Cresce o número de motoristas de aplicativo que escolhem trabalhar com carro alugado no ES, segundo associação. Especialistas dizem o que levar em conta para fazer a melhor escolha
Motorista de aplicativo precisa colocar na ponta do lápis e definir quanto precisa trabalhar para valer a pena o aluguel Crédito: FreepikO crescimento do transporte por aplicativo tem atraído trabalhadores de todo o país e, junto com ele, uma dúvida cada vez mais comum entre os motoristas: vale mais a pena alugar um carro ou trabalhar com o próprio veículo?
Segundo o levantamento mais recente do Canal Tech, o custo médio do aluguel no Brasil varia de R$ 500 a R$ 700 por semana, incluindo seguro e manutenção. Isso representa um compromisso mensal de até R$ 3 mil, antes mesmo dos gastos com combustível e taxas das plataformas.
No Espírito Santo, a Associação dos Motoristas de Aplicativo do Estado (Amapes) estima que haja cerca de 52 mil motoristas cadastrados. De acordo com o presidente Luiz Fernando Müller, dentro da amostra da associação, composta por 87 profissionais ativos, 37% utilizam veículos alugados.
Previsibilidade x mais horas de trabalho
Segundo Müller, a busca por locação tem aumentado. “A tendência é de crescimento, pois os custos com veículos próprios estão muito altos”, afirma.
Nos últimos 30 dias, em setembro de 2025, a Amapes registrou três trocas de carros próprios por alugados, o que, segundo ele, mostra uma migração gradual.
O aluguel, no entanto, pode pesar mais no bolso. “Hoje, o custo médio gira em torno de R$ 800 por semana, além da grande burocracia para se obter o veículo”, explica Luiz Fernando Müller. Ainda assim, muitos motoristas recorrem a esse modelo por falta de alternativas. “É inegável que, com carro alugado, a rentabilidade cai. Mas muitos não têm recursos para dar entrada em um veículo ou estão com o nome sujo e não conseguem financiar”, acrescenta.
Para o CEO da fintech GigU, Luiz Gustavo Neves, o aluguel é uma escolha que faz sentido em muitos casos, especialmente para quem trabalha com mais intensidade.
“O aluguel pode ser interessante porque alivia o custo de manutenção e impostos, além de permitir que o motorista trabalhe em uma categoria superior ao carro que possui”, explica.
Segundo ele, os dados da plataforma mostram que motoristas que alugam veículos costumam trabalhar mais horas por semana e, em alguns casos, conseguem lucros líquidos maiores. “Por ter um alto custo de largada, esses motoristas acabam sendo mais preocupados com resultado e eficiência. Muitos se acostumam com a rotina intensa e atingem resultados melhores”, observa.
Planejamento financeiro é essencial
Luiz Neves defende que cada profissional faça um cálculo individual antes de decidir. “O importante é fazer as contas e identificar o que funciona mais para cada um. Vamos lançar uma ferramenta chamada Cálculo de Lucros, que permitirá simular cenários diferentes e avaliar o que é mais vantajoso conforme a realidade de cada motorista”, adianta.
Além da questão financeira, o aluguel oferece segurança e previsibilidade. “Quem depende do carro alugado precisa cumprir jornadas mais longas, mas tem a tranquilidade de saber que o seguro e a manutenção estão cobertos pelo contrato”, ressalta o CEO.
Segurança e infraestrutura ainda ainda são obstáculos
Os desafios vão além dos custos. Tanto motoristas quanto empresas enfrentam problemas relacionados à segurança. “Há demandas antigas que ainda não são atendidas pelas plataformas, como a visualização da foto do passageiro e mais transparência sobre corridas com paradas”, observa Neves.
A fintech GigU desenvolveu a ferramenta "Câmera Secreta", que transforma o celular do motorista em uma câmera de segurança. “Ela oferece uma contraprova do que acontece durante as corridas. Nossos usuários fazem, em média, 600 mil gravações por mês, e isso já salvou muitos motoristas de situações injustas”, destaca.
Tecnologia e novas modalidades devem moldar o futuro
O presidente da Amapes, Luiz Fernando Muller, acredita que o mercado continuará se diversificando, principalmente com o crescimento do transporte por motos. Já Luiz Neves observa que a tecnologia e a competição entre plataformas serão fundamentais.
“O brasileiro abraçou o transporte por aplicativo de uma forma impressionante. Agora vemos uma nova fase com as motos e mais concorrência entre plataformas, o que é positivo para motoristas e passageiros”, conclui.
Fonte: A Gazeta

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