Em resposta aos procedimentos estéticos prêt-à-porter (prontos para vestir) oferecidos por clínicas estéticas, médicos reforçam a importância do diagnóstico e planejamento corretos, que são essenciais até para a prevenção do envelhecimento
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Não é só colágeno: a nova estética trabalha prevenção, diagnóstico, estilo de vida e regeneração — Foto: Freepik
A busca por rejuvenescimento deixou de ser uma corrida por resultados rápidos e procedimentos isolados. À medida que clínicas oferecem tratamentos estéticos prêt-à-porter — numa espécie de cardápio pronto, como na moda —, ganha força um novo conceito de estética médica: uma abordagem que integra ciência, prevenção, diagnóstico preciso e regeneração celular. Nessa engrenagem complexa, o colágeno é apenas uma das peças.
Essa virada é defendida por especialistas que combinam nutrição, tecnologia e conhecimento anatômico para entregar resultados duradouros e naturais. “Mesmo com ‘tecnologias e técnicas antigas’, é possível ter resultados naturais. Com tecnologias e técnicas avançadas conseguimos resultados naturais melhores e incríveis”, afirma a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Ela destaca a importância do diagnóstico correto e do olhar atento do profissional na escolha das técnicas adequadas para cada paciente.
A regeneração eficaz da pele e das estruturas faciais depende também de um fator muitas vezes negligenciado: a alimentação.
“Sabemos que a adequação do consumo proteico dietético tem um papel significativo na prevenção da autodestruição (ou autofagia) desregulada em tricologia e dermatologia cosmética e podem prevenir várias doenças autoimunes, inflamatórias e metabólicas, além de evitar problemas de pele comuns, como as rugas, flacidez e manchas”, afirma o dermatologista Renato Soriani, também membro da SBD.
Ele chama atenção para o conceito de “Carb Face”, que descreve os efeitos do baixo consumo de proteína e alto consumo de carboidratos na aparência da pele e dos cabelos: “É fundamental ter esse olhar para o paciente, pois o consumo proteico afetará inclusive o resultado estético desse paciente após um procedimento”, pontua.
A nova estética, portanto, começa antes mesmo da intervenção. Muitas clínicas já contam com profissionais responsáveis por avaliações nutricionais, e a preocupação vai além da superfície da pele — envolve também as camadas mais profundas.
“A falta de diagnóstico, ou um diagnóstico errado, leva a escolha de técnicas erradas ou associações erradas que levarão a um resultado ‘artificial’, ‘exagerado’, ‘detectável’, a uma falta de resultado”, reforça Paola. Para ela, o rejuvenescimento é uma construção com metas de curto, médio e longo prazo e, como toda construção, precisa de base sólida.
“Precisamos tratar a causa e ir melhorando todas as estruturas até chegar no ‘refinamento’ e para melhorar pequenos detalhes. Isso não é feito apenas em um dia e nem com um procedimento só”, completa.
Renato ressalta que as tecnologias são ferramentas que só funcionam bem quando há um diagnóstico preciso e uma execução técnica adequada. “Procedimentos como o ultrassom microfocado, por exemplo, utilizados para estimular colágeno e promover efeito lifting sem cortes, exigem precisão milimétrica. Se aplicados na profundidade errada ou com parâmetros inadequados, podem causar fibroses, queimaduras, reações inflamatórias e até perda de volume facial, justamente o oposto do que se espera”, alerta.
Além das tecnologias como lasers, radiofrequência e bioestimuladores, os profissionais defendem uma mudança de mentalidade: menos imediatismo, mais ciência. Não se trata de escolher um tratamento como quem escolhe um item de menu, mas de seguir um plano personalizado e baseado em orientação profissional.
“A falta de conscientização sobre alimentação pode resultar em um consumo alimentar inadequado, o que causa impacto direto na pele de diversos pacientes. Dependendo da rotina do paciente, pode ser interessante a suplementação, com orientação do médico ou nutricionista”, diz Renato.
Para pacientes com características de “Carb Face”, por exemplo, o ajuste na ingestão de proteínas é essencial, assim como o uso de tecnologias combinadas, como a radiofrequência Oligio-X associada ao bioestímulo injetável.
“Dependendo do paciente, técnicas como o Lipoglow também podem ser usadas, pois além de recuperar o volume perdido com a injeção de gordura autóloga (do próprio paciente), a técnica melhora a qualidade da pele, promovendo a regeneração celular e estimulando a produção de colágeno e elastina”, detalha.
No campo da prevenção, o uso diário de protetor solar e hidratantes com antioxidantes segue indispensável. “E com o avanço das técnicas e tecnologias, podemos estimular colágeno com mais facilidade, criar um ‘banco de colágeno’ e manejar o processo de envelhecimento de maneira eficaz. Mas até para a prevenção, o diagnóstico e planejamento corretos são essenciais”, finaliza Paola.
Fonte: O Globo