As lições das mulheres sobre longevidade


Especialista de Harvard aponta o que os homens podem aprender com elas em várias áreas da saúde

É um fato que as mulheres vivem mais do que os homens. No entanto, essa diferença de longevidade nos Estados Unidos aumentou, segundo um estudo publicado na edição de janeiro de 2024 do JAMA Internal Medicine.

A diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres chegou a 5,8 anos em 2021 (o ano mais recente com dados disponíveis) — o maior intervalo desde 1996. Hoje, segundo números recentes do CDC, a mulher vive, em média, até os 81 anos, enquanto o homem vive até os 76. (No Brasil, segundo os últimos dados disponíveis, de 2023, a expectativa de vida dos homens é de 73,1 anos e, para as mulheres, 79,7 anos)


Mas por quê?

Estudos tentam entender por que mulheres têm maior expectativa de vida em relação aos homens Foto: Mapodile/peopleimages.com/Adobe Stock

“Em muitos casos, as mulheres lidam melhor do que os homens com certas necessidades de saúde que contribuem para uma vida mais longa”, afirma Alan Geller, professor sênior de ciências sociais e comportamentais da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, de Harvard, que integrou a equipe de pesquisa do estudo de 2024. “Mas não há razão para que os homens não possam viver tanto quanto as mulheres.”

Os homens podem aprender lições valiosas com as mulheres sobre longevidade. Veja as áreas que o estudo identificou como tendo o maior impacto na vida dos homens — e como as mulheres lidam com elas de forma diferente.


Ganho de peso

O estudo do JAMA Internal Medicine apontou as doenças cardíacas e o diabetes como dois dos principais fatores que reduzem a expectativa de vida dos homens. Embora existam muitos fatores de risco ligados a essas doenças, o ganho de peso pode ter os efeitos mais amplos, pois pode levar a hipertensão, colesterol alto e resistência à insulina.

De acordo com o CDC, os homens têm, em geral, maior risco e prevalência de doenças cardíacas do que as mulheres — até depois dos 75 anos. As taxas de obesidade entre adultos com 60 anos ou mais são semelhantes entre homens e mulheres. No entanto, há evidências de que as mulheres tendem a se preocupar mais com o excesso de peso. “Elas têm mais probabilidade do que os homens de participar de programas de perda de peso, usar medicamentos para emagrecimento e manter uma dieta à base de vegetais”, diz Geller.


Câncer de pulmão

O estudo constatou que as mortes por câncer de pulmão são mais altas entre os homens. O tabagismo continua sendo a principal causa da doença e, embora menos pessoas fumem atualmente, os homens ainda são mais propensos do que as mulheres a acender um cigarro. Em 2021, 13,1% dos homens relataram fumar diariamente ou ocasionalmente, em comparação com 10,1% das mulheres.

Pesquisas mostram que as mulheres têm mais dificuldade para parar de fumar do que os homens, mas também são mais motivadas a tentar várias vezes. Os homens, por sua vez, tendem a ter fumado por mais tempo antes de abandonar o hábito.


Melanoma

O estudo também revelou que os homens têm quase o dobro de probabilidade de morrer de melanoma do que as mulheres — uma estatística que também é confirmada pela American Cancer Society. O melanoma é o tipo mais letal de câncer de pele, mas, quando detectado precocemente, raramente é fatal.

Geller observa que as mulheres têm mais probabilidade do que os homens de usar protetor solar diariamente e de serem proativas em consultas regulares com dermatologistas. Elas também são mais diligentes em fazer autoexames de pele e avaliar manchas suspeitas. O melanoma geralmente aparece como uma única mancha escura na pele. Pode surgir em qualquer parte do corpo, mas é mais comum nas costas, no peito ou nas pernas.


Saúde mental

As taxas de suicídio entre adultos de 55 a 64 anos são quase oito vezes maiores para os homens do que para as mulheres. Embora as mulheres mais velhas apresentem índices mais altos de depressão do que os homens mais velhos, elas são mais propensas a buscar tratamento, como terapia e medicação. “Muitos homens sentem uma pressão externa para parecer fortes, o que os torna relutantes em falar sobre seus problemas de saúde mental ou em buscar ajuda”, afirma Geller.

Outro problema é que a depressão pode se manifestar de maneira diferente em homens e mulheres, o que faz com que muitas vezes passe despercebida. As mulheres costumam apresentar sintomas como tristeza, sentimentos de inutilidade e ansiedade.

Já os homens podem expressar a depressão por meio de raiva, irritabilidade, abuso de substâncias e comportamentos de risco. Outros sinais de depressão que os homens devem observar incluem:
  • perda de prazer em atividades favoritas
  • humor persistentemente triste ou “vazio”
  • aumento do tédio e apatia
  • fadiga, falta de energia
  • inquietação, irritabilidade
  • insônia ou excesso de sono
  • sentimentos de desesperança ou pessimismo
  • dificuldade de concentração ou de tomar decisões
  • ganho ou perda de peso não intencionais

Amor e longevidade

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Vários estudos mostram que homens casados tendem a viver mais do que homens solteiros. “Homens casados e aqueles em relacionamentos estáveis têm mais chances de se beneficiar do ‘efeito protetor’ de estar em casal”, diz Geller, da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, de Harvard.

“Uma parceira pode incentivá-los a adotar um estilo de vida mais saudável, realizar medidas preventivas e procurar avaliação médica assim que surgem novos sintomas. Além disso, o compromisso com as responsabilidades do casamento ou do relacionamento geralmente torna os homens menos propensos a correr riscos físicos ou abusar de drogas e álcool.”

Fonte: Estadão



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