometido com extrema ousadia, planejamento e frieza, no contexto de uma possível organização criminosa com estruturação político financeira", frisa o MPES na denúncia.
O órgão ofereceu denúncia aos réus por homicídio triplamente qualificado por incluir motivo torpe, recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima e, por fim, para assegurar a ocultação e a impunidade de delitos previamente cometidos.
O MPES também solicitou a prisão preventiva de Reinaldo de Oliveira. O pedido, no entanto, não foi atendido pela juíza, que entendeu que "pontos fundamentais da suposta participação de Reinaldo nos fatos carecem de maiores esclarecimentos".
Fonte: A Gazeta