Talento de Jaguaré, estudante concorre em prêmio nacional com literatura sobre trabalho infantil


Aluna de escola da Rede Municipal de Jaguaré conquista primeiro lugar estadual em premiação do Ministério Público do Trabalho; agora, ela vai concorrer a prêmio nacional abordando tema sobre combate ao trabalho infantil; confira texto vencedor


Jaguaré foi premiado na edição do Prêmio MPT na Escola 2025, no último dia 02 de outubro. A estudante Luna de Oliveira Fernandes, da Escola Municipal de Ensino Fundamental – Emef Cipriano Cocco, foi a grande vencedora estadual na categoria Conto do Grupo I. Luana foi orientada pela professora Alessandra Venturini com o texto “O Menino Que Queria Brincar”(confira o conto, abaixo).

A cerimônia estadual de premiação foi realizada no auditório do Tribunal Regional do Trabalho – TRT da 17ª Região, em Vitória. O evento reuniu estudantes, professores, secretários e prefeitos do Espírito Santo. O resultado marca o compromisso e o talento dos professores e dos estudantes do município.


Etapa nacional

Agora, a estudante irá representar o Espírito Santo na etapa nacional do concurso, na categoria Conto do Grupo I concorrendo com alunos de todo o Brasil. A divulgação final será realizada no dia 12 de outubro. Com essa conquista, Luna de Oliveira Fernandes mostra que a educação pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social sendo o caminho para construção de justiça social e um futuro melhor.


Prêmio MPT na Escola

O Prêmio MPT na Escola é uma iniciativa do Ministério Público do Trabalho – MPT, que busca estimular a reflexão e o debate sobre os direitos das crianças e adolescentes, promovendo a conscientização sobre temas como trabalho infantil, profissionalização dos adolescentes e aprendizagem profissional. A iniciativa busca incentivar a erradicação do trabalho infantil e valorizar a preparação profissional.

O prêmio promove a participação de alunos do Ensino Fundamental por meio de concursos de conto, poesia, desenho e música. O projeto se desdobra em etapas municipais e estaduais culminando na seleção de trabalhos vencedores para a disputa nacional, onde alunos e escolas são reconhecidos pela criatividade e dedicação ao abordarem temas sociais importantes.


O Menino que Queria Brincar

Era uma vez um menino chamado João. Ele tinha 9 anos. Gostava de correr descalço na grama, jogar bola com os amigos e sonhava em ser astronauta. Mas João era diferente de muitas crianças. Em vez de ir para a escola todos os dias, acordava bem cedo para trabalhar.

Carregava caixas pesadas no mercado e ajudava em construções. Às vezes, nem tomava café da manhã. Suas mãos pequenas e delicadas viviam machucadas. Ele ria ao ver outros meninos brincando na rua, mas sentia uma pontinha de tristeza no coração.

João não era preguiçoso ele era forte. Mas trabalhar não era o que uma criança como ele deveria fazer. Criança tem que estudar, brincar e sonhar. O trabalho infantil rouba a infância, cansa o corpo e apaga a alegria. Um dia, uma moça chamada Ana, professora da escola onde João estava matriculado, foi até o mercado onde ele trabalhava. Ela viu João e perguntou:

- Você já almoçou?

João respondeu com vergonha:

- Ainda não, professora.

Ana conversou com o dono do mercado e com os pais de João. Explicou que ele precisava voltar para a escola. Juntos, encontraram uma forma de ajudar o menino. João voltou a estudar. E, quando a professora lhe perguntou o que ele queria ser quando crescesse, ele respondeu:

- Quero ser astronauta. Mas, enquanto eu for criança, quero aproveitar para estudar, brincar e sonhar.

E assim foi. João passou a frequentar a escola todos os dias. No início, sentia vergonha por não saber ler direito, mas com o apoio da professora Ana e dos novos amigos, foi ganhando confiança. Descobriu o prazer de ouvir histórias, de resolver contas e de desenhar foguetes nas margens do caderno.

Aos poucos, seu sorriso ficou mais leve, e suas mãos, antes machucadas, passaram a segurar lápis de cor em vez de ferramentas pesadas. Nos finais de semana, corria descalço na grama como antes, mas agora também brincava de construir naves espaciais com papelão e garrafas PET.

O sonho de ser astronauta voltou a brilhar nos olhos de João, mais vivo do que nunca. E, embora ele ainda não soubesse se um dia pisaria na Lua, uma coisa era certa: ele já estava voando bem alto, rumo a um futuro cheio de possibilidades.

Porque quando uma criança tem a chance de ser criança, o mundo inteiro ganha.





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