A prática pode melhorar a flexibilidade, a mobilidade das articulações, a coordenação motora, o sistema respiratório e a força dos alunos. Mas será que constrói massa muscular?
Desenvolvido na Alemanha ainda na década de 1920, o pilates tem se popularizado cada vez mais nos últimos 15 anos. A prática surge como uma alternativa para quem procura ganhar mobilidade, aperfeiçoar o equilíbrio, ser mais flexível e desenvolver a força. Mas a modalidade também é indicada para quem busca a hipertrofia, ou seja, o ganho de músculos?

Pilates traz vários ganhos à saúde, mas a construção de músculos não é o foco da atividade Foto: photology1971/Adobe Stock
Segundo Karina Hatano, médica do esporte do Einstein Hospital Israelita, o pilates traz uma série de mudanças no corpo. “As mais visíveis são em relação à força, em especial à sustentação e à estabilidade, que dependem dos músculos profundos, chamados de musculatura do core (abdômen, lombar, quadris e pelve)”, destaca.
A prática, segundo a médica, também vai melhorar a flexibilidade, a mobilidade das articulações, a coordenação motora e até mesmo o sistema respiratório dos alunos. Já o ganho de massa muscular, chamado de hipertrofia, pode acontecer, principalmente entre pessoas que estavam sedentárias e passam a se exercitar – porém, esse não é o foco da modalidade. “O pilates é mais sobre força funcional e qualidade no movimento”, descreve a especialista.
Caso o objetivo principal do indivíduo seja ganhar massa muscular, a musculação continua sendo a atividade mais indicada. “Na musculação, eu consigo aumentar mais a carga e fazer um volume de treino maior para a hipertrofia. O pilates é incrível para força, postura, prevenção de lesões e até mesmo para o condicionamento geral da saúde. Mas, para ter um resultado expressivo em termos de massa muscular, o ideal é combinar as duas coisas”, recomenda Karina.
Para quem o pilates é recomendado?
De acordo com Vanessa de Andrade, personal trainer e fisioterapeuta especializada no atendimento de pessoas acima dos 50 anos, o pilates pode servir tanto como treino principal quanto como treino auxiliar de outras modalidades. Isso vai depender do perfil e dos objetivos do praticante.
“Como treino principal, é especialmente eficiente para pessoas que buscam melhora de postura, flexibilidade articular, equilíbrio e consiência corporal. Também é indicado para quem tem dores crônicas, lesões ou limitações físicas. A prática é adaptável às condições de cada um”, observa Vanessa.
“Como complemento, o pilates potencializa os resultados de quem já se dedica a outras modalidades, como atletas e praticantes de musculação, que se beneficiam do controle motor, da ativação do core e da prevenção de lesões”, adiciona.
O pilates é uma prática que se caracteriza pela integração mente e corpo, com forte ênfase na consciência corporal e no controle da respiração, o que ajuda os indivíduos a se tornarem mais cientes de seu próprio estado físico.
A respiração profunda, uma técnica central da atividade, pode ativar a resposta de relaxamento do corpo. Isso, consequentemente, leva à redução dos níveis de hormônios do estresse, como o cortisol, e promove a produção de neurotransmissores cerebrais benéficos, a exemplo de endorfina, serotonina e dopamina, que aliviam os sintomas de depressão e ansiedade.
Como consequência, a prática pode favorecer a saúde mental dos alunos.
Força e hipertrofia
Ganhar força é aumentar a capacidade do músculo de produzir tensão, segundo Guilherme Artioli, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estadão. “O ganho de força está associado ao ganho de autonomia, redução do risco de queda, melhora do equilíbrio. Em termos de saúde, a força muscular é superimportante”, pontua.
De acordo com ele, a força pode se manifestar de diferentes maneiras. “Existe a força máxima, que é o maior peso que a pessoa consegue levantar; a força de ‘endurance’, que corresponde ao tempo que a pessoa mantém determinada tensão ou à quantidade de repetições de um mesmo exercício que consegue realizar; e a força explosiva, conhecida como potência muscular, que é o produto da carga que a pessoa consegue levantar pela velocidade que ela executa o movimento”, diferencia.
Já a hipertrofia, o ganho de músculo, se refere ao processo fisiológico no qual as fibras musculares aumentam de tamanho. Também é um processo fundamental, em especial para pessoas mais velhas. Para ter ideia, a massa muscular ajuda a proteger as articulações, além de prevenir quedas, que são um dos principais riscos para a saúde na terceira idade.
Outro ponto é que o tecido muscular está ligado ao metabolismo: quanto mais músculo, maior o gasto energético em repouso, o que ajuda a controlar o peso e o açúcar no sangue e, consequentemente, diminuir o risco de diabetes tipo 2. Também há impacto na saúde óssea. Como os treinos para ganhar músculo estimulam os ossos, eles podem reduzir o risco de osteoporose.
Logo, combinar o pilates com a musculação tem tudo para trazer ganhos mais significativos do que focar em uma modalidade só. “É uma sincronia que funciona muito bem”, elogia Karina.
Fonte: Estadão