Detentas produzem perucas e próteses mamárias para pacientes com câncer no ES

Internas em centro prisional de Colatina, no Espírito Santo, produzem perucas para pacientes oncológicos — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Linhas, agulhas e mechas de cabelo se transformam em instrumentos de solidariedade no Centro Prisional Feminino de Colatina (CPFCOL), no Noroeste do Espírito Santo. Dentro da sala de artesanato da unidade, detentas confeccionam perucas, próteses mamárias e toucas de crochê destinadas a pacientes em tratamento contra o câncer.

Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus-ES), desde 2015, o projeto Mãos Solidárias já entregou cerca de 400 perucas e 765 próteses mamárias a pacientes oncológicos.

“As mesmas mãos que no passado fizeram coisas erradas, agora podem praticar o bem a quem está precisando”, disse a interna Edvania Alves.

As mechas de cabelo vêm de doações, passam por seleção e higienização, e em seguida são costuradas em toucas antialérgicas. O processo é aprendido dentro do presídio.

“Muito gratificante poder ajudar outras mulheres que sofrem desse problema. E também ajuda a gente a remir pena, para poder ir para casa mais rápido”, contou a interna Janete Firmino.

Entre as mulheres que dedicam tempo à confecção, está alguém que também recebe esse apoio. A interna Joilma Santos de Jesus enfrenta um tratamento contra o câncer. Ela relembra o dia em que perdeu os cabelos.

“Eu estava deitada e quando levantei, um lado da minha cabeça já estava sem cabelo. Meu cabelo estava todo na cama. Eu comecei a chorar, sozinha na cela, lavei o cabelo e ele começou a cair como se eu tivesse penteado. Foi muito difícil”, contou.

Joilma optou por não usar peruca e escolheu as toucas de crochê feitas no projeto.

“Na sala de quimioterapia é muito frio, então elas ajudam a esquentar. Muitas pacientes me perguntaram como consegui a touca dentro do presídio. Expliquei que existe o projeto que faz para doação, e algumas pediram também”, disse.

Projeto também ajuda na redução de pena das detentas

Além de ajudar pacientes, o projeto também reduz a pena a ser cumprida. A cada três dias de trabalho, elas têm direito à redução de um dia. Segundo a diretora do presídio, Dayany de Queiroz, o aprendizado ainda contribui para o processo de ressocialização.

“O projeto serve para distensionar a unidade, traz um ambiente mais tranquilo, contribui para ensinar um ofício e multiplicar o conhecimento. Uma aprende e passa para outra, garantindo a continuidade do trabalho”, explicou a diretora.

A interna Joilma faz tratamento de câncer e usa uma das toucas produzidas na unidade — Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Fonte: O Globo


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