Câncer no pâncreas, como o de Edu Guedes, é muito agressivo? Tem cura?


Apresentador descobriu a doença quando realizava exames para tirar cálculos renais


O apresentador e chef Edu Guedes, de 51 anos, foi diagnosticado com câncer no pâncreas e foi submetido a uma cirurgia complexa no último sábado (5) para retirada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A doença foi descoberta quando ele estava hospitalizado para retirar cálculos renais e realizava alguns exames complementares. Segundo a Dra. Patrícia Almeida, Gastroenterologista e Hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, o câncer de pâncreas está associado a diversos fatores de risco, que podem ser genéticos, ambientais e metabólicos.

"O câncer de pâncreas é conhecido por sua alta agressividade e por evoluir de forma silenciosa. A maioria dos pacientes é diagnosticada em estágios avançados, o que limita as opções terapêuticas", diz.

A especialista explica que a sobrevida mediana em doença avançada gira em torno de 4 a 6 meses, e menos de 15% dos pacientes ficam vivos após 5 anos do diagnóstico. "No entanto, a cura é possível — embora limitada — nos casos em que o tumor é diagnosticado precocemente e pode ser removido cirurgicamente".

Esse foi o caso de Edu Guedes, que conseguiu descobrir a tempo de realizar a cirurgia.

"Por isso, identificar o câncer em fases iniciais faz toda a diferença. O caso do Edu Guedes é emblemático nesse sentido: a ausência de sintomas não impediu o diagnóstico, que foi feito por meio de exames para outra questão de saúde. Esse tipo de vigilância pode salvar vidas".


Entre as causas mais conhecidas da doença estão:

• Tabagismo

• Obesidade e sedentarismo

• Diabetes tipo 2, especialmente de início recente

• Consumo excessivo de álcool, principalmente em casos de pancreatite crônica

• Histórico familiar de câncer pancreático

• Síndromes genéticas hereditárias, como mutações nos genes BRCA1, BRCA2 e CDKN2A

• Idade acima de 60 anos

• Sexo masculino

"Além desses, mutações somáticas — especialmente em genes como KRAS, TP53, CDKN2A e SMAD4 — estão frequentemente presentes e desempenham um papel central na evolução tumoral. Em pessoas com risco elevado, o acompanhamento clínico especializado pode permitir a detecção precoce de alterações suspeitas", diz.


Quais são os principais sintomas do câncer do pâncreas?

Os sintomas do câncer de pâncreas geralmente aparecem em fases mais avançadas, o que dificulta o diagnóstico precoce. Os mais comuns incluem:

• Dor abdominal, geralmente na parte superior do abdome, podendo irradiar para as costas

• Icterícia (pele e olhos amarelados), principalmente em tumores na cabeça do pâncreas

• Perda de peso involuntária

• Fadiga persistente

• Anorexia

• Fezes esbranquiçadas, urina escura

• Trombose venosa inexplicada

Por serem sintomas inespecíficos, é comum que o diagnóstico ocorra tardiamente. "Casos como o do apresentador Edu Guedes, em que o câncer foi identificado antes do aparecimento de sintomas, são raros e extremamente valiosos. O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de um tratamento com intenção curativa", explica a médica.

Dados epidemiológicos indicam que o câncer de pâncreas é mais frequente em pessoas entre 60 e 85 anos, com aumento progressivo da incidência a partir da sexta década de vida. "Há uma leve predominância entre homens, embora mulheres também sejam afetadas", diz a especialista.

Segundo a médica, a projeção internacional é preocupante: até 2030, o câncer de pâncreas deve se tornar a segunda principal causa de morte por câncer no mundo, o que reforça a urgência em melhorar estratégias de prevenção e diagnóstico precoce.


Como é o tratamento da doença?

O tratamento do câncer de pâncreas varia de acordo com o estágio da doença no momento do diagnóstico: "Nos casos em que o tumor está localizado e pode ser retirado por cirurgia, a ressecção pancreática seguida de quimioterapia adjuvante é o tratamento padrão, e oferece a única chance real de cura".

Em casos localmente avançados ou metastáticos, o tratamento é feito com quimioterapia apenas.

"Pacientes com mutações germinativas em BRCA1 ou BRCA2 podem se beneficiar de terapias alvo", explica.

O cuidado deve sempre ser multidisciplinar, envolvendo suporte nutricional, psicológico e para controle de sintomas.


Fonte: Terra



Postagem Anterior Próxima Postagem