Policial civil e advogada de Colatina se tornam réus por suspeita de vazamento de dados sigilosos para traficantes


Justiça dá prioridade ao processo e marca primeira audiência para março; defesa nega acusações


Um policial civil e uma advogada, ambos com atuação em Colatina, tornaram-se réus em uma ação penal que apura o suposto vazamento de informações sigilosas de uma operação policial para integrantes de um grupo criminoso envolvido com o tráfico de drogas no município.

Diante da gravidade dos fatos e da possibilidade de sanções contra servidor público, o Juízo da 1ª Vara Criminal de Colatina concedeu prioridade à tramitação do processo e marcou a primeira audiência de instrução para o dia 30 de março do próximo ano, às 13h. Na ocasião, deverão ser ouvidos:
  • Natália dos Santos, advogada
  • Theruinter Zacché Oliveira, policial civil
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) em setembro e aponta que o suposto vazamento teria comprometido uma operação policial sigilosa, prejudicando o cumprimento de mandados judiciais e favorecendo a destruição de provas e a ocultação de armas, drogas e outros materiais ilícitos — acusações que são negadas pela defesa.


Operação e acusações

Segundo o Ministério Público, os fatos estariam relacionados a uma operação deflagrada em abril de 2023, que resultou na detenção de 24 pessoas. A expectativa inicial era cumprir 30 mandados de prisão, mas apenas 21 investigados foram localizados, além de três prisões em flagrante.

O MP atribui aos réus a prática dos seguintes crimes:
  • Colaboração para o tráfico de drogas, atuando como informantes
  • Participação em grupo criminoso
  • Fraude processual
De acordo com a acusação, o suposto repasse de informações teria ocorrido entre 2022, quando a operação ainda estava em fase de planejamento e sob sigilo, e meados de 2023. O texto ministerial também menciona a existência de um suposto relacionamento extraconjugal entre o policial civil e a advogada à época dos fatos.

A suspeita é de que o policial teria acessado dados diretamente das investigações e repassado à advogada, que, por sua vez, teria compartilhado as informações com clientes ligados ao grupo criminoso investigado.

Entre os dados que teriam sido vazados estariam mandados de prisão, data da operação, nomes dos investigados e detalhes sobre o andamento das apurações.

Apesar do suposto vazamento, a operação foi realizada e, segundo o MP, os elementos colhidos contribuíram para o avanço das investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Norte).

No âmbito do processo, o Ministério Público recorreu ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) solicitando:
  • o afastamento do policial civil Theruinter Zacché Oliveira do exercício da função pública;
  • a suspensão da atuação profissional da advogada Natália dos Santos, especificamente em processos relacionados ao tráfico de drogas na comarca de Colatina.
O pedido havia sido negado pela 1ª Vara Criminal de Colatina antes do recebimento da denúncia. Atualmente, a solicitação aguarda nova análise do TJES.


Da Redação / Com informações do MPES




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