Operação da Polícia Civil gaúcha prendeu homem de 29 anos em Vila Velha por fabricar documentos falsos usados em golpes contra médicos

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou, na manhã desta terça-feira (12), a operação “Medici Umbra II”. A ação mira um grupo suspeito de recrutar “sósias” e usar Inteligência Artificial (IA) para produzir rostos falsos de médicos gaúchos. Entre os alvos da ação está um capixaba de 29 anos, que seria o responsável pelo fornecimento e fabricação de documentos falsos em nome das vítimas.
Segundo a corporação gaúcha, o homem já estava preso desde 24 de julho, após ser alvo da operação Falso Patrono III.
Na operação desta terça-feira, outras duas pessoas foram presas em São Paulo e em Ananindeua, no Pará. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Até o momento, foram identificadas cinco vítimas, todas médicas do Rio Grande do Sul. Também foram apreendidos celulares, dinheiro e cartões.
A operação contou com o apoio da Polícia Civil de São Paulo, por meio da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER); da Polícia Civil do Pará, por meio da Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC); e do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil do Espírito Santo.
Esquema
Segundo a Polícia Civil gaúcha, a investigação começou em janeiro, a partir do registro de ocorrência feito por um médico gaúcho que relatou ter tido sua conta de e-mail e seu perfil no gov.br invadidos. A partir dessas invasões, os criminosos obtiveram acesso a seus documentos pessoais, criaram contas e tentaram efetuar transferências em uma corretora de investimentos, no valor total superior a R$ 700 mil.
Conforme o g1, o suspeito preso em São Paulo, de 44 anos, seria o responsável pelo recrutamento dos “sósias” e pela operação de contas bancárias — principalmente de pessoas jurídicas (PJ) com altos limites — para receber valores desviados. Ele ficava com comissões que variavam de 25% a 40% do total.
Já o suspeito do Pará, de 20 anos, atuava, conforme os investigadores, como provedor de informações sigilosas ao grupo. Para isso, utilizava um bot (robô) de consulta automática em grupos de WhatsApp para vender dossiês de informações pessoais sobre as vítimas.
Operação Falso Patrono III

O capixaba de 29 anos está preso desde 24 de julho deste ano, após ser alvo da Operação Falso Patrono III, que visava desarticular a célula de grupo criminoso especializado em estelionatos, falsificação de documentos e falsa identidade para prática do golpe conhecido como “falso advogado”. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em Vila Velha. A operação ainda contou com o apoio da Polícia Civil do Espírito Santo.
Ainda no ano de 2024, a partir do elevado número de registros de ocorrência por parte de advogados gaúchos relatando que seus dados e deu seus escritórios haviam sido indevidamente utilizados para contatos fraudulentos com seus clientes, foi iniciada uma investigação.
Conforme informações da PC gaúcha, foram realizadas diligências para identificar e responsabilizar os responsáveis pelos crimes. Ainda foram utilizadas ferramentas tecnológicas de investigação que permitiram chegar à identificação de diversos indivíduos, sendo deflagradas duas fases da Operação Falso Patrono em 5 estados, que resultaram na prisão de nove pessoas e cumpridas mais de 50 ordens judiciais em desfavor dos grupos criminosos.
Capixaba ajudava grupo
Para possibilitar as fraudes, os golpistas tinham acesso a dados sigilosos de processos, vítimas e advogados. Para isso, eles recorriam ao homem de 29 anos, que é natural de Vitória e morava em Vila Velha, responsável por criar e vender logins de advogados vinculados a sistemas processuais como PJe, ESAJ, Projudi e eproc. Ele possibilitava acesso a declarações, autorizações, procurações, assinaturas, processos completos, entre outros.
"Durante a investigação, verificou-se que o indivíduo também era responsável por uma gráfica clandestina que fabricava documentos falsos, além de criar e fraudar documentos digitais, contas gov, contas de aplicativo, entre outros ilícitos", explicou o Delegado João Vitor Herédia, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCPE/Dercc).
As investigações também identificaram a participação da companheira do suspeito. O histórico criminal do casal revelou que eles já haviam sido presos juntos em 2022 em uma gráfica clandestina em Vila Velha. No local, foram apreendidos documentos falsificados, carimbos oficiais, papel-moeda e maquinário profissional para falsificações de alta qualidade. Nessa mesma ocasião, foi descoberto que a companheira do investigado era foragida da Justiça de São Paulo por tráfico de drogas.
Fonte: A Gazeta